José Osipe (ou Zequinha Osipe). Foto cedida pela sua tia, Diva de Oliveira Osipe.

Os Pioneiros, por ramo de atividade no povoado (de 1930/1950)

Quadragésima Segunda Parte

Walter de Oliveira*

Continuamos os nossos fragmentos históricos quando estes se referem aos pioneiros da estação e da cidade (anos 1930/1950), que se dedicaram ao ramo de hotéis e pensões. Encerramos o artigo anterior listando o nome do pioneiro Ângelo Pavan, que foi o fundador da Pensão Vitória (letra “h” da listagem), cujo detalhe ignorávamos até que fomos avisados disso pelo ruralista Roberto Pavan, neto daquele pioneiro. Dissemos naquela oportunidade que a referida hospedagem, passou, com o surgimento do pioneiro Pavan, a contar com cinco e não quatro pioneiros, como dito no antepenúltimo artigo, e destes cinco, três já foram listados, cujos nomes repetimos: Ângelo Pavan, Vicente Rodrigues de Mattos e Manoel Cuencas. Destarte, vamos agora listar os dois últimos que são: José Osipe e a Sra. Dolores (cujo sobrenome não logramos sucesso em saber).

Mais conhecido por Zequinha Osipe, José Osipe foi, depois do “Machadinho do Bar”, o pioneiro-comerciante de menos idade a fazer parte desse rol. Ainda adolescente, mas sobremaneira ativo e expedito, ele empregou-se como cobrador, na empresa de ônibus Platinense, fazendo a linha Santo Antônio da Platina-Curitiba. Para que os nossos leitores melhor se situem, essa empresa foi o “embrião” do que hoje é a portentosa “Princesa do Norte”. Ali ele permaneceu até por volta de 1953/54, durante cujo tempo conseguiu reunir alguma reserva monetária, ou como ele próprio costumava falar, fez os seu primeiro “pé-de-meia”. Tal reserva foi o suficiente para ele proclamar a sua independência financeira, posto que já passou de empregado a empregador, pois sua pensão, mobilizava um considerável número de funcionários, tais como atendentes de recepção, arrumadeiras, cozinheiros, garçons, lavadeiras e outros. A Pensão Vitória, à época de Zequinha Osipe, era o “top” entre as suas congêneres da cidade. Dentre seus inúmeros hóspedes (muitos dos quais mensalistas) estavam o coronel André Siccuro, delegado de polícia local e Nestor Pedroso, o maior e mais afamado comerciante-ambulante de roupas e armarinhos da região. Conhecido por Nestorzão, é imperioso que se diga que foi ele, nos tempos áureos do União Bandeirante, o fundador da bandinha “Furiosa”, que alegrava as partidas de futebol das tardes de domingo da cidade e ajudava a “levantar” a torcida nas jogadas magistrais de Tião Macalé, Charuto, Pescuma e Serafim, ou nas “arrancadas” fatais de Paquito, tabelando com Tião Abatiá, e por fim, no balançar da rede adversária.

Passado algo como uns dois anos (1957), e já com o seu segundo “pé-de-meia”, como ele dizia, Zequinha encerrou as suas atividades de hospedeiro e trocou a pensão por uma propriedade agrícola no município de Jundiaí do Sul/PR, do qual, todavia ele não conseguiu usufruir, posto que foi vitimado em trágico acidente de automóvel, cujo condutor, ironicamente, era o seu ex-patrão, dono da empresa de ônibus em que ele arrumou o seu primeiro emprego. José Osipe foi casado com dona Aparecida Cipriano Osipe e o casal teve os filhos Mara e José Osipe Filho.

A quinta e última pessoa a gerir, como pioneira, a Pensão Vitória, foi a senhora Dolores, cujo sobrenome, não obstante os esforços envolvidos, não conseguimos obter, era na realidade a ex-dona da propriedade agrícola referida na letra anterior. Com um atendimento a gosto da grande e seleta clientela da sua pensão, a pioneira Dolores a dirigiu, ao que sabemos e ao que consta, até a sua desativação, tendo sido, portanto, a sua última proprietária. Já viúva quando veio para Bandeirantes, ao que nos lembramos, dona Dolores tinha um filho por nome de Aparecido, o qual teve uma oficina mecânica nas proximidades da conhecida Borracharia do Juca, na saída para a Usina Bandeirante.

i) Pensão Bandeirantes. Pertencente ao pioneiro José Lino Filho, mais conhecido por José Enxerga (apelido que ganhara pelo estrabismo que portava), nós conhecemos esse pioneiro nos ramos de alfaiataria e bar. A Pensão Bandeirantes, citada no livro de Medina (O Município de Bandeirantes/1950), era na verdade, apenas um estabelecimento que fornecia refeições, e os fregueses mensais eram chamados “pensionistas”. Ela situava-se na Avenida Bandeirantes, no local que mais tarde transformado em bar, tornou-se muito conhecido, como o “Bar do Kojó”. José Lino Filho foi casado com dona Aparecida Chanca Lino e o casal teve os filhos Elenice, Rosa e Maria Helena, conforme informações da professora aposentada Guiomar Chanca Pereira, a quem agradecemos.

j) Pensão Yabe. Citada no livro de Medina como “Pensão Mansan”, a Pensão Yabe se situava na atual Comendador Luiz Meneghel, lado esquerdo de quem sobe, entre as atuais ruas Eurípedes Rodrigues e Juvenal Mesquita, no local onde se acha ainda hoje, o Foto Shimada. Dos primórdios da cidade, essa pensão foi fundada pelo pioneiro Naka Yabe e era ali, o ponto de referência, de apoio, de alimentação e também de pernoite, para todas as pessoas que fossem ligadas à Fazenda Nomura, isso a partir da nacionalidade de seu proprietário, que era japonês, como o eram o dono da fazenda e todas as pessoas que nela exerciam funções de administração e destaque.

(continua…)

* Walter de Oliveira, 90, articulista desta Folha, é bandeirantense, nascido em 1932

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui