Mônica Zambon nega acusações e afirma que votação da Câmara foi realizada de forma ilegal

“Mesmo a Câmara de Vereadores sendo soberana, a sessão da votação foi feita de forma ilegal. Acredito na decisão do Poder Judiciário”, declarou Mônica Zambon, que teve o cargo de prefeita cassado na quarta-feira (31) passada pela maioria dos vereadores de Itambaracá. Ela entrou com mandado de segurança e aguarda a decisão da Justiça para retornar ao cargo e dar continuidade aos trabalhos no Executivo Municipal.

O motivo do processo de cassação foi sobre denúncia protocolada em março deste ano, em que ela teria promovido festa particular com recursos públicos, utilizando as finanças da municipalidade para pagar a conta de energia elétrica. Mônica é citada em ter antecipado o pagamento do 13º salário dos servidores comissionados para que os mesmos gastassem no local, como ainda teria obrigado servidores públicos a venderem cartelas de bingo. O referido evento aconteceu em maio de 2022. O vice-prefeito, Marcus Vinícius de Andrade, assumiu o cargo um dia após a cassação.

Mônica Zambon nega as acusações e se defende ao explicar que o evento não era particular, e sim, o retorno da Exposição e Feira Agropecuária de Itambaracá (Efapi), a qual não era realizada há 22 anos. Para a realização da feira, a ex-prefeita argumenta que “a Prefeitura não estava em situação financeira positiva, estava na verdade desfalcada, e fizemos como ocorria antigamente, fomos atrás de doações. Não saiu dinheiro da Prefeitura, nem veio nada para a minha família. Foi tudo arrecadado por meio de doações. Já a votação para a cassação do cargo, em que fui legitimada pela maioria da população, o que aconteceu foi uma ação política. Os mesmos vereadores que aprovaram as contas (da Prefeitura) abriram a denúncia”, esclareceu. De acordo com Mônica, este ano foi novamente realizada a Efapi e seguiu os mesmos moldes do anterior.

Além de contestar as denúncias, a ex-prefeita também afirma que a sessão de cassação ocorreu de forma ilegítima, pois segundo ela, foi a suplente do vereador Aparecido Pereira de Souza ‘Cido’ quem participou da votação. A Câmara de Vereadores decidiu afastar o vereador ‘Cido’ na segunda-feira (29) sob argumento de uma denúncia a qual ele teria sido beneficiado com o evento. Na sua suplência, assumiu Aline Maria Menegasso de Andrade, esposa do vice e atual prefeito empossado. “O vereador ‘Cido’ não foi afastado, ele foi impedido de votar. A Câmara ficou com dez vereadores e só pode ter nove. Foi ilegal. Quatro vereadores haviam se posicionado contra a cassação; se oito vereadores votassem, o mandato só poderia ser cassado com seis votos favoráveis, mas seriam três contrários”, afirmou. Os três vereadores que votaram pela permanência da prefeita foram Beatriz Sanches, Valdinei Ferrari e Madalena Montini.

Com relação a acusação do adiantamento do 13º salário, a ex-prefeita foi enfática e disse que tal antecipação nada tem a ver com o evento, já que no primeiro mandato parte do pagamento também foi pago da mesma maneira. “Fizemos isso no primeiro ano, no segundo ano. Não conseguiram provar nada e a justificativa deles foi que eu estava me beneficiando politicamente (com a festa)”, ressaltou. Mônica Zambon aponta que o recém designado pelo atual prefeito na pasta da Secretaria da Agricultura é o mesmo denunciante que protocolou a ação contra ela. “O denunciante foi beneficiado com o cargo de secretário da Agricultura no dia seguinte do prefeito assumir”, indicou.

Todos os secretários municipais e a maioria dos diretores da gestão Mônica Zambon pediram exoneração.

PREFEITO EMPOSSADO – O prefeito empossado Marcus Vinícius que assumiu após a cassação da prefeita Mônica disse em entrevista que o momento é de reestruturação da equipe, já que a maioria dos secretários e diretores pediram a exoneração. “Eu não exonerei ninguém, eles que pediram para sair. Estou montando a minha equipe e aos poucos implantarei meu método de trabalho”, explicou o prefeito.

Em relação a votação ocorrida na Câmara, o prefeito deixou claro que a suplente, por coincidência, é sua esposa. “Ao votar como suplente foi uma mera coincidência, já que minha esposa é suplente do vereador afastado. Não foram os vereadores que escolheram ela para a votação, ela era suplente do vereador que estava impedido de votar. Essa é uma manobra legal que é usada quando um vereador também está em suspeição”, declarou.
De acordo com o prefeito Marcus Vinícius em algumas semanas ele anunciará algumas obras no município, já que está dando continuidade aos trabalhos.

REVOLTA – Na sessão da Câmara, no último dia 31, houve tumulto e confusão depois da votação. Pelas redes sociais e grupos de whatsapp diversos vídeos foram compartilhados e mostraram a revolta de moradores pela atitude dos vereadores que votaram a favor da cassação do cargo de Mônica Zambon.

No dia, o vereador e presidente da Câmara Legislativa, Claudemir Pellegrini, deixou o local escoltado pela Polícia Militar. A reportagem do Jornal Folha do Norte entrou em contato com Pellegrini e ele disse que vai se pronunciar somente após a decisão da Justiça do mandado de segurança impetrado pelos advogados da ex-prefeita.

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