Trabalhadores em olaria nos anos de 1930/1950 (imagem meramente ilustrativa).

SEXAGÉSIMA PARTE

Walter de Oliveira*

Nos registros dos nossos pioneiros do povoado da estação, vamos agora aos profissionais de “ondulação de cabelos” (conforme se dizia à época), reduzidos a dois homens e uma mulher.

a) Geraldo Araújo. Seu salão, conforme nos lembrou o amigo Wilson Barbosa de Lima, ficava anexo à sua casa, num corredor de acesso da antiga rua Espírito Santo (atual Comendador Luiz Meneghel), onde hoje estaria o acesso ao estacionamento do antigo Supermercado Ueda, naquela avenida. Um típico afrodescendente, Geraldo Araújo se esmerava no melhor trato com as pessoas, o que, aliado à sua capacidade profissional, tornou-o profissional entre os mais procurados pelas damas locais, preocupadas com o bom trato dos seus cabelos e a certeza de estarem os seus penteados conforme os ditames da moda em vigor e em sintonia com a melhor (ou ideal) apresentação social. Geraldo Araújo foi casado com dona Edwiges Félix Araújo e o casal teve os filhos Milton, Mauro, Maurício e Marisa, conforme nos informou o empresário de metalurgia José Lopes, afilhado de casamento do pioneiro.

b) Josué Cunha e Aparecida Cunha. Casados entre si, esses pioneiros formavam com o seu já listado concorrente, o que se pode dizer de um “trio de excelência” no trato dos cabelos (ondulação, corte e pintura). Não sendo nenhum expert no assunto, ainda assim temos a lembrança de que à época, predominava a “moda” dos cabelos “ondulados” e das “permanentes”, cuja boa performance demandava o uso de dispositivos e aparelhos eletrônicos. E nisto residia o ponto crítico da questão, pois uma falha do aparelho ou do profissional, poderia ir além de um dano menor. Ao que sabemos, jamais se deu com eles qualquer incidente de relevância. O casal Josué e Aparecida Cunha teve os filhos Aparecida (conhecida por Santinha), Nilson, Osmar e Lourival, do qual fomos padrinho de casamento.
Encerrada a listagem dos pioneiros que cuidavam da beleza dos cabelos, vamos agora aos pioneiros do ramo de “olarias”, que transformavam (a ainda transformam) a argila em telhas e tijolos.

a) Assad Abujamra. É o primeiro citado no livro de Solano Medina, e tal se deve, obviamente, à inicial de seu nome. Listaremos tanto os “oleiros” do povoado, como os das várias fazendas de café, sempre na ordem considerada por Medina em seu livro “O Município de Bandeirantes” (1950). Sitiante no bairro rural conhecido por Água do Caixão, foi ali que Abujamra montou a sua olaria, que segundo soubemos através de seu filho Samir (ex-integrante da Seleção Brasileira de Basebol, nos anos 50 e engenheiro civil há muito radicado na cidade do Rio de Janeiro), a produção era estrita a tijolos. Se dedicando também ao comércio (compra e venda de alfafa e cereais), o pioneiro Assad Abujamra foi casado com dona Olinda Abujamra e o casal teve os filhos Nelson, Adma, Samir, Sérgio e Munir.

b) Paulo Domingos Regalmuto Coffa. Italiano naturalizado brasileiro, já tivemos oportunidade de discorrermos longa e detalhadamente sobre sua importante figura e marcante atuação nos primórdios de nossa cidade. De forma que nos “fragmentos” de hoje, focaremos somente sua atuação na fabricação de telhas e tijolos. Denominada Cerâmica São Domingos (e localizada em sua fazenda de mesmo nome), dela saiu, senão de tijolos, mas de telhas francesas, a maior parte da cobertura das casas do emergente povoado e também da área rural. Prova disso ainda se vê nos telhados antigos que vêm sendo demolidos, em cuja maioria se lê “Olaria – ou Cerâmica – São Domingos”. Sem contar tudo o que foi empregado no majestoso (e hoje quase somente ruínas) Hotel São Domingos, da sempre saudosamente lembrada Termas Yara (o nome do hotel foi por nós equivocadamente omitido, dos “fragmentos onde tratamos da história das Termas Yara e será adequadamente corrigido por ocasião da produção de nosso livro, em elaboração).

c) João Pavão. Esse pioneiro foi também dos primeiros a “abrir os nossos fragmentos”. A sua propriedade rural ficava à esquerda da estrada Bandeirantes-Jaborandi (primeiro nome da cidade de Itambaracá), e era banhada pelo Rio das Cinzas. Denominada Olaria São João, a sua cerâmica produzia apenas tijolos, milhares dos quais incorporaram grande parte das edificações da nossa cidade. Casado com dona Angelina Bressan Pavão, o casal teve os filhos Armando, Cláudio, Ormênio, Tyrço (nosso padrinho de casamento), Hamilton, Orízia e Neuza. Entre nomes mais conhecidos da cidade, o pioneiro Pavão é bisavô de Ivanilde Regina Pavão Messias (casada com o contador e administrador Osvaldir Alves Messias), estilista de alta costura e ativa participante de outras atividades sociais e culturais da cidade, bem como de Marilene Biaggi Rezende, empresária no ramo de queijos e derivados lácteos (casada com o ruralista Eneas Rezende), e bisavô de Adriana Guerra, mais conhecida por “Drica”, e que atua no ramo com a tia Marilene.

d) Ozório Gonçalves Nogueira. Sobre este pioneiro (que com Eurípedes Rodrigues, foi um dos fundadores do povoado da Estação), já fizemos fartas e detalhadas referências em outros artigos destes nossos “Fragmentos”.

e) Santo Faganello, de cujo local de funcionamento da sua olaria, não temos informações. Mas, segundo nos informou o registrador Silmar Cordeiro de Souza, Santo Faganello foi casado com dona Elvira Pigi Faganello. O casal teve os seguintes filhos: Euclides, Orlando, Walter, Iraci, Aurora e Aparecida.

f) Olaria Fazenda Carvalhópolis. Comandada inicialmente pelo oleiro Antônio Bento (informação passada pelo ruralista Roberto Casali Pavan) e depois por Alberto de Souza, a sua produção se destinou, prioritariamente, para a construção das centenas de casas dos colonos, da casa-sede da fazenda e da máquina de café (a fazenda foi, por muito tempo, a maior produtora de café da região, cuja safra era beneficiada em máquina própria e guardada em armazéns próprios).

Continua

* Walter de Oliveira, 92, articulista desta Folha, é bandeirantense, nascido em 1932.

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