Constantino Portugal, pioneiro e primeiro fotógrafo do povoado da estação e da cidade. Foto cedida por seu neto, José Reginaldo Portugal

Os Pioneiros, por ramo de atividade no povoado (De 1930/1950)

Quadragésima Quinta Parte

 

Walter de Oliveira*

Pois é, caros e diletos leitores. Como o próprio título destas linhas anunciam, estamos aqui trazendo e apresentando “pedaços da nossa história”, os quais, quando compilados no livro em elaboração, nos darão a feição de “um todo”. E dizemos isso porque em nosso artigo anterior, ao iniciarmos a listagem dos pioneiros do povoado e da cidade, nas décadas de 1930/1950, do ramo de fotografias, iniciamos pelos nomes referidos no livro “O Município de Bandeirantes”, 1950, de Solano Medina. Referido livro registrou tão somente os nomes de Megume Yamamura (do qual já informamos o que conseguimos saber, pela gentil colaboração do relojoeiro Geraldo Takase) e Tadao Sato, que seria o primeiro pioneiro de quem hoje trataríamos. Sabíamos, contudo (eis que aqui nascemos), que existiram outros e vários pioneiros nesse ramo, os quais, obviamente, iremos listar. Como, no entanto, e para nosso prazer, recebemos uma gentil e oportuna mensagem de nosso amigo José Reginaldo Portugal, e em atenção ao que dela consta, vamos alterar, como já fizemos outras vezes, a ordem alfabética da listagem dos pioneiros em causa, iniciada no artigo anterior, para que se conste, efetivamente, de quem foi o pioneirismo da fotografia em nossa história, que na verdade foi, Constantino Portugal.

Os noivos Ilda Sachs Portugal e Antônio Portugal, com seus respectivos pais, Guilherme, Anccila, Fermina e Constantino. Foto cedida pelo filho do casal, José Reginaldo Portugal

a) Constantino Portugal. Natural da terra do autor de “Os Lusíadas”, veio para o Brasil aos quatro anos de idade, tendo sido registrado na cidade do Rio de Janeiro em 11 de novembro de 1898, e vindo para o estado do Paraná no início dos anos 1920, quando fixou residência em Jacarezinho, à época sede do município com esse nome, que abrangia toda a região setentrional do estado. Em 1940, Constantino Portugal veio para Bandeirantes, quando se instalou como fotógrafo, na antiga rua Espírito Santo (hoje Avenida Comendador Luiz Meneghel). Temos disso perfeita lembrança por dois motivos: primeiro, porque o nosso pai era colono na “Fazendinha” (nome da fazenda de Ozório Gonçalves Nogueira), cuja casa sede, demolida há poucos anos, ficava onde é hoje o Residencial Monterey. Ou seja, morávamos muito próximos da cidade, e o segundo motivo, porque o “seo” Portugal (como era chamado) era membro da Igreja Presbiteriana Independente local, a mesma a que pertenciam os nossos pais. Do “seo” Portugal, lembramos que o seu “foto” (nome que se dava aos estabelecimentos fotográficos) ficava na avenida supra citada, entre as atuais ruas Eurípedes Rodrigues e Juvenal Mesquita, do lado esquerdo de quem sobe. É da vitrine do seu “foto”, e graças à sua habilidade profissional, que vimos, pela primeira vez a fotografia da mesma pessoa, em duplicata, uma em frente à outra, à mesa, tomando café (hoje algo corriqueiro, mas à época, grande novidade).

Informou-nos ainda José Reginaldo Portugal (neto do pioneiro), que seu avô era auxiliado em sua lida fotográfica pelo ainda jovem filho Antônio Portugal, sobre o qual já nos referimos quando escrevemos sobre “Águas Yara” e também ao listarmos os pioneiros no ramo de “motoristas ou chauffeurs de praça”. Ainda sobre Constantino Portugal, nos acode à lembrança ter sido ele o fotógrafo cujas câmeras (ainda com flash à pólvora) registraram a cerimônia de lançamento da pedra fundamental da sobredita Igreja Presbiteriana Independente, da qual é diaconisa em disponibilidade, a sua neta Marilda Silva. Tempos depois, Constantino Portugal mudou-se para a cidade de Ibiporã, da qual posteriormente, retornou a Bandeirantes, já então atuando no ramo de funilaria, cujo pioneirismo não mencionamos na respectiva listagem, mas o faremos quando da edição do nosso livro. Esse pioneiro foi casado com dona Fermina Maria de Jesus (que segundo o seu referido neto e nosso gentil informante era também sua companheira de pescaria) e o casal teve os filhos Sebastiana, Antônio, Isaura, Tereza e Moyses.

b) Como segundo pioneiro temos Antônio Portugal, filho do pioneiro Constantino. Deste pioneiro, a primeira lembrança que temos, data de 1945, quando o vimos, envergando o seu uniforme verde-oliva, que agora ficamos sabendo pelo que nos informou seu neto, era do 5º Regimento de Cavalaria de Curitiba. Como já dito, o manejo das câmeras lhe foi ensinado por seu pai, Constantino. O pioneiro Antônio Portugal, natural que é de Jacarezinho, terminou por ser um bandeirantense de corpo e alma. Após seu pai haver se mudado para Ibiporã, Antônio Portugal se firmou como “o fotógrafo da cidade”, e quem quisesse conferir a alta qualidade do seu trabalho como tal, era só ir até o “Foto Portugal”, na rua Eurípedes Rodrigues, ao lado de onde hoje se encontra o consultório de odontologia do Dr. Nicácio Pelegrini. Nesse mesmo local, ele construiu a sua casa, criou os seus filhos e encerrou os últimos dias de uma vida útil e exemplar, nas suas diversas outras atividades, exercidas sempre com eficiência e probidade. O pioneiro Antônio Portugal foi casado com dona Ilda Sachs e o casal teve os filhos Antônio Paulo e José Reginaldo.

c) Megume Ymamura. Relativamente a esse pioneiro, tudo o que conseguimos apurar, são os constantes nas letra “a)” do nosso artigo anterior.

d) Tadao Sato. Em que pese o livro de Solano Medina tê-lo registrado àquela época como fotógrafo, em nosso município, esse pioneiro era, na verdade, dono de um estúdio fotográfico em Cambará. Conta-nos o amigo Kunio Ochiai – como dito, uma das vozes informativas mais creditadas da nossa colônia japonesa –, que Tadao Sato abriu aqui uma filial, ou representação do seu estúdio cambaraense, e cuja administração ficou a cargo de Durar Shimazaki. Esse “foto” (filial) situava-se à atual Avenida Comendador Luiz Meneghel, do lado esquerdo de quem sobe e na quadra entre as atuais ruas Eurípedes Rodrigues e Juvenal Mesquita, onde viria depois ali se estabelecer o atual Foto Shimada.

(continua…)

* Walter de Oliveira, 90, articulista desta Folha, é bandeirantense, nascido em 1932

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