Paz e Bem, meu amigo e irmão, vamos continuar falando sobre São Francisco de Assis. Agora a Primeira Biografia de Tomás de Celano. Da sua estada em Rivotorto e da guarda da pobreza.

 Estavam contentes com uma única túnica, remendada às vezes por dentro e por fora: não aparecia nenhum enfeite, mas só desprezo e pobreza, para poderem mostrar claramente que nela estavam crucificados para o mundo. Cingiam-se com uma corda e usavam calças de pano rude, fazendo o piedoso propósito de ficar simplesmente assim, sem ter mais nada. Naturalmente estavam seguros em qualquer lugar, sem nenhum temor, cuidado ou preocupação pelo dia seguinte, nem se incomodavam com o abrigo que teriam à noite, mesmo nas grandes dificuldades, frequentes nas viagens. Pois, como muitas vezes nem tinham onde se abrigar do frio mais rigoroso, recolhiam-se a um forno ou se escondiam humildemente, à noite, em grutas ou cavernas. Durante o dia, os que sabiam trabalhavam com as próprias mãos, permanecendo nas casas dos leprosos ou outros lugares honestos, servindo a todos com humildade e devoção. Não queriam exercer ofício algum que pudesse causar escândalo, mas, fazendo sempre coisas santas e justas, honestas e úteis, davam exemplo de humildade e de paciência a todos. Tinham adquirido tanta paciência que preferiam estar nos lugares onde os perseguiam e não onde sua santidade fosse conhecida e louvada, e assim pudessem conseguir os favores do mundo. Foram muitas vezes cobertos de opróbrios e de ofensas, despidos, açoitados, amarrados, encarcerados, sem recorrer à proteção de ninguém, e suportavam tudo varonilmente, vindo à sua boca apenas a voz do louvor e da ação de graças. Poucas vezes, ou nunca, deixavam de louvar a Deus ou de rezar, mas estavam sempre lembrando uns aos outros tudo que tinham feito, agradecendo a Deus pelas coisas boas, gemendo e chorando pelas negligências e descuidos. Julgavam-se abandonados por Deus se não fossem por Ele continuamente visitados com a piedade habitual no espírito da devoção. Para não dormirem quando queriam rezar, usavam algum expediente: uns se agarravam a cordas suspensas para que a chegada do sono não perturbasse a oração, outros se cingiam com cilícios de ferro e ainda outros rodeavam a cintura com instrumentos de madeira. Se alguma vez a abundância de comida ou de bebida, como pode acontecer, perturbava sua sobriedade, ou pelo cansaço do caminho passavam além da necessidade absoluta, mortificavam-se, por pouco que fosse, com uma abstinência de muitos dias. Afinal, punham tanto esforço em reprimir as tentações da carne, que muitas vezes não se horrorizavam de despir-se no gelo mais frio, nem de molhar o corpo todo com o sangue derramado por duros espinhos. Desprezavam tão fortemente todas as coisas terrenas que mal se permitiam receber o que era extremamente necessário para a vida, e estavam tão acostumados a passar sem as consolações do corpo, que não os assustavam os maiores sacrifícios. Em tudo isso guardavam a paz e a mansidão com todas as pessoas. Fazendo sempre coisas puras e pacíficas, evitavam cuidadosamente todo escândalo. …

Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.

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