O pioneiro João Batista Justo. A foto cedida por seu neto, César Antônio Garcia

Os Pioneiros No Povoado (De 1930/1950) 

Quadragésima Oitava Parte

Walter de Oliveira*

Passadas as comemorações da Páscoa – o maior e mais significativo acontecimento na história da Cristandade – voltamos a este nosso gratificante trabalho de resgate da nossa história, quando estamos listando os pioneiros do povoado da estação e da cidade, nos anos de 1930/1950, iniciando hoje pelos pioneiros no ramo de “livraria” e conexos. Como o livro “O Município de Bandeirantes”, 1950, de Solano Medina, cita apenas dois desses pioneiros, quando existiram outros, citaremos primeiro os registrados por Medina, aos quais seguirão os outros não citados por ele, certamente por surgirem à época dos pioneiros, porém, posteriormente à edição do seu livro. Assim, temos então:

a) Empresa Gráfica O Bandeirante. Estabelecida à antiga rua Benjamin Constant (atual Benjamin Caetano Zambon”, no edifício Maryland, vizinho da Imobiliária Bandeirantes e Escritório do advogado Nelson Rosa dos Santos, essa empresa foi fundada pelos pioneiros Yves de Oliveira Ribeiro, Werby Gião e Marcelo Tosca. Vivíamos já o pós meado dos anos 1940, quando o médico Yves Ribeiro veio para Bandeirantes, onde além do competente e dedicado clínico geral que foi, atuou em outros setores da vida da cidade, sobre o que falaremos em capítulo próprio do nosso livro em produção, posto que aqui o retrataremos como o pioneiro que foi no setor supracitado. Ao mesmo tempo acabara de chegar na cidade um outro baiano – como o era Yves Ribeiro –, o jovem Marcelo Tosca e um terceiro, este, vindo do meridional extremo do país, o gaúcho Werby Gião.

Sentados, o pioneiro Yves de Oliveira Ribeiro e sua esposa Estevinha. Em pé, atras, os filhos do casal. A foto foi cedida pelo sobrinho de dona Estevinha, o ruralista Roberto Casali Pavan

Conquanto Yves laborasse no setor médico e Marcelo e Werby fossem comerciantes, o trio por eles composto conjugava dos mesmos anseios e propósitos, via de regra presentes em quantos que se lançam às chamadas “novas fronteiras”: unir forças e esforços, no sentido de alavancar o progresso e o desenvolvimento do lugar que elegeram como “início” ou “continuidade” da sua caminhada rumo ao futuro. E assim pensando, sentiram – mais do que notaram – que a jovem cidade para onde vieram (com pouco mais de dez anos de emancipação política) se ressentia da falta de um estabelecimento que municiasse os seus comerciantes, profissionais liberais e demais laboradores de outros setores de atividade, de materiais de uso diário, tais como notas fiscais, recibos, panfletos e afora estes, livros e materiais escolares (tudo isso, então, vinha de, ou era comprado, em Cambará e Ourinhos).

Após isso, perceberam igualmente a falta que fazia, um jornal local, ainda que fosse de reduzida tiragem e de circulação mensal. E aí, unindo esforços, esses pioneiros criaram a Empresa Gráfica O Bandeirante, cujo designativo final foi o nome do primeiro jornal semanário local, que os bandeirantenses tiveram em mãos. Abrindo um parêntese, informamos que tudo faremos para que o livro que estamos produzindo, estampe em local de destaque a primeira página do primeiro exemplar de “O Bandeirante”, como homenagem a esses três pioneiros.

O pioneiro Yves de Oliveira Ribeiro foi casado com dona Estevinha Pavan Ribeiro e o casal teve os filhos Luiz Cássio, Carmen Lúcia, Ruy Eduardo, Marisa e Yves Filho. O pioneiro Marcelo Tosca foi casado com dona Fiolanta Tosca e o casal teve os filhos Cláudio Antônio, André Luiz e Regina Célia. Quanto ao pioneiro Werby Gião, sabemos apenas que era casado, todavia, debalde foram os nossos esforços em descobrir o nome de sua esposa e eventuais descendentes, cujos nomes, no feliz acaso de alguém no-los informar em tempo hábil, faremos constar do nosso livro.

b) João Batista Justo. Também conhecido por “seo” Joanin Justo, esse pioneiro do ramo de papelaria (nome dado aos estabelecimentos mais voltados ao comércio de materiais escolares), foi pessoa de bastante notoriedade na cidade, nos anos objeto desta listagem. Todavia, como aqui nos cingimos a assunto específico, deixamos as demais atuações do “seo” Justo, a serem abordadas no momento adequado. No ramo “papelaria”, o estabelecimento de João Batista Justo ficava na parte bem central da Avenida Bandeirantes, nas duas portas entre onde hoje estão o Lojão do Queima e a Malú Cosméticos. Inaugurada bem depois da Empresa Gráfica O Bandeirante, a livraria e papelaria de João Batista Justo era das mais completas entre as existentes em Cambará e Cornélio Procópio, e os seu atendimento ficava a cargo dele e das filhas Terezinha de Jesus e Iracy Helena. O pioneiro João Batista Justo foi casado com dona Virgínia Merchiore Justo e o casal teve os filhos Laércio, Laydner Alcídio, Lydia Ângela, Sérgio Nicolau, Osvaldo Rineu, Terezinha de Jesus, Demétrio Laino e Iracy Helena.

c) Armando Marcondes. Tio do Rolando Marcondes Filho (da Casa dos Vidros), este pioneiro foi estabelecido à Avenida Bandeirantes, onde hoje é a loja Calçados Trindade. Solteiro até o final dos seus dias, Armando Marcondes, conquanto gozasse de alta estima, sobretudo com os estudantes, era muito discreto e contava apenas com um pulmão, posto que o outro lhe foi retirado em consequência de uma pneumonia que o acometeu ainda em sua juventude.

Continua…

* Walter de Oliveira, 90, articulista desta Folha, é bandeirantense, nascido em 1932

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