Vocês já ouviram falar sobre o Vale do Silício? É o lugar onde estão as maiores empresas de tecnologia do mundo, local dos criadores das tecnologias e apps (aplicativos) que fazem parte do nosso dia a dia.
Numa palestra do CVV (Centro de Valorização da Vida), foi mencionado que muitos desses empreendedores do Vale do Silício limitam o acesso dos filhos à tecnologia. Dentre eles, Steve Jobs, criador da Apple (que em 2011 admitiu esse uso restrito), Bill Gates da Microsoft, e Mark Zuckerberg do Facebook. Se esses gigantes da tecnologia não permitem que os filhos façam uso ilimitado de celulares, tablets e computadores, um sinal de alerta vermelho se acende, não é?
Isso não significa que a tecnologia deva ser banida da vida dos nossos filhos. Ela veio para facilitar as nossas vidas, para dar agilidade a muitos afazeres, e para nos auxiliar. Por outro lado, ela tem nos roubado muitas coisas e, com a nossa permissão e conivência.
Antes, a televisão funcionava como uma babá eletrônica para as crianças, mas ficava limitada ao uso doméstico.
E agora, com celulares e tablets? Em qualquer lugar que vamos, levamos essas babás eletrônicas. Se a criança começa a choramingar, logo colocamos um celular na mão dela para podermos continuar a nossa diversão. A criança fica por horas num transe hipnótico, absorvendo conteúdos que contribuem pouco para que elas se desenvolvam como pessoas seguras, afetuosas, autoconfiantes, altruístas.
Há muitas mensagens embutidas nesses ‘programinhas infantis’, sugestões de que a criança ‘precisa ter’ determinado produto porque assim ela vai ser mais feliz ou formas duvidosas de comportamento, que ela acaba absorvendo como ‘top’. As redes sociais acabam sendo uma espécie de termômetro de popularidade, influenciando diretamente na formação da autoestima das crianças e adolescentes. Caso alguma publicação não faça muito sucesso, isso significa que ela ‘flopou’ e com isso, a criança entende que as pessoas não gostam dela.
Uma criança/adolescente não tem maturidade para entender os perigos às quais ela exposta com o uso ilimitado e sem critérios da tecnologia. Isso pode afetar o processo de aprendizagem das crianças e a autoestima delas.
Há muitas informações disponíveis, mas o processo de aprendizagem não acontece somente olhando para uma tela. É preciso estimular os sentidos, as capacidades humanas de uma forma holística, fazer, construir coisas e acima de tudo, aprender a arte do relacionamento (empatia, atenção plena, conversas olhando nos olhos, presença).
Um exemplo que me chocou de forma negativa foi a de um adolescente que passou 55 horas ininterruptas participando de um jogo online. Ele comia na frente do computador e, pasmem, fazia o número 2 na cueca (com uma mão ainda no controle e continuava jogando e com a outra ele trocava de cueca). Não preciso nem dizer que, nós adultos, é que somos responsáveis por essa situação ter chegado a esse ponto.
É preciso acordar e fazer algo por essas crianças. Voltar a olhar para elas, brincar, conversar. Estamos muito preguiçosos e irresponsáveis.
Será que vale a pena correr o risco de perder as nossas crianças por negligência e omissão? Vale lembrar que o índice mais alto de suicídio está entre os adolescentes e jovens.
Cristie Ochiai
Apresentadora do Programa de TV na Web ConVida, Terapeuta em Constelações Familiares, Hipnose e Thetahealing