OS PIONEIROS NO POVOADO (DE 1930/1950)

QUADRAGÉSIMA SEXTA PARTE

Walter de Oliveira*

Após duas quartas-feiras ausente deste espaço, retornamos hoje, esperando que os nossos diletos leitores nos relevem pela nossa dita ausência. Por outro lado, ao voltarmos aos nossos relatos semanais, não o faremos dando continuidade à listagem que estamos fazendo dos pioneiros do ramo fotográfico, à qual voltaremos na edição da próxima quarta-feira.

Os “Fragmentos” de hoje versarão também sobre pioneiros, apenas que não por “ramo de atividade” de cada um dos listados, posto que os nossos protagonistas de hoje chegam a este espaço por sua “ação grupal” ou “coletiva”. E como o móvel da sua ação é o altruísmo e o voluntariado, com o despojamento de promoção dos indivíduos seus condutores e factuadores, o destaque deste relato caminha ao rumo da entidade que a norteia e viabiliza.

Estes “Fragmentos” listarão os nomes de vinte pioneiros, que aos poucos e após muitas e sucessivas reuniões, decidiram organizar e fundar na nossa então adolescente cidade, um clube voltado à prestação de serviços e cujo objetivo declarado é unir voluntários a fim de prestar serviços humanitários e promover valores éticos e a paz a nível internacional, (similar aos já existentes no mundo, desde 1905 e no Brasil, desde 1923). E se dizemos adolescente, é porque à época a que nos referimos, 1949, Bandeirantes contava com apenas quinze anos de emancipação política. E foi por essa época que um pugilo de valorosos pioneiros, vindos para cá dos mais diversos e longínquos lugares, fundaram o Rotary Club de Bandeirantes, ligado ao Rotary Internacional.

Eram eles: Yves de Oliveira Ribeiro (médico), Benedito Bernardes de Oliveira (dentista), Ozório Gonçalves Nogueira (cartorário e fazendeiro), Nelson Rocha (bancário), Joaquim Araújo (comprador de café e cereais), Wilson Piazetta (Promotor Público), José César Rando (comerciante), Massato Ueno (comprador e beneficiador de café), Dino Veiga (farmacêutico), Nivaldo Nicolau Conter (cartorário), Ely Arantes Pereira (comprador de cereais), Amavel Ligeiro de Carvalho (comprador e beneficiador de café), Hazael Mathias (médico), Pedro Athos Cunha (engenheiro agrônomo), Eurípedes Mesquita Rodrigues (fazendeiro), Brasil Gambaré (comerciante), Manoel Neves Fernandes (bancário), Taro Niyashiki (comerciante), Augusto Cezar Viana Espínola (magistrado) e Álvaro Bulgherone (comprador de cereais). Com exceção do agrônomo Pedro Athos Cunha e do bancário Manoel Neves Fernandes, os outros todos os conhecemos; alguns apenas de vista e outros por relacionamento pessoal, caso de Ozório Nogueira e Eurípedes Rodrigues, dos quais fomos empregados na infância e juventude, respectivamente.

Foi na memorável noite de 21 de setembro de 1949, que esses vinte pioneiros, verdadeiros “bandeirantes” (como os definiria Alberto Farias Cardoso, que sugeriu a mudança do nome “Invernada” para “Bandeirantes”, em homenagem à coragem dos fundadores do nosso primeiro distrito),  deram esse histórico e bem-sucedido passo, que foi o primeiro na busca dos numerosos e bem-vindos benefícios e auxílios que desde então o Rotary Club de Bandeirantes proporcionou e continua a proporcionar aos bandeirantes de então e aos de hoje em dia (haja vista, por exemplo, o caso da recente ajuda, via auxílio emergencial no valor de 25 mil dólares, prestada a fundo perdido pelo Distrito 4710 do Rotary Internacional e pelo Rotary local, às vítimas das últimas enchentes, que atingiram muitas casas e famílias em nossa cidade).

Os vinte nomes e a data de fundação acima listados, nos foram passados por nosso filho Waelson, atualmente rotariano associado ao Rotary Clube de Bandeirantes, com base no que está registrado na obra “Rotary Club de Bandeirantes: Uma história de ética e serviços”, de Cristiano Júnior Balla (organizador) e colaboradores, datada de 2012. Todavia, de nossas muitas conversas com Ozório Nogueira (ao qual sucedemos no cargo de oficial do Cartório de Registro de Imóveis da comarca), ele nos contou que as conversações embrionárias para a fundação do Rotary Club de Bandeirantes começaram por iniciativa do médico baiano Yves de Oliveira Ribeiro, dele, Ozório e do paulista como ele, o dentista Benedito Bernardes de Oliveira. Além de pessoas da mais alta consideração e estima, os três eram igualmente muito persuasivos em suas argumentações. E assim, ao cabo de várias e sucessivas reuniões, com presenças sempre crescentes, na dita e memorável noite de 21 de setembro de 1949, o Rotary Club de Bandeirantes foi solenemente fundado e o celebrado evento se deu no salão do restaurante do Hotel Termas Yara, ao qual seguiu-se um lauto jantar, patrocinado por Paulo Domingos Regalmuto Coffa, fundador e dono do complexo Termas Yara, um dos presentes àquela importante solenidade, tudo segundo nos relatou Ozório Nogueira.

Em 06 de março de 1950, o clube foi oficialmente autorizado e reconhecido pelo Rotary Internacional e tinha o registro do seu estatuto efetuado no Cartório do Registro de Títulos e Documentos da comarca.

Por fim, confessamos o nosso imenso prazer em fazer este registro em nossos “Fragmentos”, à guisa de um modesto, porém sincero, agradecimento ao Rotary Club de Bandeirantes, a partir da sua ilustre atual Presidente, a senhora Ivanilde Regina Pavão Messias, pela generosa homenagem feita à nossa pessoa, concedendo-nos o título de “Associado Honorário” daquele valoroso clube, em razão do trabalho de resgate histórico da nossa amada cidade. Para nós – e à parte qualquer demagogia – esta elevada honra é desproporcional ao nosso eventual mérito. Mas é com muita sensibilidade que a recebemos, com o preito de fazermos dela mais um motivo de bem levar avante o que vimos fazendo. Jamais esperamos a honra de figurar ao lado de tantos e importantes vultos de nossa comunidade. Os presentes agradecimentos são extensivos ao nosso Companheiro Paulo Roberto Balla, Governador atual do Distrito 4710 do Rotary Internacional e a todos os companheiros e companheiras do Rotary Club de Bandeirantes.

(continua…)

* Walter de Oliveira, 90, articulista desta Folha, é bandeirantense, nascido em 1932.