É um desafio conceituar arte. Para uns, uma expressão comunicativa, embalada em uma produção subjetiva de sentidos; para outros, um produto seriado, com foco em mercantilizar uma ótica sobre o mundo. Para os humanos do período rupestre, era um motivo para registros memoriais e ritualísticos; da mesma forma, para populações como a indígena que vê na expressão artística – visual, musical, da expressão do corpo – , um poderoso e complexo manifesto ritualístico. A arte também é uma expressão instrumental do tempo, já que narra os fenômenos em formas criativas, de imaginação e de muita sensibilidade, podendo abranger uma ampla gama de formas, estilos, suportes e mídias.
Arte é texto, na medida em que suas representações – individuais e coletivas – expressam escritas da historicidade, especialmente no campo da história pública, já que muitas destas expressões pressupõem circularidade. Artte é registro da culturalidade, identidade, da representação social, podendo ainda ser substrato da experiência. Mas, também ressaltar que arte é política – em múltiplas significações -. Uma delas, é o poder de engendrar práticas e processos que apresentem criticidades e pavimentam mudanças sociais. Um exemplo disso é a arte sendo utilizada como mecanismo sensível de comunicação comunitária. Outro exemplo, a arte como políticas de intervenção em áreas como saúde, educação, segurança pública, meio ambiente, e outras. Não é a toa que muitos locais não valorizam a cultura, já que ela pode ser questionadora e problematizadora sobre os assuntos do tempo histórico. Entendê-la como alternativa de emancipação, é importante, para democratizar a arte e gerar uma cultura de sentidos sociais. Até o próximo encontro.
Tiago Silvio Dedoné
Mestre em Formação de Gestores Educacionais; Jornalista e Pedagogo; Doutorando em Educação (PUC/PR); Doutorando em História (UPF/RS); Mestrando em História Pública (UNESPAR); Professor na Educação Básica (Colégio ECEL) e no Ensino Superior (Faculdade Dom Bosco)