Dias atrás, eu estava conversando com uma pessoa muito querida e falávamos sobre como é difícil nos colocarmos no lugar dos outros, principalmente, quando a pessoa fala ou faz algo que não gostamos. E há uma expressão para ilustrar isso: calçar os sapatos dos outros. Isso significa percorrer os mesmos caminhos, imaginar as experiências que a pessoa pode ter tido que a levaram a pensar, sentir e agir daquela forma.
Por não nos colocarmos no lugar do outro, as divergências surgem. Não que elas não tenham o lado positivo. É também das divergências que surgem novas ideias, novos pontos de vista. Mas ao tentar entender o outro, talvez muitos ressentimentos, sentimento de rejeição, tristeza e raiva fossem poupados. Nós guardamos muitos desses sentimentos porque geralmente nos atemos somente ao nosso ponto de vista.
Há uma estória sobre dois irmãos que viviam e trabalhavam juntos em uma fazenda e um dia houve um conflito entre eles. Foi a primeira vez em 40 anos de trabalho juntos que uma divergência tão grave aconteceu. A partir daí aquele espírito colaborativo entre eles se desfez. Começou com um pequeno mal-entendido e cresceu até que houve uma discussão com troca de palavras duras, seguida de semanas de silêncio.
Um dia, um carpinteiro bateu à porta do irmão mais velho com uma caixa de ferramentas, procurando por algum trabalho temporário. “Sim, eu tenho trabalho para você. Você está vendo aquele riacho? Do outro lado dele está o meu vizinho. Na verdade, é o meu irmão mais novo. Até a semana passada não era assim, mas com uma escavadeira, ele desviou o curso de um rio e esse riacho se formou entre as nossas fazendas. Ele deve ter feito isso para me afrontar. Você poderia construir uma cerca bem alta para que eu não o visse mais?”.
O carpinteiro disse que entendia a situação e que faria algo que iria agradá-lo. Naquele dia o irmão mais velho precisou ir à cidade e passou o dia todo fora. Quando retornou, o que viu diante dos seus olhos o deixou de queixo caído: o carpinteiro não tinha construído uma cerca. No lugar dela havia uma ponte que ia de um lado do riacho ao outro e o irmão mais novo dele, vinha caminhando pela ponte de braços abertos. “Você é mesmo meu amigo, construindo esta ponte depois de tudo o que eu disse”.
Os dois se encontraram no meio da ponte, se abraçaram, e olharam para o carpinteiro que estava indo embora. “Espere! Fique mais alguns dias!”. “Eu gostaria de ficar”, o carpinteiro disse. “Mas eu tenho mais pontes para construir”.
Todos os dias nós temos a escolha de construir uma cerca ou uma ponte. Uma delas leva ao isolamento. A outra, nos leva à paz e à harmonia.
A vida é curta. Então, perdoe mais facilmente e lembre-se sempre que tudo que você faz de bom ao seu irmão ou amigo, você faz a si mesmo.
Cristie Ochiai
Apresentadora do Programa de TV na Web ConVida, Terapeuta em Constelações Familiares, Hipnose e Thetahealing