Vocês devem ter visto nas redes sociais sobre o caso de algumas estudantes, de certa universidade da cidade de Bauru, debocharem da colega por ela ter 40 anos, dizendo que deveria estar aposentada, que deveria ser ‘desmatriculada’. Isso foi, claramente, uma demonstração de etarismo, preconceito, discriminação com uma pessoa de idade mais avançada.
O primeiro pensamento que me vem é: muitas pessoas não conseguem chegar aos 40 anos porque por diferentes motivos, falecem antes, deixando muitos sonhos não realizados.
Mas o que senti mais fortemente, mesmo diante da indignação, foi a admiração por essa mulher que, aos 40 anos, decidiu realizar um sonho, adiado por ter que dar prioridade aos cuidados com outras pessoas.
Quantas pessoas, mulheres, homens, buscam se aprimorar, correr atrás do sonho de ter uma profissão através de um curso superior, fora daquela faixa etária dos adolescentes?
Hoje, são muitas pessoas. Alguns, pela primeira vez em uma faculdade, acham até que já não tem mais capacidade para aprender como tinham na juventude.
Vale lembrar que na adolescência/juventude, nós não temos muitas preocupações, contas para pagar, casa para administrar. Fica muito mais fácil absorver os conteúdos. Mas há uma grande diferença nesta absorção dos conhecimentos: a maturidade.
O jovem não tem experiência de vida. O adulto, mais tarimbado, pode aprender e analisar tudo de uma forma bastante evoluída. Então, essa convivência entre ambos pode ser uma troca rica.
Acredito que esse fato ocorrido seja uma exceção. Não o percebo como regra.
E sabemos que quando uma pessoa está em um grupo, muitas vezes os comportamentos são ditados pelo nicho de convívio, diferente de quando se está sozinha. Existem estudos que comprovam isso.
Por outro lado, fico refletindo sobre o que está por trás de comportamentos desse tipo.
Não há como olhar a pessoa que faz esses julgamentos, discriminações, sem considerar que há um contexto por trás.
Seria o avanço rápido da tecnologia que nos torna marionetes manipuladas pelos algorítimos que nos distanciam dos relacionamentos verdadeiros, das conversas com ‘olhos nos olhos’, do calor humano tão necessário para desenvolvermos como seres humanos sociais? Ou será que por tudo acontecer num ritmo tão frenético, as pessoas estão sem tempo para estar com os filhos, ensinar sobre valores, respeito, empatia, amor ao próximo?
Nós, só não podemos generalizar, achar que essas jovens do caso citado, representam uma geração. Conheço muitos adolescentes e jovens educados com valores e princípios respeitosos, que ‘curtem’ aprender com pessoas mais experientes.
Desde que nascemos, estamos mudando. É fisiológico.
Finalizo com uma pergunta: O quanto você se deixa manipular pelos grupos dos quais faz parte?
Cristie Ochiai
Apresentadora do Programa de TV na Web ConVida, Terapeuta em Constelações Familiares, Hipnose e Thetahealing