Fizeram um experimento com estudantes do Seminário de Teologia Princeton, onde foram divididos dois grupos: ambos deveriam fazer um sermão para serem avaliados. A um grupo foi dada a parábola do bom samaritano (um homem que parou para ajudar um estranho necessitado, na estrada que estava percorrendo) e ao outro grupo, outras parábolas. Eles deveriam dar este sermão num outro local. No caminho para o local, eles passaram por um senhor, que estava gemendo com dor.
O experimento era para saber se os estudantes que iam falar sobre a parábola do bom samaritano, teriam mais empatia e ajudariam o senhor necessitado.
Não fez a menor diferença. O que importava era sob quanto tempo de pressão eles estavam. E assim parece ser com as nossas vidas.
Há um espectro entre notar uma pessoa, conectar-se com ela e sentir empatia e entender o que está acontecendo com ela, saber se ela precisa de algo, se há algo que possamos fazer, sentir compaixão e talvez ajuda-la. Mas se não a notarmos, nada dessas coisas citadas vão acontecer.
Esse é o problema com a atenção, hoje. Ela está bloqueada.
Em qualquer lugar público que vamos, reparem quantas pessoas estão olhando para os aparelhos eletrônicos, alheias ao que está acontecendo em volta, e o que é pior, alheias aos respectivos parceiros ou amigos com os quais estão.
Nos falta atenção também quando trocamos mensagens pelo celular, enquanto estamos dirigindo. Isso equivale a dirigir embriagado, tamanho o comprometimento que causa à atenção.
E tudo é feito para nos desviar do que estamos fazendo.
Observem quando abrirem um site, em busca de alguma informação. Até que você chegue ao que realmente foi buscar, dezenas de imagens desviam a atenção, com o intuito de te vender algo. E a forma de te vender, é mostrando que você não tem esse “algo” e que se tiver, vai ser mais feliz.
É assim que a nossa atenção é roubada a todo momento. O excesso de informação nos deixa pobres de atenção.
E uma das piores coisas que podem acontecer, é sair com alguém para um jantar, um encontro de negócios, e a pessoa ficar mexendo no celular o tempo todo, te ignorando. Além de ser deselegante, a mensagem subliminar é: “Você não é importante”.
Há 3 elementos importantes para criar uma relação com alguém:
– Atenção plena mútua.
– Sincronia não-verbal onde um espelha o gesto do outro, mostrando conexão. Os corpos parecem estar em uma coreografia sincronizada.
– Sensação de bem-estar.
O que quer que você esteja fazendo, quando estiver com alguém, esqueça o celular ou qualquer outro aparelho eletrônico, pare de divagar e preste total atenção à pessoa que está à sua frente.
A atenção se tornou uma mercadoria rara e valiosa. Podemos inclusive ter pistas sobre como andam os relacionamentos entre os casais, observando como a atenção ocupa o seu lugar na interação entre eles.
Há dois tipos de distrações que nos tiram a atenção: as sensoriais (ex. um objeto)  e as emocionais (nossas preocupações, pensamentos, etc). As distrações emocionais são as piores e mais difíceis de controlar. Quando conversamos, às vezes divagamos, mesmo quando estamos pensando sobre o assunto em questão. Quando lemos, nossa mente divaga de 20 a 40% do tempo. Claro que depende muito do livro. Alguns nos prendem tanto a atenção que nos esquecemos do mundo.
Quando temos muitas coisas para fazer, pouco tempo, pouco apoio e estamos aborrecidos, e os hormônios do estresse estão altos, não dá para pensar em outra coisa a não ser no que está nos estressando. Esse é o poder das emoções. As emoções guiam a nossa atenção.
Pessoas desmotivadas também não conseguem ter atenção plena, se sentem desmotivadas e não engajadas. Esse é um grande problema no âmbito profissional, mas também no pessoal.
Foi feita uma pesquisa em Harvard onde o celular tocava aleatoriamente e a pessoa tinha que anotar o que estava fazendo e no que estava pensando. 50% das vezes a pessoa estava divagando. E a atividade onde ela estava mais focada, era quando estava tendo relações sexuais.
Um outro elemento envolvido na atenção a alguém, é a empatia. Os melhores líderes têm essa característica. Eles prestam atenção nas necessidades das pessoas, colocam-se no lugar delas, tentam ver o ponto de vista delas, sob a ótica delas.
Deu pra perceber que hoje, prestar atenção a algo ou alguém, é um exercício e tanto, e exige disciplina e foco. E é somente assim que conseguiremos estabelecer melhores conexões, tanto pessoais como profissionais.

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