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De fato, é de uma tristeza sem tamanho pensar que em uma comunidade não existam espaços de referência da história local. O Museu (Casa da Memória), o Centro de Documentação Histórico, os patrimônios materiais e imateriais, além da valorização – com manutenção, investimento, socialização e políticas públicas – dos espaços arquitetônicos diversos que pavimentam a historicidade de um povo precisam ser preocupações importantes, pois são eles os referenciais de quem somos e de como nos construídos no espaço-tempo. Não tem como pensar no futuro sem olhar para o passado, seus atores, seus processos de formulação, suas lutas, esperança, ações e exemplo.

Neste sentido, a História Pública, objeto de reflexão no meu mestrado e doutorado, tem me provocado a direcionar uma ótica mais apurada sobre o contexto das políticas culturais que contemplam – ou não – a valorização do passado. A memória é objeto de transformações, já que ela mobiliza o estado do sujeito do sujeito ou território cultural. Como eu havia comentado, anteriormente, em outras edições, a história pública (que pressupõe circularidade e engajamento – de fatos e de atores), tem muitas moradas. O Museu é uma delas.

Valorizar este espaço e engajar a população a ser partícipe da construção, através de suas narrativas, experiências, produções, contributos, auxilia na pavimentação de um ecossistema comunicacional importante para a percepção e reflexão do passado, mas, também, para a reflexão e percepção da história do tempo presente, já que a história está em movimento.

O Museu de uma cidade não pode ser considerado/compreendido como um espaço “morto”, como já ouvi, inclusive, de gestores públicos/políticos (triste); portanto, não passível de prioridade no investimento público. Este é um erro grotesco de quem não entende de políticas culturais e não respeita a essência da própria história coletiva. Segundo: a Cultura salva, liberta, emancipa, aloca-se em ambientes de transformação, justamente por levar os atores à sensibilidade, empatia, alteridade, compreensão do passado, mobilização da esperança, protagonismos e engajamentos comunitários. Portanto, o Museu e outros equipamentos culturais que narram História Pública são espaços que transborda vida. Até o nosso próximo encontro.

Tiago Silvio Dedoné
Mestre em Formação de Gestores Educacionais; Jornalista e Pedagogo; Doutorando em Educação (PUC/PR); Doutorando em História (UPF/RS); Mestrando em História Pública (UNESPAR); Professor na Educação Básica (Colégio ECEL) e no Ensino Superior (Faculdade Dom Bosco)

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