Primeira sede da Prefeitura Municipal, na Av. Bandeirantes (onde é hoje a Cacau Show). Na foto, Eurípedes Rodrigues com alguns integrantes da comunidade e funcionários municipais

Os Fatos Pós-Emancipação Política

Walter de Oliveira

Os fragmentos históricos de sábado passado desta Folha abordaram os últimos acontecimentos que precederam a sanção da lei que criou o nosso município, já à época – novembro de 1934 – uma comunidade das mais pujantes e promissoras, como o demonstrou a extensa reportagem de Ozório Nogueira, publicada na Gazeta do Povo/Curitiba, em 20 de junho daquele ano. Se assim não fosse, a emancipação política de Bandeirantes não teria se dado tão celeremente, ou seja, menos de … anos do início do povoado surgido no entorno da nossa estação ferroviária, inaugurada em junho de 1930.

A partir do dia em que o município foi criado – 14 de novembro de 1934 –, contavam os mais antigos, os bandeirantenses passaram a viver sob a emoção e sensação que sente toda pessoa sujeita ou subordinada a algo ou a outrem e que, de repente, se vê livre e liberto daquele jugo ou tutela. Sim, de tutelados era, então, a nossa situação, eis que vivíamos sujeitos às leis, normas e ditames emanados da Prefeitura Municipal de Jacarezinho, da qual, até ali, Bandeirantes era parte do seu território. Aquele dia – 14 de novembro de 1934 –, que marcou o início da nossa independência e autonomia política, marcou também o início não apenas de uma, senão de muitas e renhidas lutas e embates, os quais, não sendo estanques, fizeram parte do dia-a-dia dos nossos conterrâneos de então, fazem parte do nosso cotidiano e de igual modo, acontecerá com as gerações que nos sucederão. Sancionada a autonomia política da nossa comunidade, as lideranças de então se voltaram para as tratativas e diligências visando ao estabelecimento das condições políticas capazes de aplainar e pavimentar os caminhos que levariam o município ao futuro de êxito e realizações que todos almejavam.

Como dito no artigo anterior, a instalação do nosso município aconteceu em 05 de janeiro de 1935, ou seja, cinquenta e três dias após a sua criação, e nesse dia, 05 de janeiro, foi empossado no cargo de prefeito o engenheiro civil Rafael Antonacci, nomeado para a função pelo Interventor Federal Manoel Ribas, eis que o país vivia sob o regime da ditadura Vargas. Sobre as principais realizações de Antonacci, que permaneceu no cargo até 02 de março de 1936, o autor relatará – assim como de todos quantos o sucederam nesse importante cargo, inclusive o atual prefeito Jaelson Ramalho Matta – no livro de resgate da nossa história, com lançamento previsto para 14 de novembro de 2022, data comemorativa dos 88 anos de criação do município. Depois de Rafael Antonacci, Bandeirantes teve mais oito prefeitos nomeados, a saber: Domingos A. Macedo Soares Pereira (dezembro de 1941 a abril de 1943), Edgar Camargo (de abril a outubro de 1943), José Assumpção (de outubro de a943 a maio de 1945), José Gomes de Figueiredo – em cuja fazenda o autor trabalhou, em criança (de maio a novembro de 1945), Cezar Botarelli Netto (de novembro de 1945 a fevereiro de 1946), Agenor Ferreira dos Santos (de março a outubro de 1946), Antenor Moretti (de outubro de 1946 a fevereiro de 1947) e Ozório Gonçalves Nogueira (de março a dezembro de 1947).

O leitor mais atento vai acusar o hiato de tempo, acima não mencionado, e que medeou entre as administrações de Rafael Antonacci (de março de 1936 a dezembro de 1941) e Domingos A. Macedo (que assumiu em dezembro de 1941). Esse hiato de tempo, cinco anos e onze meses, o mais longo e ininterrupto mandato de um prefeito do nosso município – é, e possivelmente sê-lo-á sempre – recorde insuperável de Eurípedes Mesquita Rodrigues, nosso mandatário naquele período, a cujo histórico fato deve-se acrescentar um detalhe dos mais relevantes para uma época em que os prefeitos eram nomeados: Eurípedes foi eleito por sufrágio das urnas, em pleno regime ditatorial. O fato, na modesta opinião do autor, um exemplo dos mais emblemáticos do respeito e apego à democracia demonstrados por aqueles bandeirantenses, já estava relegado ao esquecimento, não fosse a pesquisa realizada no ano de 1975, pelos seguintes alunos do Curso de Redator Auxiliar da Escola Integrada Estadual de Ensino de 1º e 2º Graus de Bandeirantes: Isa Aparecida Arruda, Sônia Maria Palugan, Maria Mercy da Silva, Sônia Regina de Souza e Jorge Everaldo Marinho, auxiliados pelos estudantes Antônio Augusto da Silva, Ademar Hiroshi Higuchi, Ivone Nagode Soares, João Roberto Ferraz, Marcos José de Souza, Marcos Yokomizo e Rosana Moretti, sob a supervisão da professora Ana Maria Teixeira Ribeiro Bueno. O trabalho editorial que trouxe esta e outras interessantes informações sobre o nosso município intitulava-se “Bandeirantes, Sua Origem e Atualidades” e foi editado, como já referido, em 1975.

A curiosa e importante descoberta deveu-se a um artigo publicado em 22 de janeiro de 1949, no semanário “O Bandeirante”, fundado pelos baianos Dr. Yves de Oliveira Ribeiro, Marcelo Tosca e o gaúcho Werbi Geão, cujo assunto ali tratado, o leitor interessado em conhecer a nossa história, sabê-lo-á lendo os “Fragmentos” da edição da Folha na próxima quarta-feira.

(… continua)

NOTA: A partir desta edição, os “Fragmentos da Nossa História” passam a ser publicados na edição das quartas-feiras da Folha do Norte Paranaense.

* Walter de Oliveira, 88, articulista desta Folha, é bandeirantense, nascido em 1932.

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