Em pé, à esquerda, o pioneiro Takeshi (Ernesto) Kawasaki e familiares. Foto cedida por Valdir Rodrigues da Silva.

Os Pioneiros No Povoado (De 1930/1950)

Quadragésima Sétima Parte

Walter de Oliveira*

Retomamos hoje os nossos “Fragmentos” do ponto em que paramos na sua quadragésima quinta parte, e estávamos na letra “d)”, quando falávamos do Foto Shimada (na verdade uma representação deste, que era estabelecido em Cambará e pertencia ao fotógrafo Tadao Sato, que, como já dito, era morador daquela cidade). Aqui em Bandeirantes, a representação do Foto Shimada à época dos pioneiros, esteve aos cuidados do fotógrafo Durar Shimazaki, que depois viria a comprá-la e, talvez até por interesse comercial, manteve o nome de Foto Shimada, que ainda permanece até hoje e no mesmo local.

O pioneiro Ryuetsu Ito e sua esposa Satico.
Foto cedida por seu genro, Jorge Aparecido da Silva (Jorge Mineiro).

Com esse pioneiro, começou na profissão o também pioneiro Takeshi Kawasaki, que será listado a seguir. Do pioneiro Durar Shimazaki, podemos ainda aludir um outro detalhe interessante. Foi no seu estúdio fotográfico, que o conhecido advogado Valdir Bittencourt, segundo nos parece, o decano dos causídicos nos fóruns da região, entrando na adolescência, deixou a sua caixa de engraxate e conseguiu o seu primeiro emprego formal. Do mais que conseguimos apurar do pioneiro Durar Shimazaki, é que era casado com dona Lourdes, cujo casal até agora não temos informações se teve descendentes.

e) Takeshi Kawasaki – Foto Shimada. Como acima referido, o seu pioneirismo no ramo da fotografia se deu com ele na condição de empregado do pioneiro Durar Shimazaki. Anos depois, Takeshi, que era mais conhecido como Ernesto Kawasaki, compraria o estúdio fotográfico de Durar Shimazaki, que ainda permanece com familiares seus, visto que Takeshi faleceu prematuramente, vítima de acidente automobilístico, entre Bandeirantes e Abatiá. Ele faleceu solteiro, pois o acidente se deu quando ele ia visitar a namorada, residente em Abatiá. É o que nos informa o leitor Valdir Rodrigues da Silva, que nos enviou ainda a foto do pioneiro e familiares.

f) Foto Ari. Este estúdio fotográfico ficava na atual rua Prefeito José Mário Junqueira, um pouco acima de onde hoje se encontra a Caixa Econômica Federal e pertencia ao pioneiro Ryuetsu Ito, mais conhecido como Paulo ou Ari Ito. Era, como todo nipônico, uma pessoa muito afável e desfrutava de grande estima e popularidade. Esse pioneiro foi casado com dona Satico Ito, que também era conhecida por dona Alice e o casal teve os filhos Wilson (que também tinha o apelido de Bozo), Wilma, Doralice e Dorival. Essas informações as obtivemos com a ajuda de César Garcia, através do genro desse pioneiro, Jorge Aparecido da Silva (ou Jorge Mineiro), morador de Diadema, na Grande São Paulo, aos quais agradecemos.

Sentados, o pioneiro Paschoal Altizani, sua esposa Angelina e os netos José Roberto e Wilma. Em pé, o filho José e a nora Julieta. Foto cedida por seu neto, José Roberto Altizani.

g) Paschoal Altizani. Este pioneiro, tronco de um sobrenome que para bem mais de meio século é dos mais conhecidos na cidade, embora tivesse seu ganha-pão no ramo da fotografia, jamais foi dono de um estúdio fotográfico ou foi visto em eventos familiares ou cívicos, a fazer fotografias. Cremos mesmo que entre todos os bandeirantenses atuais, além de nós – exceto os seus descendentes – não se encontrará alguém que saiba, que aqui, no início da década de 40, existiu um italiano muito simpático, comunicativo e que falava seis idiomas, que se chamava Paschoal Altizani. Esse pioneiro residia à direita da antiga estrada da Invernada (hoje Avenida João da Silva Cravo), ali na altura onde se acha atualmente o bonito Conjunto Vitória. Esse dito cidadão, servindo-se de uma charrete, puxada por burro ou cavalo, percorria os sítios e fazendas, em cujas casas parava, de porta em porta. Ao ser atendido, “seo” Paschoal tirava da charrete uma pesada bolsa de couro, e dela pegava os mais bonitos quadros de “reprodução fotográfica”, e com estes, uma ou mais pequenas fotos, que deram origem às belas e emolduradas reproduções, ainda vistas nas paredes de muitas de nossas casas.

Sempre tinha alguém interessado em tais reproduções, graças às quais, as gerações pósteras podem conhecer as feições dos seus antepassados. Quando falamos isso, é porque nossa saudosa mãe, em 1943, quando nosso pai era colono na Fazenda Vera Cruz, entregou ao “seo” Paschoal as fotos dos nossos avós maternos. E ele, noventa dias depois de tê-las mandado para os laboratórios fotográficos de São Paulo, entregou à nossa mãe um lindo e emoldurado quadro, com o casal já não mais em fotos separadas, mas juntos. Um detalhe interessante é que na reprodução, o nosso avô estava usando uma gravata e a nossa avó um colar, que o “seo” Paschoal disse ser um presente dele ao casal (essa gravata e esse colar, não existiam na fotografia original).

O pioneiro Paschoal Altizani era extremamente agradável e igualmente persuasivo em suas argumentações. Se deixava saudades nos seus inúmeros clientes, imaginamos então, em seus familiares. Ele foi casado com dona Angelina Castiglione Altizani e o casal teve um único filho, José Altizani, que foi nosso colega de escola no quarto ano primário, e que em breve será listado como pioneiro no ramo da tipografia e também do jornalismo.

Até que tenhamos outras informações, encerramos aqui a listagem dos pioneiros do ramo da fotografia.

* Walter de Oliveira, 90, articulista desta Folha, é bandeirantense, nascido em 1932.

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