Vou citar um pequeno exemplo fictício…
Um dia, o filho de 13 anos de uma mulher foi fazer fisioterapia às 10 horas da manhã, próximo à casa dele.
Ao voltar para casa, estava pálido, tremendo e contou para a mãe que tinha sido roubado.
A mãe, sem pensar, pegou a chave do carro, o celular e saiu rapidamente com o carro. Telefonou para um amigo policial e contou o ocorrido. Enquanto isso, dirigiu pelas ruas do bairro em busca do tal ladrão. O filho não se recordava da fisionomia dele, fruto do trauma que tinha sofrido. Só sabia que ele estava acompanhado de mais dois colegas.
Rodou pelas ruas do bairro até que se deparou com o rapaz, que ao vê-la, correu em direção oposta. Ela freou o carro, engatou a ré e correu atrás do rapaz, que estava sozinho (Imaginem a cena, um carro correndo atrás de alguém, de ré…).
Naquele momento, ela cruzou com um carro e gritou para o motorista que estava indo atrás de um ladrão. O motorista, em reação, começou a segui-la. O rapaz, percebendo que não ia conseguir fugir, parou e começou a tirar os objetos que tinha roubado, de dentro da jaqueta dele. A mãe, parou o carro e gritou: Encosta no muro e não se mexa porque eu estou armada! (Era mentira. Ela não tinha uma arma. Mas estava enfurecida…)
O motorista do outro carro também parou e ficou vigiando o rapaz enquanto a mãe ligava para a polícia, que chegou muito rapidamente.
Final da história: o rapaz era de uma família classe média, estudava numa escola particular do bairro, estava bem vestido e alegou que roubou porque tinha sido roubado também.
Aqui não vamos julgar nenhuma das situações, nem a da mãe e nem a do rapaz que praticou o crime.
O que sabemos é que ela tomou uma decisão não racional, automática, diante da situação que ameaçou o próprio filho, uma leoa defendendo a cria.
E se o rapaz estivesse armado? E se ele fosse violento?
Será que ela teve tempo de perceber que ele não estava armado e que estava talvez, mais assustado que o filho dela?
O pensamento racional é lento. Ele é usado quando aprendemos coisas novas, por exemplo. Se eu aprendo a jogar xadrez, no início eu preciso pensar muito para saber quais movimentos fazer para ganhar o jogo. Somente depois de jogar muitas vezes é que os movimentos podem ser feitos automaticamente.
Quase 95% das nossas decisões são tomadas automaticamente, sem pensar, com base nas informações que o nosso corpo tem, a partir do sistema reticular límbico, onde estão as nossas emoções, nossas crenças, traumas, padrões, experiências.
Qual a importância de saber disso?
Às vezes temos comportamentos e atitudes que não nos são muito favoráveis. Às vezes, até mesmo somos nossos próprios sabotadores.
Para o nosso próprio bem-estar, é importante conhecer as nossas crenças, investigar os nossos traumas, nossas experiências e saber que tipos de emoções embasam os nossos comportamentos. Essas crenças, experiências, padrões formam o nosso mapa mental que nos servirá de guia para navegar pela realidade. Mas o mapa não é o território. O que vemos não significa que corresponde à realidade. É uma interpretação que fazemos dela. É por isso que, por exemplo, podemos ter medos imaginários como numa fobia. É um medo irreal.
Ter consciência de que esse nosso mapa mental nos guia, e principalmente conhece-lo, pode nos assegurar tomadas de decisões mais assertivas em todas as áreas das nossas vidas.