Pioneiro Carlos Osipi (foto cedida por sua nora, Diva de Oliveira Osipe)

Os Pioneiros, por ramo de atividade no povoado (De 1930/1950)

Quadragésima Terceira Parte

Walter de Oliveira*

Ao retomarmos a escrita destes fragmentos, ocorreu-nos o pensamento de alguns dos nossos diletos leitores estarem entediados com a longa listagem dos nossos pioneiros do povoado da estação e da cidade nos anos 1930/1950 (por ramos de atividade). À vista de tal hipótese, achamos oportuno lembrar da imprescindibilidade de tais registros, porquanto são eles – os pioneiros – os elementos que formaram o “alicerce” da nossa história. Dizendo de outra forma, a importância dos pioneiros na formação da história de uma cidade, é a mesma da argamassa e do ferro na construção e sustentação de uma casa ou edifício. Assim, convidamos a quantos nos leem a se imaginarem vivendo aqueles dias ou, em uma viagem imaginária, se fazerem neles presentes e poderão avaliar, pelas dificuldades, problemas e obstáculos que aqueles pioneiros tiveram de enfrentar, a importância da contribuição (por pequena que seja) de cada um deles, para que a nossa Bandeirantes viesse a ser a pujante cidade que hoje é.

Isto posto, voltamos à listagem dos nossos pioneiros de então, focados naqueles que se dedicaram ao ramo de hotéis e pensões e chegamos até a letra “j)”, com a “Pensão Yabe”, citada no livro de Solano Medina, como Pensão Mansan. Essa pensão, repetindo, ficava situada na atual Avenida Comendador Luiz Meneghel, no local em que hoje de acha o Foto Shimada. Por um erro de registro, no livro de Medina, citamos no relato anterior que essa pensão fora fundada pelo pioneiro Naka Yabe (nome que no mesmo relato foi equivocadamente atribuído a uma pessoa do sexo masculino, sendo que o mesmo é de uma pessoa do sexo feminino), quando na verdade, ela foi fundada pelo pioneiro Toite Yabe. O mais do relato anterior está correto. O pioneiro Toite Yabe foi casado com dona Naka Yabe e o casal, segundo nos informou o amigo Kunio Ochiai, não teve filhos biológicos e sim uma filha por eles adotada, de nome Rosa Yabe.

Pioneiro Yuzo Ochiai (foto cedida por seu filho, Kunio Ochiai).

k) Pensão Ochiai. Foi seu fundador o pioneiro Yuzo Ochiai, um japonês que emigrou para o Brasil nos idos de 1926 e que se fixando com a esposa e familiares na região paulista de Ribeirão Preto, ali trabalhou até o ano de 1932, quando veio para a nossa região. Aqui na cidade, ainda nascente, Yuzo Ochiai construiu a sua casa na atual Avenida Comendador Luiz Meneghel, precisamente no terreno em que hoje se encontra o templo da Igreja Universal do Reino de Deus, pegado à loja Empório da Moda. Como primeira atividade, o pioneiro Yuzo comercializava sardinha e camarão, que recebia de São Paulo, duas vezes na semana. Isso quem nos informou foi o seu filho (e nosso particular e mais que prezado amigo) Kunio Ochiai, seguramente um dos maiores acervos memorialistas da nossa valorosa colônia nipônica. Contou-nos ainda Kunio, que sendo o seu pai muito amigo de Massaaki Kimura, de alta posição de mando na Fazenda Nomura, foi convencido por este a se estabelecer com o ramo de hospedaria, o que ele o fez, ali no mesmo endereço em que residia, e em cuja pensão, dentre os seus mais ilustres clientes, o maior destaque ficava para o senhor Massaaki Kimura. Tendo sido bancário no Japão por várias décadas, o pioneiro Yuzo Ochiai era um homem de refinado trato e muita experiência no relacionamento com o público, o que em pouco tempo, o levou a ser uma espécie de exitoso “despachante” da Fazenda Nomura, junto às repartições públicas. Isso tudo nos revelou com velado e justo orgulho, o seu filho Kunio Ochiai. Yuzo Ochiai foi casado com dona Tsuru Ochiai e o casal teve os filhos Kunio e Luthy.

l) Pensão Osmar. Essa pensão situava-se à antiga rua Benjamin Constant (hoje Benjamin Caetano Zambon), na esquina com a rua Eurípedes Rodrigues. A sua entrada era pela rua Benjamin Caetano Zambon e o seu fundador foi o pioneiro Manoel Ortega, o qual, no entanto a deixou aos cuidados de familiares ou a alugou para terceiros, posto que dele nos lembramos noutra lida. “Seo Ortega” tinha uma carrocinha de tração animal, com a qual fornecia lenha, o combustível então usado nos fogões de taipa, para o preparo de refeições e nos fornos de assar pães. O pioneiro Manoel Ortega foi casado com dona Eliza Pisolato Ortega e teve os filhos Alice, Oswaldo, Emídio, Nelson e Osmar.

m) Pensão Líder. Fundada pelo pioneiro Carlos Osipi, essa pensão ficava na rua Benjamin Caetano Zambon, defronte onde hoje está o Posto Fera. Polonês, esse pioneiro era uma pessoa singularíssima, e cuja forma de lidar com as pessoas o tornava um dos homens mais cativantes que conhecemos. Era o que podia ser chamado, sem favores, de um “gentleman”, razão pela qual para se hospedar na sua pensão, era só mesmo com reserva antecipada, tal era a sua preferência pelo público. A Pensão Líder funcionou por um bom, mas não muito longo tempo, posto que foi desativada pelo próprio fundador ao decidir mudar de atividade, passando a trabalhar com o transporte de toras de madeira, da mata para as serrarias, quando nos anos de 1954/1955, fomos seu parceiro de trabalho. O pioneiro Carlos Osipi foi casado com dona Irene Batista Osipi e o casal teve os filhos Joana, Anastácia, Pedro, José, Lúcia, Rodolfo e Ilma.

(continua…)

* Walter de Oliveira, 90, articulista desta Folha, é bandeirantense, nascido em 1932

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