Você se lembra de quando o Ayrton Senna morreu? O que você estava fazendo? O que sentiu quando ficou sabendo da notícia sobre a morte dele? Eu me lembro que estava em Piracicaba assistindo a um jogo de softball e que num primeiro momento fiquei incrédula. Depois fiquei muito triste. Foi uma comoção mundial. Mas não me lembro da última vez que fui ao shopping, de quem me atendeu, e nem de quais lojas entrei.
Por esses dois exemplos deu para perceber sobre a importância do estado emocional em cada acontecimento, para a aquisição da memória. Coisas sem significado afetivo e emocional passam batidas. O cérebro armazena coisas que tem valor para nós. Os estados de ânimo, as emoções, o nível de alerta, a ansiedade e o estresse afetam diretamente as memórias.
Se um aluno não gosta de uma matéria, isso gera muito estresse ou desatenção, o que dificulta formar memórias. E a ansiedade pode fazer o aluno esquecer tudo o que aprendeu logo após a aula. O cérebro interpreta o estresse como uma ameaça e uma série de reações instintivas de proteção começa a acontecer em caso de alguma emergência. Assim, fica mais difícil também evocar uma memória. Por isso, às vezes, dá um branco na hora da prova.
Quando nós registrarmos uma memória, não significa que ela seja um retrato fiel do acontecimento. Ela é o que nós entendemos sobre o que aconteceu. E as duas coisas são completamente diferentes. Sendo assim, nós não podemos confiar totalmente na nossa memória.
Em muitos julgamentos, quando uma testemunha é ouvida, muitas vezes ela entra em contradição quando questionada sobre certos acontecimentos. No momento que deu o depoimento pode ter falado uma coisa, e na hora que é questionada no julgamento, pode falar outra coisa completamente diferente, porque ela não tem o registro exato do que aconteceu, mas o que ela entendeu do que aconteceu. E sob pressão, ela pode ficar confusa, não se lembrar direito e pode até ser induzida a dar uma determinada resposta ou a entrar em contradição para verificar a veracidade do que está sendo falado.
No dia a dia, acostumamos contar sobre algo que aconteceu de forma que nos favoreça, caso tenha a ver conosco. É por isso que espalhar notícias por aí (fofocar) é muito perigoso, além de deselegante.
As coisas ficam distorcidas, completamente diferentes do que realmente aconteceu. E todos perdem. Às vezes, vidas são destruídas por esse motivo.
Então, vamos ter mais cuidado com o que vemos, ouvimos e falamos. A ciência comprova que a nossa memória não é tão confiável.
Cristie Ochiai
Apresentadora do Programa de TV na Web ConVida, Terapeuta em Constelações Familiares, Hipnose e Thetahealing