Gustavo Barioni e Helio Serassuelo, orientador: surpresa com o resultado dos dados

Estudo inédito assinado por pesquisadores do Grupo de Estudos em Atividade Física, Psicologia e Saúde (Geaps), do Centro de Educação Física e Esporte (Cefe) da UEL, conseguiu mensurar a importância da atividade física para a saúde e bem-estar e fortalecer a ideia de que o exercício físico funciona como um antídoto, capaz de reduzir os impactos de doenças graves. A pesquisa considerou um grupo de 312 adolescentes que tiveram diagnóstico de Covid-19 e concluiu que indivíduos sedentários apresentavam quatro vezes mais chances de manter sintomas após a doença, como fadiga, perda de olfato, dores de cabeça, tosse e indisposição.
As estatísticas demonstraram ainda que adolescentes do sexo feminino apresentaram mais sintomas do que os do sexo masculino e que a prática corriqueira da atividade física pode reduzir em até quatro vezes as chances de sintomas pós-Covid. A pesquisa, de natureza quantitativa, considerou a amostragem oficial da plataforma pacientes da Secretaria Estadual de Saúde do Paraná (Notifica-Covid). Dos 312 adolescentes analisados, 51,9% eram do sexo feminino e 48,1% do sexo masculino, com idade entre 11-17 anos, que apresentaram diagnóstico confirmado da doença, em Londrina, entre agosto e dezembro de 2021. O trabalhou representou a dissertação de mestrado do estudante Gustavo Baroni, orientado pelo professor do Departamento de Ciência do Esporte da UEL Helio Serassuelo Junior, dentro do programa de Pós-Graduação em Educação Física Associado UEM/UEL (PEF).

O estudo foi desenvolvido com dados parciais do projeto de pesquisa “Avaliação clínica funcional e qualidade de vida de pacientes após 1, 2, 6 e 12 meses do diagnóstico de infecção por SARS-CoV-2 no município de Londrina-PR”, coordenado pela professora Celita Salmaso Trelha, do Departamento de Fisioterapia, do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da UEL. Também participou do estudo a professora Michele Moreira Abujamra Fillis, da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP), co-orientadora do trabalho.

Segundo Gustavo, entre agosto e dezembro de 2021, Londrina registrou 6 mil casos de Covid-19 entre adolescentes. Deste total, a pesquisa considerou pouco mais de 300 casos para realizar o levantamento. A proposta de estudar este grupo populacional se baseou no fato de que quase não existe pesquisa considerando este perfil. A avaliação do bem-estar considerou a escala global de satisfação com a vida validada para adolescentes e para investigar a prevalência da síndrome utilizou-se o questionário “Manifestações clinicas de quadro prolongado – Síndrome Pós-COVID” da Secretaria Estadual de Saúde do Paraná, que mede condições físicas da infecção após a fase aguda da doença.

Posteriormente foi aplicado outro questionário que comprovou os hábitos e o comportamento dos adolescentes quanto à atividade física rotineira. Neste levantamento, foi considerado a prescrição de atividade proposta pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que recomenda pelo menos 60 minutos/dia de atividade física vigorosa ou moderada, pelo menos 3 vezes na semana. Adolescentes que apresentaram um quadro prolongado da infecção referiram praticar em média 140 minutos de atividade física semanal, tempo menor do que o recomendável, enquanto o grupo que descreveu não ter sintomas posteriores referiu praticar em média 215 minutos de atividade física semanalmente.

ANTÍDOTO – Para o professor Helio Serassuelo Junior, os dados surpreenderam pela grande diferença comprovada entre os grupos dos que praticam exercício físico e o dos que não atingem a média recomendada pela OMS. “Podemos afirmar que o exercício físico representa um remédio de proteção da saúde do indivíduo”. Para o professor, os dados do estudo são importantes na medida em que jogam luz sobre um universo ainda pouco pesquisado: adolescentes e a Covid-19.

De acordo com o estudo, a média da percepção de bem-estar global dos adolescentes infectados diminui à medida que a idade avança em ambos os sexos, evidenciando maiores escores entre 15 e 17 anos. Já em relação à variável sexo, verifica-se que em todas as faixas etárias o sexo feminino apresentou uma menor percepção de bem-estar.

Ainda conforme o estudo, o sexo feminino apresentou maior exposição aos agravos da Covid-19 em todas as idades. Elas apresentam mais sintomas na fase aguda e a longo prazo quando comparado ao sexo masculino, sendo o quadro de síndrome pós-covid duas vezes mais comum nesse grupo. O pesquisador conclui que as diferenças estão relacionadas à função do sistema fisiológico e imunológico do sexo feminino. Em todas as categorias as mulheres estiveram significativamente mais expostas às sequelas da infecção, comprovando maiores chances de apresentar pelo menos um sintoma crônico da síndrome pós-Covid. (Agência UEL)

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