Joaquim Pinheiro de Freitas – Comerciante e Vereador (Foto: O Município de Bandeirantes, Solano Medina)

Os Pioneiros, por ramo de atividade no povoado

Sétima Parte

*Walter de Oliveira

As primeiras linhas deste artigo destinam-se às correções de quatro erros cometidos no artigo anterior, a saber: 1) Dissemos no preâmbulo daquele artigo que estávamos ali listando “os últimos pioneiros do povoado da estação” sem, contudo, informarmos que eram os do setor de secos e molhados; 2) ao listarmos o último pioneiro nesse ramo (letra l.1, citamo-lo como sendo João Batista de Souza, o qual na verdade foi pioneiro, mas no ramo de hotel e de bar, eis que o nome que deveríamos listar, e o fazemos agora, é de Sebastião Teodoro de Souza, popularmente reconhecido por Batatão, que foi estabelecido na zona rural, no bairro São Luiz, que mais tarde ficou sendo conhecido por São Luiz Batata, em função da popularidade do seu filho mais velho, João Batista de Souza, apelidado de “Batata”. Principal auxiliar do pai naquele negócio, Batata chegou à vereança municipal na legislatura 1973/1976. Quem nos alertou para o equívoco ora sanado, foi o leitor Luiz Alfredo Cioffi, neto de Sebastião Teodoro de Souza e ao qual externamos agradecimentos pela oportuna observação. Embora não conhecendo esse nosso atento leitor, podemos adiantar que se trata de um filho de D. Terezinha Batista de Souza e de Dirceu Cioffi (ela filha de Sebastião Teodoro de Souza e ele filho de Flávio Cioffi e Nair Galvão Cioffi, dois nomes ligados principalmente à nossa Santa Casa de Misericórdia). Lembramos, ao ensejo, que são observações tais que nos ajudarão numa maior exatidão do difícil trabalho de resgate da nossa história; 3) a terceira correção é no tocante à letra “a) da listagem dos pioneiros no ramo de bares e lanchonetes, quando mencionamos as atuais lojas e escritório situados no local que ficava o Bar do seo Gaspar, erramos o nome da loja do Rossato, que é “Rossato Presentes” e não Rossato Brinquedos, como constou daquele artigo; e 4) ao enumerarmos as empresas de ônibus que faziam ponto no Bar do Godinho, houve erro na citação da empresa “Cabeceira”, como das primeiras, quando na verdade, àquela época o seu nome era “Empresa do Totó”. Conhecido por Totó Martins, o jovem dono e fundador da primeira linha de jardineira de Bandeirantes (fazia Bandeirantes – Fazenda Nomura – Lageado, primeiro nome de Abatiá), chamava-se Antônio Martins, casado com D. Aidê, e que viria a ser pai do ex-prefeito Lino Martins, dos contadores Flávio e Antônio Carlos (Toquinho), do Hélio (já falecido) e das irmãs Lúcia, Fátima e Márcia Martins. Passado algum tempo, Totó vendeu a sua linha para Antônio Pereira da Silva, mais conhecido por Cabeceira, que foi pai, dentre outros filhos, de Otássio Pereira da Silva, aqui nascido e que por duas vezes foi eleito deputado estadual do Paraná. A empresa de Cabeceira, que estendeu as suas linhas para outras cidades, foi depois vendida várias vezes e teve vários nomes, até chegar ao atual: Princesa do Norte, com sede em Santo Antônio da Platina. Aduzimos, como curiosidade, que fomos motorista dessa empresa ao tempo que ela pertencia a João Senra e se chamava Empresa Platinense (1953).

Manoel Marques Godinho e esposa dona Ditinha (Foto: Cessão de Lúcia Godinho)

Ao citarmos alguns detalhes e comentários acerca dos pioneiros de vários setores das atividades então aqui desenvolvidas e fatos a eles ligados, o fazemos por dois motivos: por encerrar histórico e para quebrar um pouco a aridez desses relatos. Sabemos que eles se apresentam sem atrativos e mesmo cansativos para a maioria da nossa população, afeita que está a um farto e veloz noticiário que lhe chega ao simples tocar de uma tela de celular ou do controle da TV, embora amanhã, seja esquecido, apagado que foi pela veiculação de outras “novas”. Acontece, porém, que a história (o que se propõe este trabalho) não acontece sob tal forma de registros, que jamais fariam chegar às gerações pósteras, nem os importantes fatos do passado e tampouco os seus protagonistas. Daí a imprescindibilidade dos registros escritos, já defendidos na milenar afirmação de que “as palavras voam, mas os escritos permanecem”.

Feitas essas considerações, voltamos aos nossos pioneiros (1931/1950) no ramo de bares e lanchonetes, quando encontramos na letra e) o Bar e Sorveteria do Yanaghi. Pertencente a Ishoti Yanaghi, imigrante japonês, esse bar se situava inicialmente na Avenida Bandeirantes, parte central da cidade, no lugar onde está hoje a Loja Malu Cosméticos. Yanaghi, depois do Tonico e do Mané Baiano do Bar do Godinho, era quem fabricava o melhor sorvete da cidade. Passados alguns anos naquele endereço, mudou-se dali. Seu novo posto ficava na saída para a Fazenda Vera Cruz (hoje Avenida Edelina), um pouco antes da Serraria do Moretti (atual lugar da Estação Rodoviária), do mesmo lado e a uma quadra antes do Ueda Sacolão; f) Bar Pinheiro – seu proprietário era Joaquim Pinheiro de Freitas, que veio a exercer o cargo de vereador do município e avô do professor aposentado e colunista social José Carlos Gonçalves e também do cartorário Ésio Gonçalves. O Bar Pinheiro situava-se frente ao “jardim” (nome que se dava à ex-praça Marechal Deodoro, hoje deputado Valderi Mendes Vilela/Brasil-Japão), na esquina da Avenida Bandeirantes com a hoje rua Dino Veiga. Famoso por ser o bar com maior número de mesas de bilhar e sinuca, foi nele que, em 1950, antes do show que deu no extinto Cine Cliper, situado onde hoje está a loja de produtos orgânicos e naturais do engenheiro agrônomo Nei Guerra, o cantor Nelson Gonçalves (uma das maiores vozes que o Brasil já teve) jogou várias partidas de bilhar, no que também era muito bom, como pudemos então presenciar; g) Bar do Hotel Minho – pertencente ao português João Batista de Souza (ou João Guimarães), esse bar funcionava no próprio hotel e era quase que exclusivo para o atendimento aos próprios hóspedes, escusado dizer que a sua localização, embora não mais funcione, continua ali, defronte a antiga estação ferroviária (hoje Museu Municipal Maria Calil Zambon).

(continua…)

* Walter de Oliveira, 89, articulista desta Folha, é bandeirantense, nascido em 1932

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui