Pioneiro Eurípedes Mesquita Rodrigues e sua esposa Anna Rosa Bonfim Rodrigues (foto obtida através do Grupo Bandeirantes-Pr, no Facebook)

Os Pioneiros no povoado (De 1930/1950)

Quinquagésima Segunda Parte

Walter de Oliveira*

Prosseguimos a listagem dos nossos pioneiros dos anos 1930/1950, nos primeiros tempos do povoado da estação e da cidade, por ramo de atividade. Como este trabalho segue a ordem alfabética constante do livro “O Município de Bandeirantes”, de Solano Medina (1950), hoje os nossos primeiros registros contemplam os pioneiros do ramo de “leite in natura”, ou seja, o leite que vem da ordenha da vaca direto para o consumidor, sem caixinha, sem aditivos de conservação e outros artificialismos. Frise-se ainda, que todos os outros pioneiros até aqui listados, eram, via de regra, moradores da cidade, enquanto que os de hoje, em sua maioria, residiam na região rural, onde estavam as pastagens e/ou estábulos, que garantiam a nutrição das matrizes leiteiras.

É preciso ainda lembrar, que há uma grande diferença, para maior, entre o número real desses pioneiros e aquele de que dispomos. Todavia, à expectativa da obtenção de outros nomes até a conclusão do nosso livro, ficamos, por hora, com os que dispomos, que são em número de sete apenas. Vamos então a esses pioneiros, que são:

a) Eurípedes Mesquita Rodrigues. Embora haja muito o que dizer sobre esse pioneiro (e que será dito em tópico próprio do nosso livro), aqui falaremos dele apenas como pioneiro no ramo de “leite in natura”. Residindo na Chácara Paraíso (área rural limítrofe à área urbana), grande parte do leite da ordenha, começada às quatro horas da manhã, a sua clientela ia buscar pessoalmente, e o restante, entregue de casa em casa, observados os padrões de higiene e a precisão do horário, detalhes esses que não constavam apenas da “cartilha” da Chácara Paraíso, mas também das cartilhas dos demais pioneiros que listaremos. Dos “retireiros” (nome dado aos ordenhadores das vacas leiteiras) que trabalharam para Eurípedes, o que mais se notabilizou foi o “seo” Severiano Eduardo, cuja esposa, dona Gertrudes, chamava-o de “Sibiriano”, conta-nos o professor Eurípedes Bonfim Rodrigues (Euri). Da alma generosa que era Eurípedes, dispensado lembrar o número de crianças, filhos de famílias pobres, que tinham na Chácara Paraíso a sua quota diária de leite, gratuita. Desse pioneiro fomos empregado em 1953, porém num ramo ainda por ser listado. O pioneiro Eurípedes Mesquita Rodrigues foi casado com dona Anna Rosa Bonfim Rodrigues e o casal teve os filhos Eudon Pedro, Euriana Rosita, Eurisa Rosana e Eurípedes Bonfim Rodrigues.

b) Juvenal Mesquita. Embora Medina haja listado em seu livro o nome de Mauro Conrado Mesquita como fornecedor de leite, este era na verdade o filho mais velho do pioneiro, e também o seu administrador e procurador. A possessão territorial de Juvenal Mesquita ia da barranca esquerda do Rio das Cinzas, à barranca direita do Rio Laranjinha. Também do Juvenal Mesquita como vulto emérito da cidade, nos ocuparemos em tópico próprio do nosso trabalho de resgate histórico. A herdade territorial de Juvenal Mesquita se dividia em várias seções; porém, a principal delas era a Fazenda Santa Rita, então separada da cidade pelo Ribeirão das Antas. Estava nesta fazenda a pastagem que nutria o rebanho leiteiro, cuja finalidade precípua era atender à demanda patronal e à das dezenas de famílias de empregados nas diversas áreas de atividade daquele imenso latifúndio; o remanescente era destinado à demanda da cidade. A administração da fazenda contava com a coadjuvação de Eduardo Serra e seu filho Natal (o então popular Nenê Serra). O pioneiro Juvenal Mesquita foi casado com dona Conceição Conrado Mesquita e o casal teve os filhos Mauro, Nicésio, o clérigo Moacir e Juvenal Mesquita Filho (o Juvenalzinho). Também teve filhas cujos nomes pô-los-emos quando da edição do nosso livro.

Pioneiro Ozório Gonçalves Nogueira (foto obtida através do Grupo Bandeirantes-Pr, no Facebook).

c) Ozório Gonçalves Nogueira. Desse pioneiro podemos falar com muita tranquilidade e o fazemos prazerosamente, pelo incomum, salutar e mesmo providencial relacionamento que com ele mantivemos, em diferentes épocas. Paulista natural de Pradópolis, esse poli pioneiro, listado agora entre os produtores de “leite in natura”, deixou a vida de professor da famosa faculdade Álvares Penteado, de São Paulo, para, em dezembro do longínquo ano de 1930, vir morar num povoado que levava o estranho nome de Invernada. Um povoado que ficava três quilômetros de uma estação ferroviária embrenhada na mata desta região, na qual ele e a sua jovem e bela esposa desembarcaram em 30 de setembro do dito ano, sessenta dias após a sua inauguração. O seu pioneirismo como produtor de “leite in natura” se daria seis anos depois, quando ele já abrira os sessenta e três alqueires de terras em mata, adquiridas do latifundiário Juvenal Mesquita e neles, além de ter plantado dezenas de milhares de pés de café, formara invernada apta a nutrir as suas vacas leiteiras. Estas, em períodos de lactação alternados, em seis meses de experiência, já lhe garantiam o “caixa” para o custeio de manutenção de novas obras e de despesas eventuais, até a época da colheita do café.

Continua…

* Walter de Oliveira, 90, articulista desta Folha, é bandeirantense, nascido em 1932

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