Paz e Bem, meu amigo e irmão, vamos continuar falando sobre São Francisco de Assis. Agora o TRATADO DOS MILAGRES de Tomás de Celano. Poder que teve sobre as criaturas sensíveis.
O santo levantou os olhos para o céu e ficou tempo orando. Depois de um bom tempo, como se estivesse voltando a si de outro lugar, ordenou com bondade à ave que voltasse sem medo para sua primitiva liberdade. Recebendo a licença, e a sua bênção, o passarinho demonstrou sua alegria com um movimento do corpo e voou. Estava outra vez, de barco no mesmo lago e, quando chegou ao porto, deram-lhe um peixe grande e vivo Como costumava, chamou-o de irmão e o repôs perto da barca. Mas o peixe ficou brincando diante do santo na água, o que o alegrou muito e fez louvar ao Senhor. E o peixe não saiu do lugar enquanto o santo não mandou. Uma vez, São Francisco tinha se retirado para um eremitério, como era seu costume, para escapar da vista e da companhia dos homens. Um falcão que por lá tinha o seu ninho fez com ele um grande pacto de amizade. Pois sempre prevenia com seu canto e barulho para indicar a hora em que o santo costumava levantar-se para os santos louvores. O santo gostava muito disso, porque toda essa atenção que o pássaro demonstrava para com ele impedia todo atraso por preguiça. Quando o santo estava um pouco mais doente que de costume, o falcão o poupava e não dava tão cedo os sinais das vigílias. Como se fosse instruído por Deus, tocava de leve, ao amanhecer, o sino de sua voz. Nem é para admirar que as outras criaturas venerassem tanto aquele que mais amou seu Criador. Um nobre do condado de Sena mandou levar um faisão a São Francisco, que estava doente. Este o recebeu alegremente, não pela vontade de comê-lo, mas pela alegria que sempre o levava nessas ocasiões ao amor do Criador, e disse ao faisão: “Louvado seja o nosso Criador, irmão faisão!” Depois se voltou para os frades: “Vamos ver, irmãos, se o irmão faisão prefere morar conosco ou for para os lugares de costume, que são mais convenientes para ele”. Por ordem do santo, um frade foi levá-lo bem longe, deixando-o em uma vinha. Ele voltou imediatamente para a cela do santo, com passo rápido. Este mandou que o levassem mais longe ainda. O pássaro, com a maior teimosia, voltou para a porta da cela e, mesmo tendo que fazer força por entre os hábitos dos frades que estavam na porta, entrou. Então o santo mandou que cuidassem de alimentá-lo, abraçando-o e conversando carinhosamente com ele. Um médico que era devoto do santo de Deus, quando viu isso, pediu o faisão aos frades, não para comê-lo, mas desejando criá-lo por reverência ao santo. Que mais? Levou-o consigo para casa, mas o faisão, como se tivesse sofrido uma injúria por ter sido afastado do santo, não quis absolutamente comer enquanto não gozou de sua presença. Maravilhado, o médico levou logo o faisão de volta ao santo e contou por ordem tudo que tinha acontecido. Logo que foi posto no chão, ele olhou para o seu pai, esqueceu a tristeza e começou a comer com satisfação. Havia na Porciúncula, ao lado da cela do santo de Deus, uma figueira onde uma cigarra costumava cantar com suavidade. Uma vez, o bem-aventurado pai lhe estendeu a mão e a chamou bondosamente dizendo. …
Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.