Às vezes, as pessoas se envolvem em um relacionamento tóxico por ser o único tipo de conexão que aprenderam na infância. Presenciam brigas entre os pais, ofensas, abusos. E geralmente crescem ouvindo coisas negativas sobre si mesmas, o que reforça ainda mais a ideia de que relacionamentos são pautados nesses tipos de comportamentos. Tornam-se adultos que sofrem abusos, humilhações, por desconhecerem outros tipos de trocas afetivas. Isso é tão grave que, uma em cada três mulheres, e, um em cada três homens, vão experimentar pelo menos uma vez na vida um relacionamento abusivo.
A maioria das pessoas pensam que isso nunca vai acontecer consigo, e como os abusos, sejam eles verbais, morais e/ou físicos, acontecem gradativamente. Se não percebe ou se percebe, arruma justificativas para perdoar o (a) parceiro (a): “Ah, ele teve um dia ruim no trabalho! Ah, eu sou culpada, devo ter feito algo errado!”. O abuso vem disfarçado de “amor”.
Segundo a CEO da One Love Foundation, Katie Hood, há alguns sinais:
1) Intensidade. No início é legal, muita afeição envolvida e você acha que tirou a sorte grande. Mas as cobranças aumentam a cada dia. A princípio a pessoa quer te ver todos os dias, depois passa a telefonar a cada hora perguntando onde você está, diz que está morrendo de saudades mesmo que tenham se encontrado há 5 minutos. Estes são apenas alguns exemplos.
2) Isolamento. É natural no início o casal querer passar bastante tempo juntos, mas com o tempo, a pessoa passa a criticar sua família, amigos e muitas vezes você não percebe, até se afastar de todos que são o seu suporte. E é claro que isso ajuda a criar dependência dessa pessoa abusiva.
3) Ciúme extremo. Ok, uma demonstração de ciúme de vez em quando pode ser aceitável, mas quando a pessoa passa a te monitorar, invade seu telefone, passa a te perseguir, isso é doença. Envolve possessividade e desconfiança a ponto de muitas vezes você absurdamente achar que tem culpa, quando não tem.
4) Depreciação. Você começa a ser criticado por tudo. Tudo que você faz não é bom ou não é bem feito. Frases comuns: “Você não faz nada direito! Você está sempre está errada (o)!”. As palavras são usadas para ferir, para pegar nos seus pontos fracos, e os abusadores sabem como fazê-lo muito bem. E o pior é que às vezes você acaba achando que sim, não faz nada direito. E se reclama, a pessoa diz que você é muito sensível, exagerada (o), que distorce as coisas. Você é silenciada (o) desta forma.
5) Volatilidade. À medida que o relacionamento se deteriora, a tensão aumenta e a volatilidade também. São altos e baixos constantes. É um vai e volta, terminam e voltam, brigam e fazem as pazes.
Quanto mais indicadores desses, maior a probabilidade de que o relacionamento seja abusivo e muito perigoso. Se os seus instintos, os alertas, ‘piscarem’, não os ignore, provavelmente, você vai precisar de ajuda profissional (advogado, psicólogo, psiquiatra), porque até o rompimento descuidado pode colocar a sua vida em perigo.
Todas essas questões, mostram muito do nosso amor próprio, das nossas deficiências, carências. Compreender esses pontos, pode fazê-la (o) ter consciência de que algumas coisas precisam ser deixadas para trás ou de que uma ajuda profissional é necessária, caso você seja a pessoa que inflige o abuso.
Antes de julgar uma pessoa que não consegue sair de um relacionamento abusivo, lembre-se que dentro dela, certamente há uma criança ferida.
Cristie Ochiai
Apresentadora do Programa de TV na Web ConVida, Terapeuta em Constelações Familiares, Hipnose e Thetahealing