Você já ouviu falar que se você ama alguém demais, é porque não se ama?
Dá para perceber quando há sentimento em excesso num relacionamento. Parece que você não vive sem a outra pessoa.
Quando você ama excessivamente uma pessoa, sentindo que não consegue viver sem ela, querendo estar com ela o tempo todo, não é porque você a ama e sim, porque você não se ama. Na verdade, as suas necessidades de afeto e atenção são projetadas nesta pessoa.
Se você teve um ambiente familiar carente em afeto nos primeiros anos de vida, é muito provável que se apegue a alguém em relacionamentos posteriores, mesmo que você saiba que a pessoa não é tão boa assim. Muitas vezes o relacionamento é totalmente disfuncional, com desentendimentos o tempo todo, brigas, agressões verbais e muitas vezes, física. O relacionamento é terrível, mas você não consegue terminar. Por que?
Porque há algum trauma vivenciado na sua família de origem, por você ou até por outra pessoa da família. Você fica preso na fase de criança, quando algo que aconteceu, ficou sem entendimento da sua parte. Não é sobre o que aconteceu, mas sobre como você entendeu o que aconteceu. A criança precisa de cuidados e muitas vezes, por força das circunstâncias esses cuidados foram negligenciados.
Faltou atenção e a criança não se sentiu “vista” e como consequência, essa criança não foi capaz de formar um conceito estável e seguro sobre si mesma e sobre os outros. Futuramente, essa criança provavelmente vai se relacionar com uma pessoa de forma disfuncional, com apego e necessidade de estar o tempo todo com ela, como se fossem um só, acreditando que não podem viver sem. Na verdade, essa busca é pela mãe que a abandonou quando criança. Talvez não tenha sido um abandono de fato, mas a sensação de ter sido abandonada numa situação temporária. Pode ser que a mãe tenha ficado doente e tenha sido internada, separada da criança por um período de tempo. Ou a mãe pode ter tido outro bebê e isso a levou a dar menos atenção à criança.
A escolha de parceiros de muitas pessoas está baseada no quanto a outra pessoa dá de atenção. É a criança tendo a necessidade de afeto e atenção, atendida, não importando se o (a) parceiro (a) tem de fato qualidades para ser um (a) bom parceiro (a). Mas por que em relacionamentos ruins, uma pessoa não consegue deixar alguém, está sempre insegura, querendo controlar o outro? É porque as primeiras necessidades de afeto não foram atendidas na infância.
Quando alguém num primeiro momento preenche um pouco dessas necessidades, o apego se estabelece. E caso o relacionamento não continue atendendo essas necessidades, a pessoa se sente insegura, perdida e ansiosa. E é claro que na maioria das vezes a outra pessoa não vai ser capaz de preencher algo que não tem a ver com ela e sim, com carências que precisam ser revistas e entendidas em sua origem.
Isso também inclui pessoas que sempre querem salvar o (a) parceiro (a) no relacionamento, sentindo que ele (a) não pode viver sem elas. Elas projetam suas próprias necessidades nos outros.
O fato é que, se você sente que não pode viver sem alguém, tem um apego excessivo, pode haver um sentimento de ser incompleto, de falta, de carência dentro de você, que precisa ser olhado para que você se liberte deste sofrimento.