Por Walter de Oliveira

 

Vítima de enfisema pulmonar, faleceu na madrugada desta terça-feira, o Comendador Daniel Meneghel, aos 87 anos de idade.

Natural de Piracicaba (SP), ele veio ainda criança para Bandeirantes, que se tornaria a cidade sua e de seus descendentes. Após cursar o ensino primário, cujos últimos quatro anos foram no Colégio Cristo Rei, em Jacarezinho (era também internato), Daniel já provou que o trabalho era de fato um componente do seu DNA. Isto porque, aos dezesseis anos de idade, ele assumiu o gerenciamento do armazém de açúcar da Usina Bandeirante, empresa fundada em 1943 pelo seu pai, o Comendador Luiz Meneghel, realizando neste ano atual, a sua 80ª e consecutiva safra de açúcar e álcool.

Anos depois – já na década de 60 – assumiu o cargo de diretor comercial da empresa, já de muitos decênios a maior empregadora de mão de obra da região e das maiores contribuintes para o erário público. Em 2003 assumiu o cargo de diretor-presidente da indústria, no qual permaneceu até o ano de 2022, a despeito da luta que já mantinha contra a doença que o vitimou.

Afora as suas atividades na indústria, Daniel Meneghel foi também agricultor (fornecedor de cana-de-açúcar) e pecuarista em Bandeirantes e outros municípios da região. Ainda no âmbito empresarial, Daniel ultrapassou as fronteiras do Paraná e atuou nos estados de Tocantins e Mato Grosso. No primeiro, no município de Colinas de Tocantins, com o ramo de pecuária, isso a partir das década de 1970. No Mato Grosso, foi onde ele – no que parecia impossível acontecer – em dois momentos, demonstrou toda a sua ousadia e audácia de empreendedor. Em 1981, associou-se ao irmão Serafim e dois outros Mato-Grossenses e adquiriram 100 mil hectares de terras em mata, distantes 1.030 quilômetros a noroeste de Cuiabá, cuja imensidão territorial logo se tornaria sua.

Foi ali, que Daniel fundou a cidade de “Nova Bandeirantes”, cujo nome, por delegação sua, foi uma escolha do seu amigo de mais de sete décadas, autor destas linhas e seu companheiro de empreitada. Fundada a 230 quilômetros a oeste de Alta Floresta, Nova Bandeirantes é um dos mais pujantes municípios do Vale do Rio Juruena. Chamada de “capital Mato-Grossense do café”, ali vivem e prosperam milhares de famílias, ao longo dos 437 quilômetros de estradas abertas pela Colonizadora Bandeirante – Coban, hoje presidida por seu filho e sócio majoritário, Daniel Meneghel Júnior, e administrada pelo marianense Benedito José da Silva, sócio minoritário.

Afora essa audaciosa iniciativa, o comendador Daniel Meneghel, em meados dos anos 80, comprou a “Fazenda Morada de Deus”, no município de Nova Mutum, a 252 ao norte de Cuiabá. Com uma área aproximada de 12 mil hectares, a fazenda, que pertence a Daniel e seus filhos, é administrada por Daniel Meneghel Júnior, coadjuvado pelo filho Daniel Meneghel Neto, e é uma das grandes produtoras de grãos do município. Por toda a sua atuação naquele estado, Daniel foi condecorado com o título de “Cidadão Mato-Grossense” e com a comenda “Mérito Legislativo de Mato Grosso”.

No campo político, o Comendador Daniel Meneghel concorreu (e não se elegeu) a prefeito de Bandeirantes, em 1976. Todavia, foi sempre um dos mais destacados líderes políticos da cidade e região, sendo por muitos anos, presidente do diretório municipal da extinta ARENA (Aliança Renovadora Nacional). Daniel foi até hoje, o mais longevo presidente do Sindicato Rural de Bandeirantes, e foi na sua gestão e em convênio com a Cohapar – Companhia Habitacional do Paraná – que foi assinado o convênio para a construção de todas as casas que compõem o “Jardim Yara” (em terreno doado pela Açúcar e Álcool Bandeirantes S.A.).

No campo dos desportos, em sua mocidade, foi dos bons jogadores de basquete, ao tempo do técnico Milton Preto, atuando ao lado de craques como José Maria Trautwein, Odair Von der Osten, Vitor Hugo Esteves da Silveira, Mário Chueiri, Nilson Cunha, Osvaldo Ortega, Mário Cruz e outros. Foi também diretor do União Bandeirante Futebol Clube e gostava de passar suas horas de lazer, jogando cartas com amigos, como Antônio Delgado, Nenê Trindade, Dr. Luiz Comegno, Nelson Santos e outros.

No campo social, era associado do Lions Club de Bandeirantes e sempre participou e apoiou iniciativas de cunho filantrópico. E quanto às amizades, ele as considerava como uma das maiores riquezas que um homem pode ter. Eclesiasticamente católico, sempre estava presente às tradicionais missas realizadas na Usiban e tinha imenso prazer em hospedar os clérigos que, com sua esposa dona Eda, desenvolviam campanhas humanitárias.

Embora de aparência austera, Daniel era visceralmente humano e era avesso a ostentar a sua posição socioeconômica. Tratava com a mesma atenção, fosse um governador do estado (ou outra autoridade política) ou de um seu colaborador, legado herdado do seu lendário pai.

Daniel deixa a esposa Eda, depois de uma longa, harmoniosa e feliz convivência, os filhos Daniel Júnior, Maria Tereza e Adriana, bem como os netos Thaís, Gabriel, Daniela, Marcela e Daniel Neto. Deixa também os bisnetos Enzo, Luíza, Celina e Antônio, a nora Silvana e o genro Antônio Augusto.

Comendador Daniel Meneghel: *         /1936        Ϯ 13/06/2023

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