Dr. Antônio Moreira, o Moreirão, pioneiro no ramo de Escritórios de Contabilidade (foto cedida pela filha Solange das Graças)

Os Pioneiros, por ramo de atividade no povoado (De 1931 A 1950)

Vigésima Quinta Parte

*Walter de Oliveira

Prosseguimos a listagem dos nossos pioneiros (1931/1950) por ramo de atividade, listando hoje aqueles que ganharam a vida como mecânicos e listados por Solano Medina (a quem homenageamos seguindo a mesma nomenclatura), como “Consertadores de Automóveis”. Muitos deles não estarão nesta listagem por já figurarem no rol dos donos de “bombas de gasolina” ou postos de abastecimento e serviços que mantinham oficina mecânica em anexo.

Esses mecânicos foram: a) Aristides Santos. Omitido nos registros de Solano Medina, esse pioneiro era chamado de “doutor dos automóveis e caminhões”, tal era a sua habilidade em diagnosticar e sanar os defeitos dos veículos, sobretudo se fossem na distribuição de corrente elétrica para as velas, ou na carburação dos motores. A sua oficina ficava à rua Eurípedes Rodrigues, do mesmo lado e um pouco depois do lava-car do Mário Carneiro. Um típico afrodescendente, Aristides era uma pessoa afável e gentil. Isso o dizemos por tê-lo conhecido pessoalmente e nos valido dos seus préstimos ao tempo em que nos dedicávamos à extração e transporte de madeira em toras das matas para as serrarias. Todavia, e apesar de o termos conhecido bem, nada mais temos a acrescentar às referências à sua pessoa.

b)  Altino Luiz Fadel. Este é outro pioneiro, cujo registro em nossa história se cingirá tão somente ao seu nome, não obstante os esforços envidados à procura de outros informes seus.

c) Cândido Moraes. Jamais visto trajando outra roupa a não ser o clássico macacão azul, “Candinho”, como era mais conhecido, foi também, ao seu tempo, mecânico dos mais procurados pelos “chauffeurs” (motoristas de então) de automóveis e caminhões. A vantagem de “Candinho” sobre alguns de seus colegas de profissão, era que ele ia do “radiador ao escapamento”; uma espécie de clínico geral em mecânica de automóveis, num tempo em que as viaturas motorizadas usavam rodas raiadas e que sequer se ouvia falar em caminhão trucado. Sua oficina ficava à rua Eurípedes Rodrigues, do mesmo lado e na mesma quadra em que estava a de Aristides Santos. Cândido Moraes foi casado com dona Maria Alice Moraes e foram pais de Luiz Carlos Moraes.

d) Oscar Ualgrem. A não ser o seu singular nome (que sugere uma ascendência estrangeira) e malgrado os nossos esforços, outra referência não haverá a perpetuá-lo em nossa história.

e) Sócrates Bento. A referência a este pioneiro, a nosso pensar e como se verá, escapa do que acontece com os seus iguais e também de pioneiros de outras atividades. Como mecânico, Sócrates Bento era um sério e competente profissional, mas o fato que nos leva a diferenciá-lo, é por ter sido ele, irmão de Anselmo Duarte Bento, que outro não foi senão o laureado ator, diretor e roteirista do cinema brasileiro e único do país, até hoje, a ganhar o Troféu Palma de Ouro, no Festival de Cannes, com o filme “O Pagador de Promessas”. Achamos pertinente o presente registro, por ser esse nosso pioneiro irmão de uma tão festejada celebridade (como ator basta lembrá-lo interpretando Zequinha de Abreu no clássico “Tico-Tico no Fubá”, ao lado de Marisa Prado e Tônia Carreiro). Sócrates Bento foi casado com dona Otália Moraes Bento e o casal teve os filhos Pedro, Lincoln, Adelaide e Dirce.

f) Tosaku Sussuki. Este, como outros pioneiros e apesar dos nossos esforços, nossa história o homenageará apenas registrando o seu nome.

Segue-se agora à listagem dos pioneiros em um ramo, que há muito deixou de ser uma atividade específica. Referimo-nos à chamada “capitalização”, com que operavam empresas como a Sul América, Kosmos e Prudência Capitalização, cujo produto vendido eram títulos de capitalização. Os compradores (ou poupadores) pagavam um valor mensal, contratado durante 30 anos, e concorriam a sorteios mensais. Se não premiados, ao completar o prazo de 30 anos recebiam o seu capital de volta, acrescido de juros contratualmente convencionados. Os três pioneiros desse ramo eram a) Alfredo Chaves Filho, o qual terá apenas seu nome a referenciá-lo.

b) Benvindo Rodrigues da Silva. Este pioneiro o conhecemos pessoalmente na década de 40 e sabíamos que era filho de Benedito e Olympia Rodrigues da Silva. Demandado por nós, o Cartório de Registro Civil nos informou que ele foi casado com dona Pércida de Souza.

c) Armando de Sylas. A despeito de lembramos com alguma nitidez de sua figura física, também desse pioneiro temos apenas o seu nome e a lembrança de que ele, apesar de ser agente de capitalização, era também o gerente da agência da Real Aerovias, que estava localizada na Avenida Bandeirantes, onde hoje está situada a lotérica com esse nome.

Encerrado o rol dos pioneiros da capitalização, listaremos outros três pioneiros, os únicos à época, que eram donos de “escritório de contabilidade” e o primeiro a ser listado é a) Antônio Moreira. Portador de grande estima e popularidade, Moreirão, como era conhecido, (mercê do seu avantajado porte físico) era o contabilista que detinha a maior clientela da cidade nascente. Anos mais tarde, ele cursou direito e se estabeleceu com banca advocatícia, onde teve igual êxito. Homem de desapego material e aprovado em concurso público, assumiu o cartório de notas e de casamentos do município de Santa Amélia, para onde se mudou. Foi casado com dona Maria de Lourdes Malachini Moreira e o casal teve os filhos Luiz César, Fernando José (o popular Fróidão), José Carlos e Solange das Graças (casada com o hoje desembargador do Tribunal de Justiça, Stewalt Camargo).

 (continua…)

* Walter de Oliveira, 89, articulista desta Folha, é bandeirantense, nascido em 1932

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