Pioneiro Moacyr Castanho (foto obtida através do Grupo Bandeirantes-Pr, no Facebook).

Os Pioneiros no Povoado (De 1930/1950)

Quinquagésima Primeira Parte

Walter de Oliveira*

De volta aos nossos fragmentos semanais, continuaremos com a listagem dos pioneiros do povoado e da estação, nos anos de 1930/1950, quando os focados são aqueles que se dedicavam ao ramo das lojas de tecidos e armarinhos. Antes, porém, e em atenção à interrogação de um leitor – e supomos seja também a de tantos outros – cumpre-nos voltar a explicar o porque desses fragmentos tanto se aterem à listagem dos nossos pioneiros.

Embora já tenhamos anteriormente dado a razão de tais realces, não nos pesa fazê-lo uma vez mais, pois quem viveu e passou por tudo o que os nossos pioneiros viveram e passaram, justifica plenamente essa reiteração. É mister que a nossa história, se outra homenagem não lhes tribute, ao menos faça menção dos nomes daqueles que ousaram, num passado bem distante, enfrentar a hostilidade então reinante nesta região, conhecida apenas e tão somente por aqueles intrépidos e destemidos que escreveram as primeiras páginas da saga que hoje nos propomos resgatar. De forma que, a listagem que ora fazemos, nada mais é que um mínimo e singelo reconhecimento homenagem às centenas de corajosos e devotados homens e mulheres que fizeram as primeiras “semeaduras” nesta dadivosa terra em que hoje vivemos. Dito isto, voltamos aos nossos pioneiros.

j) José Teixeira, dono da Casa Estrela. A loja desse pioneiro português ficava à altura de onde hoje está a loja Cacau Show. Como todo bom lusitano, o pioneiro Teixeira, um homem de robusta compleição física, se caracterizava por sua postura austera e sóbria, mas que em nada empanava a sua maneira afável e cativante de tratar a quantos o procuravam – clientes ou não. Após vários anos nessa lida, o pioneiro José Teixeira encerrou suas atividades e mudou-se para a cidade de Cambará. Ele foi casado com dona Maria Madalena Teixeira e o casal teve os filhos Jayr, Odete e Ademir, sendo que do primeiro fomos colega no curso de admissão ao ginásio e na primeira série ginasial.

k) Moacyr Castanho. Desse pioneiro muito há para ser dito, dado à relevância que ele teve na história de Bandeirantes. Todavia, sobre isso falaremos em capítulo específico do nosso livro, porquanto hoje falaremos do pioneiro comerciante de tecidos e armarinhos. Sua loja – Bazar Nossa Senhora Apparecida (era essa a grafia de então) – situava-se à Avenida Bandeirantes, na esquina com a atual Prefeito José Mário Junqueira (antiga rua Quintino Bocaiúva), no exato lugar em que se encontra a Loja Tecidos Castanho, de propriedade de seu primogênito, Moacyr Castanho Filho. Procedente de Itapetininga-SP, o pioneiro Moacyr Castanho aqui chegou quando o município estava no seu quarto ano de criação, ou seja, em 1938, e supomos que ele sequer imaginava do vínculo que criaria com uma comunidade, que semelhantemente a outras da região, “brotava” no seio da verdejante mata que cobria todo o norte paranaense. Pessoa que sabia portar-se habilmente em todo lugar e situação que se encontrasse, Moacyr Castanho foi se acercando de amigos que fazia a cada novo dia. Em pouco tempo ele já colhia os frutos advindos da sua forma se ser e agir, uma filosofia de vida que ainda hoje se reflete em sua posteridade. O pioneiro Moacyr Castanho foi casado com dona Maria Aparecida Castanho e o casal teve os filhos Cristina, Terezinha, Maria de Lourdes, Moacir (o popular Cir Castanho), Antônio, Roberto (o popular Zu), Vilma, Sílvio, Sônia, Fátima e Paulo.

l) Tufi Mathias e m) Felipe Mathias. Citamo-los juntamente, por serem irmãos e sócios no negócio que mantinham. A sua loja – Casa Mathias – situava-se na Avenida Bandeirantes, no mesmo lado da loja do pioneiro Castanho, na esquina onde hoje se acha a Sapataria Santana. De origem ou descendência sírio-libanesa, esses dois pioneiros honravam a fama de comerciantes da sua terra natal. Fazia gosto vê-los no trato com a sua freguesia, predominantemente feminina. A exemplo da loja do já citado pioneiro Abdu Alfatah Saleh (Casa Nacional), a Casa Mathias era também um ponto de encontro de vários amigos dos pioneiros Tufi e Felipe Mathias, e o destaque maior dentre esses amigos era o juiz de direito da comarca, Frederico Mattos Guedes. O pioneiro Tufi Mathias foi casado com dona Maria Aparecida Guerra Mathias e o casal teve os filhos Alda e José. O pioneiro Felipe Mathias era solteiro.

Pioneiro Delcides Constantino Miguel (foto cedida pela Loja Maçônica Estrela de Bandeirantes).

n) Delcides Constantino Miguel. Também de origem sírio-libanesa, esse pioneiro era estabelecido em local que não conseguimos apurar, mas que, sabendo, constará em nosso livro. Homem de muita fidalguia no agir e no trato com quantos lhe procurassem, Delcides Constantino Miguel era pessoa das mais benquistas e consideradas. Após muitos e bem-sucedidos anos de atuação no referido ramo, Delcides encerrou as suas atividades, mudando-se para Campo Mourão/Iretama, sendo que nesta última cidade ele fundou a empresa Termas de Jurema, ou Jurema Águas Quentes, das mais destacadas do sul do país. O pioneiro Delcides Constantino Miguel foi casado com dona Jurema Constantino Miguel e o casal teve os filhos Sérgio, Aparecida, Rui e Raquel. Ao findarmos, apresentamos nossos agradecimentos ao Hemerson Nishimura (Boyá), pelas valiosas informações que vem nos prestando, agradecimentos extensivos também ao Silmar Cordeiro de Souza, oficial do cartório de registro civil local.

Continua…

* Walter de Oliveira, 90, articulista desta Folha, é bandeirantense, nascido em 1932

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