Paz e Bem, meu amigo e irmão, vamos continuar falando sobre São Francisco de Assis. Agora o SEGUNDO LIVRO de Tomás de Celano. Como deve ser com os companheiros.
“Deve ser um homem – prosseguiu – de vida austeríssima, de grande discrição, de fama intocável. Um homem que não tenha amizades particulares, para que não tenha mais amor por uma parte, gerando um escândalo no conjunto. Um homem amigo do esforço pela oração, que reserve algumas horas para sua alma e outras para o rebanho que lhe foi confiado. Deve começar logo de manhã com a missa, recomendando à proteção divina a si mesmo e o rebanho, em longa oração. Depois da oração, deve colocar-se em público à disposição de todos para ser ‘depilado’, para responder a todos, para atender a todos com mansidão”. “Deve ser um homem que, fazendo acepção de pessoas, não olhe as coisas por ângulo sórdido, que se preocupe tanto com os menores e os simples quanto com os instruídos e os maiores. Um homem que, mesmo que lhe tenha sido concedido distinguir-se pelo dom da cultura, se destaque mais ainda pela simplicidade, e que cultive a virtude. Um homem que deteste o dinheiro, que é o que mais prejudica nossa profissão de perfeição, e que, cabeça de uma religião pobre, possa ser imitada por todos, sem jamais abusar da bolsa”. “Para si mesmo deve contentar-se com o hábito e um livrinho de notas; para o serviço dos frades, com a caixa de penas e o carimbo. Não seja colecionador de livros, nem muito entregue às leituras, para não roubar de seu encargo o que dá aos estudos. Deve ser um homem que console os aflitos, porque é o último refúgio dos atribulados; para que, se não tiver os remédios para a saúde, os enfermos não acabem se desesperando. Para amansar os atrevidos, prostre-se, ceda alguma coisa de seus direitos, para ganhar sua alma para Cristo. Para os egressos da Ordem, como ovelhas que pereceram, sabendo que são muito fortes as tentações que podem levar a essa queda extrema, não feche as entranhas de sua piedade”. “Quisera que todos o respeitassem por fazer às vezes de Cristo, e que o atendessem com bondade em tudo que for necessário. Mas também seria oportuno que ele não se alegrasse com as honras e não tivesse maior prazer com os favores que com as injúrias. Quando precisasse de comida mais abundante por estar enfraquecido ou cansado, que preferisse fazê-lo em público e não às escondidas, para que os outros também não fiquem envergonhados de alimentar seus corpos enfraquecidos”. “Cabe principalmente a ele distinguir as consciências escondidas, descobrir a verdade em seus veios mais profundos e guardar seus ouvidos dos falatórios. Enfim, deve ser tal que jamais macule a beleza austera da justiça pelo desejo de preservar a própria honra, e veja em seu alto ofício mais uma carga que um cargo. Mas, para que a excessiva mansidão não favoreça a moleza e para que a indulgência demasiada não acabe com a disciplina, ame a todos, mas saiba também ser temido pelos que praticam o mal”. “Gostaria que tivesse companheiros dotados de honestidade, que, como ele, dessem exemplo de todas as coisas boas. …
Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.