Pioneiro no ramo de ferraria, Yoshiji Kajiwara (foto cedida por seu filho Edson Kajiwara)

Os Pioneiros, por ramo de atividade no povoado (De 1930 a 1950)

Trigésima Quarta Parte

Walter de Oliveira*

Depois de uma semana sem a publicação dos nossos “Fragmentos”, e na altura em que estamos listando os pioneiros do povoado da estação e da cidade nos anos 1930/1950, do ramo de “ferraria”, retomamos hoje a listagem.

Vamos encontrar na letra d) Yoshiji Kajiwara. Dos tempos primordiais da nossa terra, esse pioneiro foi a encarnação da criatividade e do duro e aturado labor do alforje, da bigorna, do malho, esmeril e demais instrumentos empregados no seu ganha-pão. Como já dissemos antes e não é demais repetir, era de oficinas como a de Kajiwara que saíam prontos para compor as lidas do campo e do transporte de cargas urbanas, os carrinhos de molas, de duas rodas e os carroções de quatro rodas, movidos a tração animal. Afora a sua maestria na fabricação desses primitivos veículos, Kajiwara protagonizou a façanha de ter concebido e fabricado (ao que nos foi dado conhecer) a primeira máquina “motorizada” para debulhar milho em palha. Acoplada a um pequeno caminhão de rodado simples (eram os que então existiam), essa máquina percorria as lavouras do município e foi um dos maiores avanços na agricultura, então e sempre a alavanca de nossa economia.

Um outro importante fato no tocante a esse pioneiro e que nunca poderá cair no olvido, é o seu eloquente exemplo do atleta que ele foi. Certamente que os de gerações anteriores, que hoje nos leem, haverão de ter em mente as participações de Yoshiji Kajiwara nas corridas de longa distância, que eram feitas às comemorações das nossas maiores datas cívicas (7 de setembro e 14/15 de novembro), o que ele fez até idade bem avançada. Importante lembrarmos que, em nível familiar, tal exemplo tem grande força e repercussão, como se vê das sucessivas e aplaudidas premiações obtidas pelo filho do pioneiro, o conhecido e renomado hoje atleta sênior, Edson Kajiwara e que será objeto de registro em capítulo próprio do nosso livro em elaboração.

A ferraria do pioneiro Yoshiji Kajiwara ficava num amplo terreno, cujas linhas laterais formavam a esquina da Avenida Benedito Leite de Negreiros com a rua Prefeito José Mário Junqueira. Yoshiji Kajiwara foi casado com dona Hanako Kajiwara e o casal teve os filhos Mariana, Inês, Miyoko, Júlio, Miye, Jorge, Mário, Midori, Hélio e Edson.

e) José Buffo. Esse nosso último pioneiro no ramo de ferraria, foi outro de igual brilho e lustro na seleta plêiade dos construtores da nossa história. Homem de estatura mediana e sempre trajando surrada calça de brim e camiseta cavada, Zè Buffo, como era conhecido e chamado, era a própria figura da simplicidade. Todavia, para quantos tiveram, como nós, a honra de privar da sua amizade, tratava-se sim, de uma grande e respeitável pessoa. Aquele ferreiro, de humilde aparência, foi, ao lado outros seus valorosos companheiros (Pedro Bellan, Francisco Teixeira Ribeiro, José Rossato, Antônio Francisco Matheus Júnior, Antônio Corder e outros), um grande batalhador para a existência do Asilo São Vicente de Paulo. Em razão de haver comprado a ferraria do já listado pioneiro Ivo Gemba, a localização da sua ferraria é a mesma constante da letra “a” desta listagem. Lembramo-nos que era seu braço direito, em sua oficina de trabalho, o seu irmão Ildo Buffo, conhecido por Buffinho. O pioneiro José Buffo foi casado com dona Helena Buffo e o casal teve os filhos José Buffo Júnior e Clara Regina.

Listaremos agora os pioneiros do ramo de fabricação de bebidas, e que não por acaso, a primeira a ser fabricada na Bandeirantes daqueles tempos, foi a cachaça. E assim, teremos dentre esses pioneiros:

Pioneiro no ramo de fabricação de bebidas, João Affonso (foto baixada da página de seu neto no Facebook, Rafael Affonso – todos os direitos reservados ao proprietário da página)

a) João Affonso. Dos primeiros a aqui residir, João Affonso chegou à região quando tudo ainda acontecia em termos de Invernada, e as primeiras lideranças eram João Cravo, Eugênio Macaco, Alfredo Marcondes e outros. Ainda se viam restos de acampamento do Engenheiro Carlos Borromei, primeiro homem branco a pisar a região. Segundo nos relata seu neto Rafael Affonso, em sua página no Facebook, seu avô (o pioneiro de que ora tratamos) veio para a nossa região, procedente de Leme/SP. Administrador de fazendas que era, João Affonso veio para o Paraná inicialmente com destino a Cambará, onde ajudou a abrir a Fazenda Santa Clementina, na qual permaneceu por um certo espaço de tempo. De Cambará, João Affonso veio para Bandeirantes, contratado pelo doutor Ladeira para abrir a sua fazenda, que outra não é senão a Fazenda Bandeirantes, de há muito propriedade da Usina Bandeirante. Informa-nos ainda Rafael Affonso em sua página, que seu pai, Rubens Affonso (a quinta criança a ser registrada em Bandeirantes, quando o cartório de registro civil ainda era na Invernada), dizia ter ouvido de João Affonso, que ele ajudou a construir a primeira ponte sobre o Rio das Cinzas. Deixando a fazenda doutor Ladeira, João Affonso comprou uma área de 33 alqueires de terras no lugar hoje conhecido por Porteira Preta.

(continua…)

* Walter de Oliveira, 90, articulista desta Folha, é bandeirantense, nascido em 1932

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