Os Pioneiros, por ramo de atividade no povoado (De 1930 a 1950)

Trigésima Sétima Parte

Walter de Oliveira*

De volta ao agradável encontro com os nossos leitores, retomamos as listagens dos pioneiros do povoado da estação e da cidade de Bandeirantes nos anos de 1930 a 1950, onde em nosso penúltimo artigo o foco eram os fabricantes de bebidas e estávamos na letra “c”, ocupada pela Destilaria Bandeirantes, fundada pela firma Osten & Giovanetti, cujos sócios eram os irmãos Aldivar e Odair Von der Osten e José Giovanetti. Os pioneiros integrantes desse trio já foram listados anterior e respectivamente, quando os ramos contemplados foram os escritórios de contabilidade (Aldivar e Odair Von der Osten) e bares (José Giovanetti). É por força disso que deixamos de nos referir às suas respectivas esposas e filhos, exceptuando o caso do casal Maria e José Giovanetti, que à oportunidade da listagem anterior, omitimos involuntariamente o nome, que ora incluímos, de sua filha Heloísa.

d) Fábrica de Guaraná Pinheiro. Essa fábrica ficava no prédio situado na esquina da Avenida Bandeirantes, com a antiga rua Santa Catarina (atual Benedito Bernardes de Oliveira). O seu funcionamento foi logo que dali saiu o Bar Tropical (dos mais sofisticados que a cidade já teve) e durou por um longo período, vindo depois a se instalar ali a primeira agência do Banco do Brasil. Por último e para avivar a memória dos nossos leitores quanto a esse local, ali também funcionou, por muitos anos, a sede do União Bandeirante Futebol Clube, o refeitório e o alojamento dos seus atletas. O nome Fábrica de Guaraná Pinheiro se originou do sobrenome do seu proprietário, única referência sua que até aqui conseguimos obter. Dele nos lembramos que tinha dois filhos, cujos nomes igualmente não logramos ficar sabendo, ao menos por ora. Uma última referência sobre esse pioneiro, é que nos lembramos de ele haver transferido sua fábrica para a cidade de Ribeirão do Pinhal.

Encerrada a listagem dos pioneiros fabricantes de bebidas, vamos agora aos pioneiros do ramo dos hotéis, quando abrimos um parêntese para informar que aqui estarão também incluídos os pioneiros donos de pensão, estabelecimentos muito em voga e de muita procura naqueles tempos, onde tudo era difícil e escasso, inclusive onde dormir e comer, a grande preocupação dos viandantes, que se contavam por centenas.

a) Hotel do Minho. Primícia de todos que aqui se instalaram, o Hotel do Minho foi fundado pelo português João Baptista de Souza, estranhamente também conhecido por João Guimarães. O nome “Minho” foi uma homenagem à terra que ele deixara além-mar, antes de integrar a lista de passageiros de terceira classe, assim classificados os imigrantes (quase sempre com escassíssimos recursos) que viajavam no porão dos transatlânticos, em busca de um futuro melhor, dentre os quais muitos dos nosso ancestrais. A distância entre o rancho que ostentava a placa com o nome Hotel do Minho e a estação ferroviária era inferior a cem metros. E as mesmas fortes mãos que empunharam o machado Collins para por no chão as centenárias ou quiçá milenares perobas-rosa que ocupavam a área comprada por seo João, também cavaram os buracos e valas que receberam os pés-direitos e os alicerces que sustentaram a primeira construção. Esta não foi erguida com achas de madeira ou coqueiros partidos ao meio, mas com tábuas, vigas, caibros e telhas de barro que seo João fora comprar em Cambará e para cá trazidas em vagões dos trens-de-ferro que vinham a reboque das locomotivas maria-fumaça. Estas, atravessando as densas matas da região e por conta do seu incessante resfolegar e apitos estridentes, assustava tanto os bichos e pássaros, quanto os índios caingangues que ainda existiam na região.

Homem prático, experiente e muito cortês no trato dos hóspedes, o pioneiro João Baptista de Souza foi compensado pelo crescente aumento da sua clientela. Esta tanto cresceu, que o obrigou a expandir sua área hoteleira, já nessa nova fase feita em alvenaria. Por fim, chegamos ao enorme casarão que ainda hoje pode ser visto como testemunha de uma época e trabalho de um homem, sua esposa e filhos. O Hotel do Minho foi erguido na esquina da antiga Praça Marechal Deodoro, atual Brasil-Japão/Valderi Vilela, com a hoje Avenida Benedito Leite de Negreiros. Dentre os seus inúmeros hóspedes, podemos ressaltar que um dos primeiros e mais ilustres foi Paulo Domingos Regalmuto Coffa, que logo adiante constará desta lista de pioneiros. João Baptista de Souza foi casado com dona Maria Assumpção Abadia e o casal, ao que conseguimos apurar, teve os seguintes filhos: Ângelo, Laura, Antônio, Rosa, Mercedes e João Batista Filho.

b) Hotel Paraíso. Situado à Praça Brasil-Japão/Valderi Vilela, o Hotel Paraíso foi o segundo do ramo a ser construído na Bandeirantes daqueles tempos. Hoje, ainda no mesmo endereço e com o mesmo nome, já de há muito é tocado e gerido pelas popularíssimas e estimadas irmãs Agda e Gessy Trindade, mas seus fundadores foram os pioneiros Joversino de Assis Teixeira e José Alves Cabral.

(continua…)

* Walter de Oliveira, 90, articulista desta Folha, é bandeirantense, nascido em 1932

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