Era uma vez, um homem chamado Pedro. Dizia-se capitalista, sabia fazer dinheiro. Responsável por muitas pessoas (financeiramente), inclusive pelo irmão mais velho (um cinquentão) com esposa e filhos (todos maiores).
Fumava muito, bebia muito, comia rápido demais. Várias reuniões por dia. O tempo era curto. O corpo dava sinais claros do estresse contínuo, saúde precária. O corpo gritava por socorro. Pensava que era forte. Percebia-se que o olhar dele clamava pelo amor e pela atenção da mãe que, claramente declarava a preferência pelo irmão mais velho. Achava que tinha que cuidar de todos, atitude louvável, dependendo do ponto de vista.
Esqueceu-se de uma coisa: o amor e o cuidado por si mesmo.
Um dia acordou e achou estranho porque não estava na cama dele. Era um lugar diferente, com móveis singelos. Apenas uma cama e uma mesinha de apoio. O sol atravessava a cortina fina, indicando que já era dia. Logo depois, um senhor que aparentava uns 70 anos entrou no quarto.
“Quem é o senhor e onde eu estou”?
“Eu sou a vida que você não viveu.
Sou aqueles domingos que você deixou de brincar com os seus filhos porque tinha que trabalhar. Sou aquele dia ensolarado das suas férias que você não foi à praia com a sua esposa porque tinha várias reuniões. Aliás, você não foi nenhum dia à praia com ela. Você sabe por que ela te deixou? Já parou para pensar nisso? Sou também a vida que você viveu. Sou aquele dia que você falou para o seu filho que não era para ele ficar muito grudado em você, quando ele quis fazer um carinho, porque homem tinha que ser forte, não podia ter esse tipo de comportamento. Sou o seu pulmão, que chora sufocado e você sabe o porquê. Sou o seu fígado com cirrose. Vim apenas te visitar e dizer que ainda há tempo. Você ainda pode corrigir o percurso da sua vida.
O que você entende como ajuda, nem sempre é. Quando você se torna responsável por alguém que tem condições cognitivas e físicas para prover o próprio sustendo, você o impede de crescer e ser responsável pela própria vida. Quando você negligencia o autocuidado, trabalhando como uma máquina, colocando lixos para dentro do seu corpo, você não está cuidando do seu bem mais precioso – o seu corpo, que é o seu veículo sagrado.
Quando você não percebe que precisa amar a si mesmo, para saber amar aos outros, você está indo contra o que há de mais sagrado em você”.
“O senhor está me dizendo que eu morri”?
“Hoje você está tendo essa conversa em sonho. Mas poderia não ser um sonho. Hoje você está tendo uma chance de mudar o seu destino. Pense nisso…”