Fragmentos da Nossa História:

Os Pioneiros, por ramo de atividade no povoado

Quarta Parte

*Walter de Oliveira

Embora os presentes registros se apresentem áridos e monótonos, é mister que continuemos a fazê-los, sob pena de a própria história não fazer justiça àqueles que em remotos tempos a escreveram, não só à custa de muitos sacrifícios, senão da própria vida. Isso o dizemos por conta das condições adversas reinantes no cenário e contexto em que tudo acontecia. Quantos, futuramente, ao lê-los saberão que os seus bisa, tetra ou hexa-avós foram pioneiros nesse ou naquele ramo de atividade ou pioneiramente desempenharam essa ou aquela função na cidade de Bandeirantes?

Listando quantos foram, até o ano de 1950, os pioneiros do ramo de secos e molhados e conexos, o artigo anterior chegou até o nome de Leandro Ragazzi, letra “f” da relação, de forma que agora vamos para a letra g), quando listaremos Ozório Gonçalves Nogueira, cuja loja ele a denominava de “Nossa Casa”. Situada na esquina onde hoje se acha o Hospital São Lucas, além de vender secos, molhados e armarinhos (produtos manufaturados), a loja de Ozório funcionava também como “escritório” da sua propriedade agrícola. Era ali que, no final de todo mês, os colonos da sua fazenda e empregados de outros setores dela, recebiam o seu salário, como nós mesmo, que aos dez anos de idade recebíamos 10$000 (dez mil réis) mensais, por trabalharmos “meio expediente” (após irmos para a escola) no setor de prensagem de alfafa. Essa loja permaneceu ali desde o ano de 1936, até 1950, quando foi desativada e a partir de janeiro de 1951, começou a funcionar a Rádio Cabiúna, então integrada à Rede Guairacá de Comunicação, pertencente a Moysés Wylle Lupion de Tróia, que seria duas vezes governador do estado; h) No meado dos anos 1930, os irmãos Celso e Rolando Marcondes instalaram a “Casa Vitória”, que além de ser ponto de venda de secos e molhados, ao anoitecer, funcionava como “bar” e que por sinal foi o primeiro do povoado que tinha mesas de “bilhar”, diversão lúdica e de inusitado interesse. A Casa Vitória, que funcionou até o ano de 1960, foi instalada na Avenida Bandeirantes, ali onde hoje funciona a loja “A Vantajosa”; i) Casa Ormeneze – batizando a loja com o seu sobrenome, Ricieri Ormeneze foi, até hoje, o único comerciante do município a ter a loja “matriz” na cidade e a “filial” na zona rural. A primeira ficava na Avenida Bandeirantes, no local onde mais tarde Eurípedes Rodrigues construiria a nossa primeira “Estação Rodoviária” (e hoje um terreno baldio), na esquina da Avenida Bandeirantes com a Praça Deputado Valderi Mendes Vilela/Brasil-Japão. A segunda, a filial, Ricieri instalou à margem direita da estrada velha para Londrina, na encruzilhada para Galdinópolis (primeiro nome de Santa Amélia) e Santa Mariana, no exato local onde hoje se situa a “Venda do Pulú”, de Aparecido Guerra, segundo informações a nós fornecidas pela professora aposentada Rosa Mioto, a quem agradecemos; j) Casa Fidelcino Pinheiro, que como várias outras, levavam o nome do seu proprietário, essa loja, criada nos meados dos anos 1930, funcionou até o meado dos anos 1950; situava-se na hoje Avenida Comendador Luiz Meneghel, nas proximidades de onde hoje se situa o escritório contábil de Aldo Francisco Matheus. Além de comercializar secos e molhados, foi, ao que sabemos, a única compradora de mamona que existiu no município; k) Casa Tanaka – seu proprietário, Susumu Tanaka, colocou-a em funcionamento no meado dos anos 1930. Situada à Avenida Bandeirantes, localizava-se onde hoje fica parte do Lojão do Queima e a Sorveteria Gebom. Funcionou até o meado de 1960; l) Casa Kamiyama – fundada em 1946 por Massao Kamiyama, contava com o maior sortimento e variedade de estoque de todas na cidade, indo de secos e molhados a tecidos, manufaturados, materiais elétricos e ferragens. Situada na esquina da Comendador Luiz Meneghel com a rua Eurípedes Rodrigues (em frente à Farmácia do Teixeirinha), onde hoje funcionam diversas lojas comerciais, comandou-a durante os 50 anos de sua existência o seu fundador, cujos dois principais coadjuvantes eram o seu filho Shizuo e o seu genro Antônio Kazue Hasegawa. Chegando à letra m) das lojas ou armazéns de secos e molhados, listamos aqui a “última” delas: Casa Cauduro (também conhecida como Casa Martelli), foi fundada no decorrer da década de 1930, pelos irmãos gaúchos Antônio e Guilherme Martelli e o paulista R. Cauduro, cujo sobrenome, como dizia o letreiro da fachada, identificava a casa. Situada na Avenida Bandeirantes, (onde a loja ia até o prédio da Casa São Carlos), esquina com a rua Benjamin Caetano Zambon (em frente à Farmácia Santa Clara), a Casa Canduro trabalhava, além de secos e molhados, com uma imensa gama de produtos, tendo, porém, se celebrizado como compradora e vendedora de cereais, em grande escala. Para bem viabilizar suas metas, os seus proprietários construiriam um imenso armazém na hoje rua Frei Rafael Proner, esquina com a já referida Benjamin Caetano Zambon. Em 1952, informa-nos o contabilista e professor Alcides Toledo (genro de Guilherme Martelli), a razão social foi desfeita e os irmãos Martelli adquiriram a maior parte imobiliária da loja, mudando o seu nome para Casa Martelli, atuando apenas no ramo de tecidos e armarinhos.

Ao encerrarmos a listagem dos armazéns ou lojas de secos e molhados, até a década de 1950, ante a quase certa hipótese de havermos omitido um ou outro nome de quem, repetimos, até 1950, atuou nesse setor, pedimos que ao constatarem tal omissão, nos comuniquem, para que possamos, de futuro, supri-la. No artigo seguinte, retornaremos a listagem a partir dos “pioneiros no ramo de Bares e Lanchonetes”.

(continua…)

* Walter de Oliveira, 89, articulista desta Folha, é bandeirantense, nascido em 1932.