A solidão parece uma epidemia na nossa sociedade e vem crescendo nos últimos tempos. A solidão é aquela sensação de estar menos conectados às pessoas do que gostaríamos. É bem diferente do isolamento.
Eu posso me isolar, por escolha própria e me sentir bem com isso. Ou posso me sentir mal, mesmo estando no meio de muitas pessoas. Algumas pessoas se sentem bem, estando sozinhas no topo de uma montanha ou sentem solidão dentro de um casamento.
Alguns estudos mostram que aproximadamente 60% das pessoas se sentem solitárias na maior parte do tempo. E a faixa etária que se sente mais solitária é entre 18 e 24 anos e também, os adultos mais idosos, por perderem amigos e cônjuges. Mas a solidão está presente em todas as faixas etárias, independentemente do rendimento financeiro, em qualquer lugar do mundo.
E existem vários fatores que influenciam nesse aumento, que iniciou-se há pelo menos 70 anos.
Um dos fatores é o deslocamento social. Nós nos tornamos uma sociedade mais móvel. Muitas pessoas se mudam de um lugar para outro em busca de novas oportunidades, conhecimento, trabalho, afastando-se da família e amigos. No início essa busca pode ser interessante, tudo é novidade, mas isso nos afasta do nosso sistema de pertencimento, das nossas referências de base, tendo que passar a vida criando novos laços.
Com a invenção da televisão as pessoas passaram a sair menos e agora com o celular, dá para perceber como as pessoas estão cada vez mais isoladas. Os aplicativos são programados para deter a nossa atenção. Tudo isso contribui para a crescente desconexão entre as pessoas e a solidão.
Sabemos que as pessoas que tem laços sociais mais fortes tem menor probabilidade de morrer em qualquer idade. Já as pessoas que se sentem solitárias tem um aumento de 15% de probabilidade de morte precoce. A solidão é tão perigosa quanto fumar meio maço de cigarros por dia. E pessoas que se sentem solitárias no final da vida apresentam um declínio cerebral mais rápido. O estresse decorrente da solidão pode afetar significativamente o envelhecimento do nosso cérebro. Esse cenário pode mudar se investirmos nas nossas relações com outras pessoas.
Um estudo de Harvard, que eu já citei aqui, mostrou que para as pessoas, o segredo da felicidade é ter bons relacionamentos. Então, vale a pena deixar a preguiça de lado, sair com amigos para conversar, rir, conviver mais com a família, se ela não for a sua fonte de estresse. E não são somente as pessoas próximas que nos fazem sentir mais conectados. Pode ser a pessoa que entrega as encomendas, a pessoa que te atende no mercado. Esses encontros casuais com um pouco mais de atenção nos fazem ter um sentimento de pertencimento e isso é muito importante para nós. Todos nós queremos sentir que pertencemos aos grupos. Isso afeta positivamente a nossa saúde, pois diminui o sentimento de solidão.
Pessoas solitárias às vezes pensam que as outras pessoas não querem estar ao lado delas, mas muitas vezes passam uma mensagem não-verbal de que não querem ser abordadas. É necessário fazer um esforço para se abrir para os relacionamentos, seja de qual natureza for.
A nossa saúde vai agradecer.
Cristie Ochiai
Apresentadora do Programa de TV na Web ConVida, Terapeuta em Constelações Familiares, Hipnose e Thetahealing