José Barbosa de Lima e sua esposa Maria Aparecida Carvalho de Lima. Foto cedida pelo filho Lauro

Os Pioneiros, por ramo de atividade no povoado (De 1931 A 1950)

Vigésima Terceira Parte

*Walter de Oliveira

Voltando à listagem dos pioneiros (1931/1950) por ramo de atividade, iniciamos hoje com o ramo “calçados”, aqui incluindo os comerciantes donos de lojas, as chamadas “sapatarias” e as oficinas de sapateiros, uma vez que muito do que se vendia, era produção manual da própria cidade, e também os “seleiros” (que produziam arreios, selas, acessórios para montaria e para charretes, troles, carroças e carroções).

Seguindo a ordem alfabética, temos na letra a) o pioneiro Afonso Puchi, do qual e infelizmente a nossa história trará apenas o nome, porquanto, malgrado os nossos esforços a procura de outras suas referências, nada mais encontramos.

b) José Barbosa de Lima. Ao contrário do pioneiro anterior, de José Barbosa de Lima temos várias informações e isso, a partir do próprio nome da sua loja, ainda hoje com o mesmo nome, como ainda é o seu endereço: “Sapataria Santana”, situada na Avenida Bandeirantes, na esquina com a atual Prefeito José Mário Junqueira. Também foi desse pioneiro, a inciativa de dotar a sua loja, no início dos anos 40, de uma sofisticada vitrine, mostrando alguns dos produtos à venda. À época, bem nos lembramos, o fato causou considerável impacto. Com um arranjo muito bem feito e à claridade das luminárias, a vitrine era o centro das atenções dos transeuntes noturnos. À noite, meros curiosos; no dia seguinte, clientes interessados na mercadoria que lhes chamara a atenção na noite anterior. Além da grande linha de calçados de marca, a Sapataria Santana comercializava também os calçados feitos “sob medida”, no que ela era a número um, pois contava com exímios “oficiais sapateiros”. Homem cujo proceder pessoal e profissional lhe granjeara grande conceito e reputação, José Barbosa de Lima, foi das poucas pessoas da cidade a integrar o Conselho Fiscal da Usina Bandeirante do Paraná Ltda., primeira razão social da Usiban (Açúcar e Álcool Bandeirantes S.A.). José Barbosa de Lima foi casado com dona Maria Aparecida Carvalho de Lima e o casal teve os filhos Luiz, José, Leonilde, Waldemar, Lauro, Mauro, Laércio, Wilson, Marinalva, Ione e Ivan.

Coreto (ainda em fase de construção), onde a Banda Municipal fazia as retretas dominicais. Os integrantes da foto são escoteiros. Foto baixada do Grupo Bandeirantes-Pr no Facebook

c) José Sorace. Homem dos mais atuantes da Bandeirantes de então, esse pioneiro foi, além do sagaz e inteligente comerciante que conhecemos, portador de outros pendores. E assim, não era de se estranhar, que o admirado e competente calçadista dos dias da semana, fosse visto abrilhantando com o som límpido e bem calibrado do seu reluzente pistom, as retretas das tardes de domingo. A dona do espetáculo era a Banda Municipal, impecavelmente postada no coreto da Praça Marechal Deodoro (que existe apenas na lembrança de quem a conheceu, e que deu lugar à Praça Valderi Mendes Vilela/Brasil-Japão), comandada por seu maestro e fundador, Augusto Vogas. Afora abrilhantar esses momentos musicais, o som do “pistom de José Sorace era também o ponto alto em todas os bailes carnavalescos do clube local. A sapataria do pioneiro José Sorace ficava na Avenida Bandeirantes, no exato lugar onde hoje está a Loja Valdar. Ele foi casado com dona Maria Faria Sorace e o casal teve os filhos Osvaldo, Décio, José Márcio e Clélia.

d) Manoel Rodrigues. Conquanto não tenhamos informações sequer do endereço da sua sapataria, sabemos, contudo, que ele foi casado com dona Alzira Borges e que o casal teve os filhos Ednéia, Erineu e Glória Maria. Tais informações, bem como outras sobre vários pioneiros que listamos, as devemos à generosa colaboração de Bruno Azzolim Medeiros, Silmar da Silva Cordeiro e João Sartori, respectivamente oficial e escrevente do Cartório de Registro Civil e tabelião de notas da Comarca de Bandeirantes.

e) Tranquilo Navarro. A sapataria desse pioneiro, como todas da época, ficava situada na Avenida Bandeirantes, onde hoje está situada a loja “O Rei do Conforto”. Deste pioneiro, ao que nos lembramos, tratava-se de pessoa de bom conceito e estima, e que foi casado com dona Afife Doacre Navarro, e por mais que tenhamos nos esforçado, não conseguimos saber os nomes dos filhos do casal.

f) Cantídio de Oliveira. Esse pioneiro situava-se entre os “oficiais” de fabricação de calçados e também de selas de montaria, arreios e acessórios (coalheiras, peitorais e etc.) para montaria e veículos de tração animal. Por muitos anos, Cantídio de Oliveira demonstrou a sua “arte no couro e na sela”, trabalhando na Sapataria Santana e anos depois, na sua própria sapataria (na atual Avenida Comendador Luiz Meneghel), em frente onde hoje se situa a agência do Banco Sicoob. Tão boas eram as “botinas” produzidas por seo Cantídio, que chegavam a ser levadas para o Texas (nos EUA), por mercê do empresário Serafim Meneghel, quando presidente do União Bandeirante Futebol Clube. Quem nos conta isso é a sua neta Izabel. Seo Cantídio foi casado com dona Helena César de Oliveira e o casal teve as filhas Cecília e Cremilde, à época funcionárias do Cine Bandeirantes e da agência local dos correios, respectivamente.

(continua…)

* Walter de Oliveira, 89, articulista desta Folha, é bandeirantense, nascido em 1932

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