Paz e Bem, meu amigo e irmão, vamos continuar falando sobre São Francisco de Assis. Agora o SEGUNDO LIVRO de Tomás de Celano. Sobre a compaixão pelos doentes.
Quem é que já teve a solicitude de São Francisco pelos súditos? Levantava sempre as mãos ao céu pelos verdadeiros israelitas e, esquecendo-se às vezes de si mesmo, pensava primeiro na salvação dos irmãos. Lançava-se aos pés da Majestade, oferecia um sacrifício do espírito pelos seus filhos, forçava Deus a beneficiá-los. Tinha todo amor pelo pequeno rebanho que arrastara após si, cuidando que, depois de ter deixado o mundo, não viesse a perder também o céu. Achava que teria um futuro sem glória se não fizesse gloriosos em sua companhia aqueles que lhe tinham sido confiados, pois os estava dando à luz do espírito muito mais trabalhosamente do que as entranhas maternas os tinham parido. Tinha muita compaixão para com os doentes e muita solicitude pelas suas necessidades. Quando seculares piedosos lhe mandavam fortificantes, dava-os aos outros doentes, embora precisasse mais que todos. Assumia os sofrimentos de todos os que padeciam, dizendo-lhes palavras de compaixão quando não podia ajudar de outra maneira. Chegava até a comer nos dias de jejum, para que os doentes não ficassem com vergonha de comer. E não se envergonhava de pedir carne publicamente, pela cidade, para dar a um irmão doente. Mas exortava os doentes a sofrerem as privações com paciência e a não armarem escândalos quando não eram satisfeitos em tudo. Por isso fez escrever estas palavras numa de suas regras: “Rogo a todos os meus irmãos doentes que em suas enfermidades não fiquem irados ou perturbados contra Deus ou contra os irmãos. Não peçam remédios com muita insistência e não tenham muito desejo de livrar a carne que logo vai morrer e que é inimiga da alma. Deem graças por tudo, desejando ser aquilo que Deus também deseja deles. Porque Deus instrui com os sofrimentos dos castigos e das doenças aqueles que predestinou para a vida eterna, como ele mesmo disse: ‘Eu corrijo e castigo aqueles a quem amo’“. Uma vez levou para a vinha um doente que sabia estar com vontade de chupar uvas. Sentando-se embaixo da parreira, começou ele mesmo a comer, para dar coragem ao outro. Mas tinha maior clemência e suportava com mais paciência os doentes que sabia serem como meninos atirados dum lado para outro, agitados pelas tentações e enfraquecidos no espírito. Por isso evitava as correções ásperas e, onde não via perigo, poupava a vara para poupar a alma. Dizia que era próprio do prelado, que é um pai e não um tirano, evitar as ocasiões de erros e não permitir que viesse a cair aquele que, caído, teria dificuldade para se levantar. Aí dá miserável maldade de nosso tempo! Não só deixamos de levantar ou de segurar os que estão fracos, mas, às vezes, até os empurramos para caírem. Não nos importamos de tirar do pastor supremo uma ovelhinha pela qual deu um grito forte entre lágrimas na cruz. Ele era diferente, pai santo, que preferias corrigir e não perder os que erravam. Mas sabemos que, em alguns, as doenças da vontade própria estão profundamente arraigadas e precisam de fogo e não de pomadas. …
Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.