ARTHUR-MC
Arthur Kloster gosta de brincar que não escolheu o rap, mas foi escolhido por ele

Dono do Voz Records, em seu segundo EP, o rapper, que tem Emicida como inspiração, busca tratar vários temas em suas músicas. A tônica percorre desde o amor até a política.

Sebastião Natalio

Skate, street, ouvir Emicida, sonhar com música. Foi assim a entrada do rapper Art MC no universo do Hip Hop. Arthur Kloster gosta de brincar que não escolheu o rap, mas foi escolhido por ele, justo por essas vivências nas ruas de Londrina. Jovem branco, da periferia, estilo Eminem, mas fã dos rappers nacionais, Art MC não alivia nas letras das suas canções. Filho de assistente social, irmão de professor de História, ele toca em temas como o racismo, o machismo, a solidão, o amor, e os desmandos políticos que levam o país ao atraso. Essas tônicas podem ser conferidas em ‘Enquanto Houver’, ‘Livre Arbítrio’, ou ‘Caminhada’.

Jovem branco, da periferia, estilo Eminem, mas fã dos rappers nacionais

“Quando escutei Emicida pela primeira vez, foi o primeiro cara do rap que escutei na real, eu senti muito do meu interior nas letras dele. E ele mostrou que é possível colocar tudo o que você sente dentro da música”, diz Art MC, que conta que a partir daí começou a pesquisar sobre o movimento e acabou se apaixonando. “O hip hop me abraçou de uma forma que eu fui me identificando cada vez mais e me sentia em casa, cada vez que pesquisava mais”, acrescenta.

Durante a pandemia, o rapper, que também é dono do Estúdio Voz Records, apesar da distância das ruas, manteve-se bastante ativo nas produções e lançou dois EPs. O primeiro deles,  ‘Livre Arbítrio’, foi lançado em julho de 2020. Em setembro, Art MC lançou ‘Tornando meus sonhos reais’, totalmente gravado pela Voz Records. Sobre ‘Tornando meus…’, Art MC conta que através dela quis muito ter a audácia de falar que em meio a tudo o que está acontecendo, consegue fazer o que sempre sonhou. “Essa música mais do que todas as outras que eu produzi sozinho, escrevi, coloquei a batida, o que demonstra toda a sensação de sentir possível. Não sentir o peso e o cansaço de fazer tudo isso, mas sentir a liberdade de fazer isso. É a audácia de mostrar que é possível”, diz.

LIVRE ARBÍTRIO – Sobre ‘Livre Arbítrio’ Art MC diz que vê como uma libertação. Dele próprio, de saber que era possível fazer, e do que as pessoas podem fazer. Ele destaca que estávamos presos em meio a uma pandemia e que isso tem um contraste muito grande com a produção do álbum e o que ele pretendia. Da pandemia, muitos queriam sair, outros preferiam o negacionismo e suposta busca da cura da doença com o Kit Covid, inútil contra o vírus, como a Ciência provou. “Livre Arbítrio queria falar tudo isso de você ser livre para fazer o que quiser fazer, mas ao mesmo tempo passando por um período em que meio que você não era livre. O que a gente viveu durante essa pandemia foi um período em que a gente não era livre. A gente tinha medo de sair às ruas, a gente tinha medo de se expor. Foi algo bem contrastante com o CD que afetou bastante a produção do CD”, sustenta o rapper.

Ainda no que diz respeito à audiência de ‘Livre Arbítrio’, Art MC considera uma vitória pessoal. Este foi o CD que o colocou na cena e que mais que alcançar pessoas, ele via como um ganho pessoal saber que poderia fazer música. O músico conta que não ligou tanto para números, mas para o que as pessoas iriam absorver daquilo que estava falando e conseguir interpretá-lo. “Essa fidelidade do público de querer saber interpretar, de saber mais da música, talvez seja mais importante do que os números em si”, diz.

Para um próximo EP, Art MC pensa em criar algo sobre relacionamentos, não sobre romance apenas. Ele ressalta que quer contar histórias de amor que deram certo, das que não deram, sobre os erros e as consequências que trazem para essas histórias. O rapper conta que desde que começou a produzir tem lançado um single por mês, mas ainda não tinha lançado uma love song, a exemplo de ‘Me eleva’. A ideia do músico é até o fim do ano, ou no máximo até o Carnaval lançar esse projeto.

VOZ RECORDS – Art MC conta que desde o ano passado tinha vontade de trabalhar com gravação para produzir as próprias músicas. Tudo para ter mais liberdade de criação e mostrar a que veio nas produções. Como fez com o rap, estudou técnicas de gravação, analisou quais equipamentos seriam necessários, e em abril deste ano, pelo estúdio, lançou ‘Podium’. Mas as intenções com esse estúdio vão além.  Para qualquer estilo musical ele estará aberto. Para trocar uma ideia com o produtor basta procurar por ArtMC043, no Instagram e trocar mensagens via DM.

O primeiro trabalho no Estúdio, fora as próprias músicas, está sendo realizado com Matheus Pozada, músico que produz MPB.  “A Voz Records foi criada com a ideia de dar voz para todos aqueles que têm vontade de falar, a necessidade de pôr pra fora e não é escutado, não sentem ouvidos”, afirma. “Tudo o que você queira pôr pra fora, todos os seus sonhos, sentimentos que queira pôr na música, a gente está disposto a trabalhar nisso e ajudar nesse sonho de tornar sua música uma realidade”, finaliza.

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