Talvez você já tenha ouvido falar sobre Constelações Familiares, talvez não.
O que é isso? Será que tem a ver com Astronomia, já que fala em constelação?

Primeiramente precisamos ter bem claro que o que nós vemos como a realidade, na verdade não é a realidade em si, mas a interpretação que nós damos a ela. Como assim?

Todos nós temos experiências diferentes, hábitos, valores, traumas, dores, alegrias, somos frutos de contextos. Todas essas experiências formam o nosso “mapa mental” que vai nos guiar pela vida e interpretar as situações de forma diferente.

Vou dar um exemplo simples: uma mãe está andando com o filhinho de 3 anos e de repente ele tropeça na calçada, cai e machuca o joelho, que começa a sangrar. Uma mulher que está do outro lado da calçada, uma mãe super protetora, vê a cena e pensa: “Nossa, que negligente, não cuida direito do filho!”. Uma outra também próxima, que não tem filhos e está apressada, vê a cena e passa direto, sem reter a atenção à cena. Por sua vez, a mãe da criança que caiu, que já tem outros filhos, pode simplesmente falar: “Não foi nada, vamos para casa lavar o machucado e passar uma pomadinha. Eu sei que está doendo, mas vamos cuidar disso, tá?”.

A mãe pega a criança no colo e ambos vão embora. Vida que segue. Perceberam que uma mesma cena pode ser interpretada de diferentes formas? Claro, os observadores são diferentes, com mapas mentais diferentes. Cada um vê algo diferente, cada um percebe algo diferente. E o que isso tem a ver com Constelações Sistêmicas Familiares? Tudo!

Todos nós pertencemos a diferentes sistemas que contribuem para a formação do nosso mapa mental.
Um sistema é formado por duas ou mais pessoas funcionando em relação a algo. Eu tenho o meu sistema familiar formado pelos meus pais, avós, irmãos, tenho o sistema formado pelo pai dos meus filhos, eu e os nossos filhos, tenho o sistema da clínica onde atendo, tenho os sistemas dos cursos que eu faço e dos que eu ministro, e por aí vai.

Cada sistema tem regras para que possa funcionar. Em todos os sistemas há padrões de relacionamento, um jeito de se comunicar e de agir. E os sistemas obedecem a ordens ou hierarquias, à lei do pertencimento e ao equilíbrio entre o dar e o receber. Todo sistema tem uma ordem para que funcione. Nós nos sentimos bem quando pertencemos a um sistema e para que o sistema funcione é preciso haver um equilíbrio entre o dar e receber entre as partes.

Quando uma pessoa tem um problema, através da visão sistêmica do trabalho da Constelação Sistêmica Familiar, não se faz um julgamento da pessoa ou do problema. O objetivo é observar quais os elementos que estão envolvidos no problema, quais as regras que permeiam aquele sistema no qual a pessoa está inserida e qual o contexto em que a situação está acontecendo.

Assim, a pessoa com a questão, pode ter uma ampliação da visão sobre o que está acontecendo, ver de uma outra forma, o que possibilita uma mudança de interpretação e consequentemente do problema em si.
Vamos usar uma situação para ilustrar como isso funciona.
Uma mulher, ainda jovem, entra num mercado e rouba uma lata de leite em pó. A maioria de nós, julga. Uma pessoa pode pensar: “Que coisa horrível, onde já se viu roubar?”. Outra pessoa pode pensar de forma diferente: “Coitada, não deve ter o que comer em casa!”. Uma outra pode ir até a mulher e conversar para saber o que a levou a fazer aquilo. Na visualização sistêmica, vamos olhar a situação de forma sistêmica. “Quem é a mulher, qual é a história de vida e história da família dela, ela tem filhos, trabalha, tem uma família, tem um companheiro, etc”.

Assim é feito com os diferentes problemas que são trabalhados, uma ampliação da visão. Por que a situação funciona da forma que funciona, quais as regras envolvidas, quais as pessoas envolvidas, o que eu ainda não vi e talvez por isso, não consigo mudar a situação?

Não há um julgamento do certo/errado. Há uma visualização da situação de forma diferente para entender porque aquele problema está acontecendo, e através dessa nova visão, há a possibilidade de mudança.

Quando a nossa visão sobre algo muda, muitas vezes nós tiramos um fardo das nossas costas. Aliás, nós carregamos muitos fardos desnecessários simplesmente porque não temos consciência disso.

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