Numa conversa com Deus, em resposta a uma indagação, essa foi a resposta que obtive: “Nem tudo que é bom, é bom para todo mundo”. E essa frase tem ecoado na minha mente me fazendo refletir sobre diversas situações.
Parece-me uma frase tão óbvia, mas geralmente não temos tanta consciência dela quando nos deparamos com pessoas que pensam diferentemente de nós, com outras crenças, culturas e histórico familiar. Nós as julgamos como erradas ou inadequadas, como se tudo tivesse que ser classificado de forma cartesiana: Isso é certo, isso é errado. Isso é bom, isso é mal. Certo para quem? Errado para quem? Bom para quem? Errado para quem?

Quando entendemos que toda opinião é uma visão carregada de história pessoal, compreendemos que o julgamento é uma confissão. Leia novamente a última frase e reflita sobre ela.
Nós julgamos os outros de acordo com a nossa história pessoal, nossas experiências, nossa educação, cultura e religião. Nós julgamos mais do que gostaríamos. Talvez até o façamos porque fomos “criados” assim. E ao ler o livro “Histórias lindas de morrer”, escrito pela médica Dra. Ana Cláudia Quintana Arantes, uma história me chamou a atenção, que se encaixa no tema da nossa conversa de hoje.
Dra. Ana Cláudia é especialista em cuidados paliativos e ajudou a fundar a Casa do Cuidar, uma organização social que presta assistência integral para pacientes e familiares que estejam diante de uma doença grave que ameace a continuidade da vida. Ou seja, quando já se esgotaram todos os recursos médicos para a cura e a continuidade da vida, pacientes são levados para esse local para serem acolhidos com amor e receber cuidados paliativos até que chegue a hora da passagem, da morte.

E a história que me chamou a atenção é sobre um paciente dela de 40 e poucos anos, casado e com um filho de 13 anos, com câncer já com metástase, que optou por não receber tratamento médico (quimioterapia), porque necessitaria receber transfusões de sangue. E a religião dele não permite esse tipo de procedimento. Para os profissionais que em sua formatura juraram que fariam de tudo para salvar um paciente, na maioria das vezes, é uma dura batalha tentar convencer o paciente e a família sobre a importância da transfusão. Aliás, batalha perdida. E vou explicar o porquê, de acordo com o que li neste livro:  “Para os seguidores desta fé, o sangue representa a vida e não pode se misturar ao de outro ser vivo, segundo interpretação de passagens do Velho e do Novo Testamento. Se receberem uma transfusão, estarão fisicamente vivos, porém sem alma. Além disso, seguirão por esta vida proibidos de entrar nos templos e de frequentar a comunidade que até então também era a deles, mas que deixou de ser no momento em que sua alma foi assassinada. Você toleraria uma morte social? Não? Nem eles”.

Inúmeras vezes nós achamos que os outros estão errados em seus pontos de vista e que o que pensamos, as nossas crenças, nossa religião e experiências, são as melhores. Melhores para quem? Para nós, apenas.
Falta-nos a disposição em conhecer um pouco melhor a realidade do outro, a história, a cultura, para entender porque ele pensa, sente e age daquela forma. Falta-nos empatia, que gera a gentileza.
Pergunto a mim mesma: Será que estou sabendo me colocar no lugar do outro?

Cristie Ochiai 

Apresentadora do Programa de TV na Web ConVida, Terapeuta em Constelações Familiares, Hipnose e Thetahealing

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