Franciscologia

Paz e Bem, meu amigo e irmão, vamos continuar falando sobre São Francisco de Assis. Agora o SEGUNDO LIVRO de Tomás de Celano. Contra a curiosidade dos livros.

Mas, quando falou, deixou abrasado o coração de seus discípulos. Ensinava que nos livros devemos procurar o testemunho do Senhor e não o seu valor material; a edificação e não a aparência. Queria que fossem poucos e à disposição dos frades que precisavam. Por isso, quando um ministro lhe pediu licença para ter uns livros de luxo e muito preciosos, ouviu esta resposta: “Não quero perder pelos teus livros o livro do Evangelho, que professei. Faz o que quiseres, contanto que não seja com a desculpa da minha licença”. Era tão grande a pobreza em questão de camas e cobertas, que alguém que tivesse algum pedaço de pano gasto para pôr em cima da palha achava que estava ocupando um leito nupcial. Na ocasião em que houve um capítulo em Santa Maria da Porciúncula, chegou o bispo de Óstia, com uma multidão de soldados e clérigos, para visitar os frades. Vendo-os deitados no chão e olhando suas camas, que mais pareciam ninhos de feras, chorou muito e disse diante de todos: “Olhem onde dormem os frades.  E acrescentou: “Que será de nós, miseráveis, que tanto abusamos do supérfluo? ” Todos os presentes se comoveram até as lágrimas e foram embora muito edificados. Foi esse o bispo de Óstia que, feito mais tarde porta principal da Igreja, resistiu sempre aos inimigos, até que entregou a Deus sua alma bendita, como uma hóstia sagrada. Que coração piedoso, que entranhas de caridade! Colocado no alto, doía-se por não ter altos merecimentos, mas na realidade era mais sublime pela virtude que pelo cargo. Por falar em camas, lembro-me de um outro fato que talvez seja bom conta. Desde o tempo em que o santo se converteu para Cristo e tratou de esquecer o que é do mundo, não quis mais deitar sobre um colchão ou pôr a cabeça num travesseiro de penas. E não quebrava essa resolução nem quando estava doente ou hospedado em casa de outros. Mas aconteceu que, no eremitério de Grécio, quando sua doença dos olhos se agravou, foi obrigado contra sua vontade a usar um pequeno travesseiro. Quando amanheceu a primeira noite, chamou seu companheiro e disse: “Irmão, não pude dormir nesta noite, nem ficar em pé para rezar.  A cabeça tremia, os joelhos cediam, e o corpo se sacudia todo, como se tivesse comido pão de joio. Acho que o diabo está nesse travesseiro em que pus a cabeça. Leva-o, que não quero mais saber de diabo na cabeça”. O frade se compadeceu da queixosa lamúria do pai, pegou o travesseiro que lhe foi jogado para levar embora. Ao sair, perde a fala de repente, e se sentiu tão oprimido e preso por tamanho horror, que nem podia mover os pés do lugar nem mexer os braços de lado algum. Depois de algum tempo, quando o santo ficou sabendo disso, mandou chamá-lo. Então ficou livre, voltou e contou o que tinha sofrido. Disse-lhe o santo: “‘A tarde, quando estava rezando Completas, tive certeza de que o diabo vinha para a minha cela”. E acrescentou: “É muito esperto e matreiro o nosso inimigo. Quando não pode fazer o mal dentro da alma, faz com que o corpo tenha oportunidade de murmurar”. …

Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.

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