Pioneiro Vicente Rodrigues de Mattos (foto cedida pela filha Maria Helena)

Os Pioneiros, por ramo de atividade no povoado (De 1930/1950)

Quadragésima Parte

 

*Walter de Oliveira

Com a permissão dos nossos leitores e embora reconhecendo a nossa limitação gramatical, tomamos a liberdade de justificar, nossa escolha pela palavra “fragmentos”, em sua forma no plural, para o título desta série de artigos. A referida palavra significa, nesse contexto, fração, migalha ou parte de um todo que se dividiu. O que estamos fazendo, outra coisa não é, senão juntar essas frações, migalhas, ou pedaços do todo da nossa história. E acontece que nesse mister, ocorre às vezes de deixarmos algo para trás, o que constatado por nós mesmos ou por oportunos alertas dos nossos leitores, obriga-nos a restabelecermos a realidade do que está sendo relatado.

Por outro lado, e como já dissemos em artigo anterior, este trabalho tem sido, e continuará sendo, fruto da busca em registros históricos existentes e nos “arquivos” de nossa memória e da memória de nossos leitores, sempre atentos e dispostos a darem a sua valiosíssima ajuda. Estamos enfim, diante de uma obra literalmente memorialista, que segundo Nélida Piñon (falecida no último sábado, 17, e primeira escritora a presidir a Academia Brasileira de Letras), “é o conjunto de fagulhas expelidas pelo nosso repositório mental”.

Se dizemos isso tudo é por havermos dado conta que ao listarmos os pioneiros fabricantes de bebidas, deixamos de citar a Fábrica de Bebidas Pacaembu, que passa agora a ser a letra “r)” daquela listagem. Essa fábrica ficava situada na atual rua Prefeito José Mário Junqueira, em frente onde hoje está a Academia Ativa e pertencia a dois pioneiros. O primeiro e quem a representava comercialmente e junto à rede bancária, era Euclides José de Brito, que ficaria bastante conhecido por Euclides Pacaembu e o segundo pioneiro, era Arnaldo da Silva Machado, que anos mais tarde e já depois da desativação da fábrica, ficaria conhecido como Arnaldinho Preto, um eficiente corretor de veículos e imóveis. O pioneiro Arnaldo cuidava mais do setor de carregamento e entregas, porquanto a fábrica, além do seu “carro-chefe”, o Guaraná Pacaembu, era também representante dos produtos Cinzano em todo o norte pioneiro. O pioneiro Euclides José de Brito era uma pessoa assaz comunicativa e extrovertida, e além de tudo, era também um excelente acordeonista. Disso poderão atestar, e se ainda vivos estiverem, os frequentadores dos bailes dados por dona Carola, mãe do pioneiro. Euclides Brito foi casado duas vezes: a primeira, com dona Maria José Ferreira de Brito e o casal teve o filho Euclides Júnior, e pela segunda vez não logramos obter o nome da esposa e tampouco dos seus filhos, se os tiveram, posto que o casal mudou para o estado de Mato Grosso. O pioneiro Arnaldo da Silva Machado foi casado com dona Irma Tavella Machado e o casal teve os filhos Ana Paula, Luciana Maria e Arnaldo Júnior.

Pioneiro Arnaldo da Silva Machado e sua esposa dona Irma (foto cedida pela filha Ana Paula)

Uma vez “recolhido” o sobredito e omitido fragmento da nossa história, voltamos à interrompida listagem dos nossos pioneiros do setor de hotéis e pensões do povoado da estação e da cidade, nos anos 1930/1950, quando encontramos na letra g) o Hotel Aliança. Feito parte em alvenaria e parte em madeira, esse hotel pertencia ao pioneiro Benigno Figueiredo e ficava situado na antiga rua Maranhão, hoje Juvenal Mesquita, defronte onde hoje se acha o escritório de advocacia Valdir Bittencourt. Para geri-lo, o pioneiro Benigno contava com a ajuda da esposa, dona Tereza, da cunhada Júlia e do irmão João Evangelista de Figueiredo. Seo Benigno era genro do também já listado pioneiro em carpintaria, José Sossoloto, viúvo, e que residia no hotel. À época (1955) trabalhávamos como escrevente juramentado do tabelionato de notas da cidade, situado em área contígua ao hotel, motivo pelo qual tínhamos estreita relação de amizade com todos os referidos. Como era comum à época, as pessoas residentes ao lado das serventias notariais terminavam sendo uma espécie de “testemunhas oficiais” nas escrituras e procurações ali lavradas. Por isso, se for realizado um levantamento a respeito, certamente que os irmãos Benigno e João Evangelista figurarão entre os que mais foram testemunhas em atos lavrados no tabelionato de Bandeirantes, em todos os tempos. O pioneiro Benigno Figueiredo foi casado com dona Tereza Sossoloto Figueiredo e o casal teve uma única filha, de nome Maria das Graças.

  1. h) Pensão Vitória. Situada na rua Benjamin Caetano Zambon, um pouco abaixo do Lojão do Queima, essa pensão teve como proprietários, ao que sabemos, quatro pioneiros, os quais listaremos por ordem: 1) Pioneiro Vicente Rodrigues de Mattos. Esse pioneiro, tempos mais tarde, viria a ser vereador municipal e, profissionalmente, a integrar o quadro de fiscais da receita estadual. Ele foi casado com dona Helena Storel de Mattos e com ela teve os filhos Maria José, José Vicente, Luiz Roberto, Mauro, Maria Helena, Maria Aparecida e José Augusto; 2) Pioneiro Manoel Cuencas. Em que pesem nossos esforços, desse pioneiro, além do seu nome, que consta no livro de Solano Medina, temos o nome de dona Filhinha, como era conhecida a sua esposa e nada mais.

(continua…)

* Walter de Oliveira, 90, articulista desta Folha, é bandeirantense, nascido em 1932

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui