Paz e Bem, meu amigo e irmão, vamos falar sobre o bem-aventurado Francisco.
PRIMEIRO LIVRO de Tomás de Celano – Primeira Vida.
Para louvor e glória de Deus todo-poderoso Pai, Filho e Espírito Santo. Amém.
Começa a vida do nosso beatíssimo Pai Francisco.
Da caridade e compaixão para com os pobres
E logo que encontrava um pobre ia todo alegre cobri-lo com o que tivesse recebido. Doía-lhe muito ver algum pobre sendo ofendido, ou ouvir alguém dizendo palavras de maldição para qualquer outra criatura. Aconteceu que um irmão disse uma palavra má a um pobre que pedia esmolas, pois lhe falou: “Veja lá que você não seja um rico que está se fingindo de pobre”. Ouvindo isso, o pai dos pobres, São Francisco, teve uma dor muito grande e repreendeu o frade com dureza. Mandou que se despisse diante do pobre, beijasse os pés dele e lhe pedisse desculpas. Costumava dizer:
“Quem amaldiçoa um pobre injuria o próprio Cristo, de quem é sinal, pois ele se fez pobre por nós neste mundo”. Por isso era frequente que, ao ver algum pobre carregando lenha ou outra carga, ajudasse com seus próprios ombros, tão fracos. Tinha tanta caridade que seu coração se comovia não só com as pessoas que passavam necessidade, mas também com os animais sem fala nem razão, os répteis, os pássaros e as outras criaturas sensíveis e insensíveis. Mas, entre todos os animais, tinha uma predileção pelos cordeirinhos, porque a humildade de Nosso Senhor Jesus Cristo foi comparada mais vezes na Bíblia à do cordeiro, e com mais acerto. Gostava de ver e de tratar com carinho todas as criaturas, principalmente aquelas em que podia descobrir alguma semelhança alegórica com o Filho de Deus.
Numa ocasião em que viajava pela Marca de Ancona e tinha pregado a palavra de Deus nessa cidade, dirigiu-se a Ósimo com o senhor Paulo, a quem tinha constituído ministro de todos os frades naquela província. Encontrou no campo um pastor apascentando um rebanho de cabras e bodes. No meio das cabras e dos bodes havia uma ovelhinha, a andar humildemente pastando sossegada. Vendo-a, São Francisco estacou e, com o coração tocado por uma dor interior, deu um suspiro alto e disse ao irmão que o acompanhava: “Não estás vendo essa ovelha mansa no meio das cabras e bodes? Era desse jeito que Nosso Senhor Jesus Cristo andava, manso e humilde, no meio dos fariseus e dos príncipes dos sacerdotes.
Por isso eu te peço por caridade, meu filho, que te compadeças dessa ovelhinha comigo, e a compres, para podermos tirá-la do meio dessas cabras e bodes. Mas o irmão Paulo, maravilhado com a dor dele, começou a simpatizar com ele. Mas como eles não tinham nada além dos casacos baratos com os quais estavam vestidos, preocupados com o preço a pagar, imediatamente um comerciante viajante veio e ofereceu o preço que eles desejavam. …
Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa
Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.