Pioneiro Geraldo Paulino de Carvalho e a esposa (poetisa), Wanda Rossi de Carvalho (foto cedida pela filha Ana Maria)

Os Pioneiros, por ramo de atividade no povoado (De 1930 a 1950)

Trigésima Segunda Parte

Walter de Oliveira

Um grande prazer para nós, o que ansiamos seja – mesmo que menor que o nosso – também para os nossos prezados leitores, continuarmos aqui com os fragmentos históricos da nossa querida cidade. Dissemos no nosso último artigo termos encerrado a listagem de todos os farmacêuticos pioneiros do povoado e da cidade, nos anos 1930/1950, tanto tínhamos essa certeza, que listamos ali as duas farmácias então existentes na zona rural: as das fazendas Carvalhópolis e Nomura. Verificamos, todavia, que deixamos de listar a que listaremos agora, a saber:

k) Farmácia Santa Maria. Situada à época (e ainda hoje) na Avenida Bandeirantes, em frente onde está a Casa Rocha, essa farmácia foi fundada nos idos de 1953, pelo pioneiro Geraldo Paulino de Carvalho, que em tempos ainda mais pretéritos, tinha farmácia no patrimônio Galdinópolis, hoje município de Santa Amélia. Vindo para Bandeirantes, Geraldo Paulino comprou a Farmácia Bandeirantes, então pertencente ao pioneiro já listado Sadao Moribe e logo depois mudou o estabelecimento para o referido ponto na Avenida Bandeirantes, quando também mudou o nome para Farmácia Santa Maria (o mesmo ainda hoje). Pessoa das mais gentis e afáveis, seo Geraldo tornou-se logo portador de grande estima pública, que o acompanharia por toda sua vida. Foi casado com dona Wanda Rossi de Carvalho, exímia pianista e poetisa das mais festejadas, várias vezes premiada nos tradicionais Jogos Florais de Bandeirantes e em outros certames da área. Como maior referência dessa pioneira da nossa cultura, destacamos o fato de ser ela a autora da letra do Hino de Bandeirantes, que recebeu melodia da sempre bem lembrada e brilhante dupla sertaneja Preferido e Predileto (Diogo Agostinho Pinto e José Leonildo Garcia – este de saudosa memória). O casal Geraldo e Wanda teve as filhas Ana Maria e Elizabeth e o filho José Sílvio, dos quais, o casal do ora autor e sua saudosa esposa Elza, foi padrinho de casamento, tamanha a amizade entre todos.

Listamos agora os pioneiros no ramo de “funilaria”, aqui, segundo os registros do livro de Solano Medina, reduzidos a apenas dois. Tais pioneiros se dedicavam mais ao conserto de utensílios domésticos e até à fabricação artesanal de alguns destes. Trocando em miúdos, eram pessoas que consertavam – através de soldas a estanho – bacias, baldes e assadeiras, ou punham “asas” em latas de óleo de um litro, transformando-as em canecões, muito usados à época. Tais pioneiros eram:

Pioneiro Antônio Ferrer Moreno e sua esposa Angelina, junto com o filho Antônio, ainda residindo em Granada, Espanha, em 1923 (foto enviada pela sobrinha Ana Maria Palomares)

a) Antônio Ferrer Moreno. O leitor que tiver em mãos o livro de Solano Medina, verá que ele registrou, como pioneiro, o filho Ricardo Félix (Ferrer) Palomares, em vez de Antônio Ferrer Moreno. Ricardo, como veremos adiante, foi sim pioneiro – e dos mais destacados – mas no ramo de serralheria. Se nos permitimos sanar o equívoco de Medina, é pelo simples fato de termos tido a honra e a graça – por mercê de Deus –, de ser genro do pioneiro Antônio Ferrer Moreno, do qual, pelo apreço que lhe tivemos, pedimos aos leitores nos concedam a oportunidade de nos estendermos um pouco mais a seu respeito. Contava ele, nas muitas conversas que tivemos, que duas vezes ele veio para o Brasil. A primeira, por ocasião da primeira guerra mundial, quando, por um bom período, trabalhou em Cuba, de onde mudou-se para os EUA. Ali, no Brooklin, ele se empregou numa fábrica de canhões, onde adquiriu consideráveis conhecimentos no manejo de objetos feitos de ferro. Vindo para o Brasil, conheceu e casou-se com Angelina Palomares Marques e retornou com ela para a Espanha, até por insistência da jovem esposa, ávida por conhecer a terra natal do marido e os países adjacentes.

Todavia, após o nascimento dos primeiros filhos (Antônio e Asunción), percebeu que a esposa sentia saudade dos familiares brasileiros e ele, de novo, resolveu deixar seu país – então definitivamente – e volta ao Brasil, fixando residência em Avaré-SP. De lá, em 1941, veio para Bandeirantes. Aqui chegando, sua primeira moradia foi na Usina Bandeirante, cujos trabalhos de fundação estavam sendo iniciados, e dos quais ele e seus filhos mais velhos (Antônio e Ricardo) participaram. Anos mais tarde, nas nossas conversações com o Comendador Luiz Meneghel (de quem fomos mais amigo que empregado), ele nos contava que os primeiros vitrôs e guarnições de ferro nos barracões da sua usina foi o seo Palomares (como Antônio Ferrer era chamado) e os filhos que fizeram. Em 1943, preocupado com a escolaridade dos filhos Elza e Paulo, ele mudou-se para a cidade e aqui se estabeleceu, com a sua funilaria, que ficava na atual rua Juvenal Mesquita, vizinha da sua residência, na esquina da referida rua com a atual rua Arthur Conter, onde hoje se acha a Escola de Música São Rafael, de Antônio Cosmo Nunes.

Encerradas as atividades de funileiro, ele abriu uma porta na sua casa, com frente para a atual rua Arthur Conter e ali estabeleceu uma das primeiras e mais bem sortidas quitandas (venda de frutas) da cidade, onde também se podia tomar uma das suas melhores vitaminas.

(continua…)

* Walter de Oliveira, 90, articulista desta Folha, é bandeirantense, nascido em 1932.

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