Maria chegou no meu consultório, com a respiração rasa. Havia dor nos olhos dela. E quando perguntei o porquê de ela ter me procurado (para quem não sabe, trabalho como terapeuta), disse-me: “Eu já não me reconheço. Eu era uma pessoa alegre, cheia de vida…”
Essa é uma queixa muito comum, que eu ouço com frequência. As pessoas procuram a terapia por ter chegado em um ponto em que estão perdidas de si mesmas. Isso acontece por motivos diversos.

Algumas pessoas dedicaram a vida a cuidar dos filhos e quando eles batem asas, sentem-se desorientadas, como se não tivessem mais um propósito de vida.  Outras, dedicaram a vida ao cônjuge e quando este, parte para a pátria espiritual, ficam totalmente perdidas. Nestes casos, não é raro que o cônjuge que ficou, acabe falecendo logo após.
Nestes casos, a referência que a pessoa tem de si mesma está totalmente vinculada ao papel que exercem: de pai, mãe, marido e mulher. Daí, quando esse papel não pode mais ser exercido da forma que era, a pessoa pode ficar sem a referência de si mesma.
A ênfase que eu quero dar aqui, é àquelas pessoas que estão entristecidas porque, para se encaixar num modelo idealizado por outras pessoas, acabaram se perdendo de si mesmas, até que não se reconhecem mais. E com uma saudade triste, olham para trás, para a pessoa que foram um dia, muitas vezes com arrependimento por terem se deixado de lado.
Para atender expectativas de outras pessoas, para se sentirem aceitas, assumem um papel e deixam de lado os próprios ideais e sonhos.

E quase todas as pessoas choram ao constatar isso. É necessário haver um equilíbrio entre essas funções e papéis que exercemos na vida, e o autocuidado para que num determinado ponto da nossa vida, se essas funções mudarem, possamos ter outras referências de nós mesmos.
Muitas pessoas se esquecem até do que gostam, dos sonhos que tinham quando mais novos.

Quando foi a última vez que você fez algo por si mesmo? Isso não é egoísmo. Isso é autocuidado, é amor próprio.
Pense sobre isso, sobre a referência que tem de si mesmo e se essa referência tem a ver com a função ou o papel que você exerce. Pense com carinho para que um dia você não venha a sentir saudades de si mesmo com tristeza, como se aquela pessoa não existisse mais.

Cristie Ochiai

Apresentadora do Programa de TV na Web ConVida, Terapeuta em Constelações Familiares, Hipnose e Thetahealing

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui