Dias atrás já abordei o tema “julgamento” e os perigos que ele envolve.
Talvez valha a pena refletir um pouco mais sobre o que o julgamento envolve.
Antes, vamos conhecer um pouquinho sobre o que é o pensamento linear cartesiano (Nossa, isso deve ser complicado! Nem tanto…) e o pensamento sistêmico complexo (Ih, isso deve ser mais complicado ainda!).
A maioria de nós foi educada tendo como base o pensamento cartesiano, onde encaixamos tudo em certo/errado, bom/mau. E que para entender o todo, precisamos analisar as partes. Quase tudo que nós vemos, passa por esse filtro, desde pequenos.
Lembram que quando pequenos (e adultos também), ouvíamos das pessoas: “Não faça isso! É errado! Seja um bom menino!”
Certo, essas construções servem para que consigamos viver com um mínimo de organização social, ainda que o certo e errado, bom e mau, tenha diferentes nuances culturais.
Tentem dirigir na Inglaterra, como dirigimos no Brasil. Provavelmente não passaremos da primeira equina sem bater em algum carro, pois lá, os carros andam à esquerda da rua.
Porém, essas construções, crenças, paradigmas são filtros que nos pertencem e estão no subconsciente.
Nós pensamos que somos racionais, mas mais de 90% das nossas decisões são tomadas sem racionalizar, automaticamente.
Vamos fazer um teste. Na pergunta a seguir, tentem dar a resposta sem pensar.
Um bastão e uma bola custam R$ 1,10.
O bastão custa 1 real a mais que a bola.
Quanto custa a bola?
Um número deve ter vindo à sua cabeça e provavelmente foi 10 centavos. Pois é, esse problema simples nos leva a uma resposta intuitiva, atraente e errada. É só fazer as contas. Se a bola custasse 10 centavos, o total seria 1,20. Para custar 1 real a mais, o bastão precisa custar 1,05 e a bola 0,5.
Esse exemplo simples foi somente para mostrar que geralmente as nossas decisões são tomadas rapidamente, de forma automática e gastando pouca energia. E o pensamento racional é lento.
Se mais de 90% das vezes nós nos decidimos automaticamente, sem “pensar muito”, essas decisões são puramente baseadas nas nossas crenças, valores, paradigmas, intuição. Isso tudo é um “mapa mental” que nós temos, para nos guiar pela vida. Mas isso não significa que esse mapa seja a representação verdadeira do território, ou seja, o que vemos como a realidade, não significa que seja real. Pode ser fruto das nossas crenças, que nem sempre são reais.
É por isso que, sendo criados nesse pensamento cartesiano, nos tornamos “julgadores”. E já deu para perceber o quanto podemos estar equivocados nos nossos julgamentos.
O pensamento sistêmico complexo, ao ver uma situação, não foca na pessoa. A visão é ampla, observando o contexto, histórico, valores, crenças para entender o que leva uma situação (ou pessoa) a ser do jeito que é. São muitas variáveis que precisam ser analisadas, para poder entender uma situação ou uma pessoa.
Nossos “filtros” ou lentes que usamos para ver o mundo, não são iguais aos das outras pessoas.
Se começarmos a ter essa visão mais ampla, talvez tenhamos a capacidade de ser mais empáticos para entender que cada pessoa é do jeito que é, e está tudo bem assim.

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