Farmácia São José, de propriedade de José Sant’Ana (foto retirada do Grupo Bandeirantes-Pr, no Facebook)

Os Pioneiros, por ramo de atividade no povoado (De 1930 a 1950)

Vigésima Nona Parte

*Walter de Oliveira

Retomamos aqui a interrompida listagem dos pioneiros do povoado da estação e da cidade nos anos 1930/1950, por ramo de atividade. O ramo que hoje listaremos abrangerá aquelas pessoas, que embora também fossem comerciantes (por comprarem e venderem), se ocupavam de uma atividade de suma importância para a população: a farmacêutica.

À ausência dos profissionais da medicina – raríssimos em todas as regiões nascentes – cabia aos donos de farmácia o cuidar e tratar das pessoas com as mais variadas e às vezes graves doenças que as acometiam. As endêmicas – como a malária (de ampla incidência), o sarampo, varicela ou varíola e as gripes – contavam já com protocolos estabelecidos, o que, de alguma forma, tinham um tratamento menos complexo. Mas, havia os casos não previstos, menos corriqueiros, que exigiam muito desses profissionais, na sua grande maioria apenas “práticos”, obviamente, vindos de outras regiões.

Temos nítidas lembranças das prescrições do ruibarbo, da noz moscada, do “allium sativum”, do quinino e laxantes. O cliente (paciente) saía da farmácia levando consigo, além dos medicamentos, uma longa lista de recomendações e aconselhamentos profiláticos que ainda hoje seriam bem-vindos. Pelo esforço, dedicação e desvelo com que aquelas pessoas se houveram, elas mais que merecem figurar nas páginas da nossa história.

Feito o presente preâmbulo de aquilatamento dos ditos profissionais, vamos à sua listagem, para o que seguiremos a ordem lançada nas páginas do livro “O Município de Bandeirantes”, 1950, de Solano Medina.

Pioneiro Dino Veiga e sua esposa Lígia, cercado de professoras, em congraçamento delas no Clube Guaíra

a) Farmácia Santo Antônio. Situada à Avenida Bandeirantes, esquina com a atual rua Benjamin Caetano Zambon, onde hoje se acha a Farmácia Santa Clara, essa farmácia tinha à sua frente o pioneiro Dino Veiga, no vigor da sua juventude. Deste pioneiro nos ocuparemos aqui tão somente da sua atuação no sobredito campo, posto que sua história alcançou outros campos e dimensões e serão registrados em capítulo específico. Soubemos, por informações do próprio, que sua caminhada no mundo das farmácias teve início com o célebre farmacêutico Manuel Teixeira Ribeiro, da cidade de Cambará, à época e ao lado de Jacarezinho, uma espécie de QG (Quartel General) de toda a região norte do estado. Dino Veiga, assim como seus pares que se seguirão, acabaram por ganhar a estima e o respeito da população, mercê dos seus esforços e devotamento no atendimento diuturno de quantos os procurassem. Dino Veiga foi casado duas vezes. A primeira com dona Conceição Trautwein Veiga, com a qual teve os filhos Roselice, Regina, Áurea, Lúcia, Dino Filho e Célia. Seu segundo casamento foi com dona Lígia Fernandes Veiga, de cuja união nasceu a filha Maria Lígia.

b) Farmácia São José. Fundou-a e a comandou por longos anos, o pioneiro José Sant’Ana, de cujos cuidados e competência nos valemos quando fomos acometidos de malária (a terceira que contraímos) no ano de 1953. Essa farmácia estava localizada também na esquina da Avenida Bandeirantes com a atual rua Benjamin Caetano Zambon, na esquina oposta à farmácia de Dino Veiga, onde hoje se situa um escritório de advocacia. Apenas um “prático” como a maioria de seus pares, José Sant’Ana – conta-nos o seu filho Juarez Lincoln – aprendeu o idioma francês para manipular as fórmulas editadas nesse idioma e das quais se valia para debelar a grande maioria das moléstias de ocorrências mais comuns. Informa-nos ainda o seu referido filho, que o responsável pela Farmácia São José não era outro senão o lendário paulista Juvenal Mesquita, imortalizado como patrono de via pública e estabelecimento de ensino médio de nossa cidade. José Sant’Ana foi casado com dona Julieta Idino Sant’Ana e o casal teve os filhos João Maria, José Washington, Juarez Lincoln, Jandira Mariângela e Joana Amélia.

c) Farmácia Nossa Senhora Aparecida. Fundada pelo pioneiro Odir Maria da Cruz, essa farmácia ficava na Avenida Bandeirantes, onde hoje está a Farmácia Nossa Senhora de Fátima (ou Farmácia do Flavinho). Odir Moreira da Cruz tinha formação acadêmica em farmacologia e a única referência que temos dele é que era cunhado do pioneiro e médico Mário Amaral Pacca. Essa farmácia foi posteriormente adquirida por Fernando Teixeira Pereira, sobrinho do também pioneiro no ramo, Francisco Teixeira Ribeiro. O pioneiro Fernando Teixeira foi casado com dona Nair Pereira e o casal teve os seguintes filhos: José Carlos, Eliane, Sônia e Emídia.

(continua…)

* Walter de Oliveira, 90, articulista desta Folha, é bandeirantense, nascido em 1932

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