Pesquisador e historiador da Unespar, Denilton Gabriel Ambrosio da Rocha

Pesquisador da Unespar

A amazônia queima e nós ardemos juntos. O desmatamento, queimadas, secas e poluição prejudicam o meio ambiente e a qualidade de vida das pessoas na Amazônia Legal. A história relata as lutas pela defesa do território ao longo do tempo

O pesquisador e historiador Denilton Gabriel Ambrosio da Rocha, acadêmico no Programa de Pós-Graduação em História Pública, da Universidade Estadual do Paraná (PPGHP – UNESPAR) está mobilizando uma pesquisa intitulada: Educação Ambiental na perspectiva histórica: o Instagram como ferramenta para os “Tesouros Descobertos” de João Daniel. Ele tem analisado o questionamento do mito da natureza inesgotável a partir da obra do século XVIII buscando levar essa discussão, aliada às preocupações ambientais do século XXI, para dialogar com o público amplo a partir da mídia social Instagram.

Sua pesquisa pretende problematizar a noção de natureza inesgotável na América Portuguesas do século XVIII e apresentar as preocupações de jesuíta João Daniel para pensar a Educação Ambiental na perspectiva histórica. Além de investigar como a mídia e o público do instagram apresentam sua perspectiva sobre a Amazônia brasileira. A pesquisa toma por base aspectos da História Pública para dialogar com o público sobre preocupações com a natureza/mudanças climáticas no século XXI. Ele explica que no século XVIII, onde hoje temos a região da Amazônia Legal, tínhamos o Estado do Grão-Pará e Maranhão (1621-1772), unidade administrativa da Coroa Portuguesa na América, e o padre jesuíta João Daniel já refletia sobre formas melhores dos seres humanos se relacionarem com a natureza amazônica. Ele nasceu em Travassos, Portugal, em 24 de julho de 1722 e com 17 anos ingressou na Companhia de Jesus, em Lisboa. Aos 19, foi mandado para o estado do Maranhão e Grão-Pará, América Portuguesa. Em 1751 foi ordenado padre, iniciando os seus trabalhos como missionário, com ações de percorrer aldeias e estabelecimentos rurais.

O padre jesuíta João Daniel permaneceu na Amazônia durante dezesseis anos (1741- 1757), sendo como padre missionário apenas seis anos, período em que visitou aldeias e estabelecimentos rurais, residindo na fazenda de Ibirajuba. Em 28 de novembro de 1757 saiu da Cidade de Belém do Pará desterrado para o Reino, junto com nove outros missionários, dois anos antes da expulsão da Companhia de Jesus acusados de discordância com o Diretório dos Índios.

O jesuíta escreveu a obra Tesouro Descoberto no Máximo Rio Amazonas, retratando a região amazônica. O modelo que estava disposto por João Daniel tratava de um modelo distinto da sociedade e da economia em vigor no período colonial, que pretendia estimular o dinamismo interno da economia e possibilitar o assentamento de colonos portugueses em pequenas propriedades, cujo cultivo assegurasse o provimento de alimentos para o núcleo familiar e para toda a colônia, por meio da comercialização interna do excedente.
OS DESAFIOS DA AMAZÔNIA – Manaus viveu, no dia 11 de outubro de 2023, um dos piores dias em relação às consequências de queimadas no Amazonas. Encoberta por uma fumaça intensa, que se alastra por todas as regiões, a cidade está sufocando.

“A fumaça que a gente tem em Manaus nas últimas semanas é, em grande parte, decorrente das queimadas que acontecem no entorno da cidade. Claro que de outras regiões também pode vir, mas vindo de regiões mais distantes essa camada de poluição vai estar um pouco mais em altitude na atmosfera. A fumaça que a gente respira ao nível do solo é muito provavelmente vinda da região metropolitana”, explicou o professor Rodrigo Souza, coordenador do projeto Selva/EducAir da UEA ao Amazônia Real.

Já em agosto o estado do Amazonas estava em primeiro lugar no ranking do Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Foram 5.467 focos de calor de 17 de agosto a 5 de setembro, o que corresponde a 35,5% de todos os focos da Amazônia Legal. Esse cenário é marcado pelo desmatamento, que mesmo em queda não está nulo. Dados do Inpe revelam que o desmatamento na Amazônia caiu 33,6 % no primeiro semestre de 2023, em comparação com o mesmo período do ano anterior. Mesmo assim os dados são assustadores: foram 663 km² de floresta desmatada.

Segundo o programa Queimadas, do INPE, no ano de 2023 já foram registrados 67070 focos ativos detectados pelo satélite de referência. Conforme a Agência Senado, em julho de 2023 já havia sido desmatado na Amazônia 500 quilômetros quadrados, contra 1.487 quilômetros quadrados no mesmo período do ano anterior, o que aponta uma queda expressiva de 66,4%.

Segundo a organização Amazônia Real, o aumento da temperatura e a redução na umidade dos solos amazônicos já afetam áreas destinadas para a agricultura e a pecuária em 79 municípios, sendo 55 no Pará e 13 em Roraima. Apesar do nível do rio Amazonas e do rio Negro estarem extremamente baixos, mais do que o esperado para essa época, não há uma previsão para a água começar a subir, que geralmente começa nos últimos meses do ano. A ebulição global, um termo usado pela Organização das Nações Unidas (ONU) para elucidar a gravidade do momento em que o mundo vive, é uma realidade vívida no Amazonas, no topo entre os oito estados da Amazônia Legal mais afetados pela seca severa.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui