Pioneiro Aldo Garcia, proprietário do Palace Hotel e sua esposa dona Alice Garcia (foto cedida por seu neto Edgar)

Os Pioneiros, por ramo de atividade no povoado (de 1930 a 1950)

Trigésima Nona Parte

Walter de Oliveira*

De volta aos nossos fragmentos, não podemos deixar de externar penhorados agradecimentos aos nossos generosos leitores pelas suas carinhosas manifestações de apoio a este nosso modesto trabalho e dizer-lhes, ao mesmo tempo, o quanto elas nos animam e estimulam, eis que são, na verdade, a grande ajuda e insumo para que continuemos nesta viagem no tempo e na história.

Interrompemos nosso artigo anterior na letra “d)” da listagem dos pioneiros donos de hotéis, da época do povoado da estação e da cidade, nos anos de 1930/1950, quando falávamos do hotel da antiga estação rodoviária, cujo primeiro proprietário foi o pioneiro Augusto Gomes da Silva, e que nele também moraram, por algumas temporadas, pessoas como os cantores sertanejos João Mineiro e Marciano e Milionário e José Rico, então ainda não famosos. Pudéssemos ligar um imaginário videotape do tempo, iríamos ver naquela estação rodoviária, o hotel do seo Augusto, o bar do seo João Moura, a frutaria do seo Fujii, os “guichês” da Viação Garcia e os bazares ali instalados, fervilhando de gente. O mesmo acontecia com a saudosa Praça Marechal Deodoro e as lojas e demais casas comerciais estabelecidas na Avenida Bandeirantes, nas proximidades da “estação de ônibus”. Um detalhe: ali se contava com uma moderna “engraxataria”, na qual os “operadores” da escova e das flanelas faziam os sapatos de seus clientes ganharem brilho antes jamais visto.

  1. e) Palace Hotel. Situado na rua Eurípedes Rodrigues, entre as ruas Dino Veiga e Benedito Bernardes de Oliveira, esse hotel teve dois pioneiros na sua história. O primeiro foi Paschoal Galatti. Esse pioneiro, assumiu o prédio em que se instalou o Palace Hotel, quando nele deixou de funcionar a Clínica de Saúde Santa Margarida, do médico Hazael Martins Ribeiro. Com instalações as mais luxuosas para a época, o Palace passou a ser a sensação da cidade, em termos de hospedagem, incluindo a sua esmerada culinária. Seo Galatti, como o seu dono era também conhecido e chamado, era um homem de aspecto circunspecto e amável a um só tempo, o que lhe granjeava o respeito e a simpatia de todos com quem tratasse. E foi assim que ele conseguiu ir, aos poucos, “roubando” hóspedes de seus concorrentes, Hotel do Minho, Hotel Paraíso e Hotel da Rodoviária. Paschoal Galatti era casado, mas apesar dos esforços despendidos, não logramos êxito quanto ao nome da sua esposa. O casal teve os filhos Ana Maria e José Carlos.

O segundo pioneiro do Palace Hotel foi Aldo Garcia, cujos familiares são ainda os seus atuais donos. Vindo de Siqueira Campos, Aldo Garcia foi aos poucos ampliando as instalações do seu hotel, que sob a sua direção e coadjuvado pela sempre alegre e competente esposa, dona Alice, foi a “moradia” provisória da maioria dos caixeiros-viajantes das firmas atacadistas que faziam a nossa região. Com seus amplos salões de refeitórios e à época em que não se falava em restaurantes locais (como Kojó e outros), o Palace Hotel era local de grandes almoços e jantares, inclusive para recepcionar não só personalidades políticas da mais alta representatividade, como artistas e jogadores de times famosos, nos tempos de atuação do União Bandeirante Futebol Clube. Aldo Garcia foi casado com dona Alice Garcia e o casal teve os filhos Celeida, Norberto (in memoriam), Sueli e Elisabeth, afora crianças que se fizeram adultos, sob os cuidados do casal (e por este considerados filhos), como o caso de Maria Gerusa.

Antônio Ranazzi Bentivenha, ao tempo que auxiliou o pioneiro Magno Pinto de Toledo, seu pai “adotivo”, no Hotel Paraíso (foto cedida por Carlos Alberto Bentivenha, neto do pioneiro)
  1. f) Pensão Paulista. Situada na antiga Avenida Espírito Santo, atual Comendador Luiz Meneghel, próximo onde hoje se encontra a loja Fefarel, essa pensão, a exemplo dos hotéis Palace e Paraíso, foi também tocada por dois pioneiros. O primeiro, foi Antônio Martins Santana, mais conhecido por Nico Pinhão, que segundo nos informou o seu sobrinho-bisneto Haroldo Martins Santana, foi casado com dona Eudócia Martins Santana e o casal teve os filhos Adélia, Ednéia, Nadir, Dinorah, Doroti e José. Contou-nos ainda Haroldo, que passados alguns anos, o pioneiro Antônio Martins Santana mudou-se para a cidade de Ourinhos/SP, época em que a pensão passou a pertencer ao pioneiro Magno Pinto de Toledo, que no artigo anterior já foi listado no mesmo ramo, quando proprietário do Hotel Paraíso. Sobre este pioneiro, conta-nos o seu neto Carlos Alberto Bentivenha, que seu avô veio para cá em companhia de Sebastião Pinto de Toledo, seu irmão mais velho, e que a sua primeira moradia foi no bairro Água do Cateto, vindo para a cidade algum tempo depois. Conta-nos ainda Carlos Alberto, que seu avô era também chamado de Carlos, porque o padre que o batizou exigiu que o nome Magno fosse precedido do nome Carlos.

(continua…)

* Walter de Oliveira, 90, articulista desta Folha, é bandeirantense, nascido em 1932.

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